Feira do mercado erótico discute aproximação do setor entre Brasil e Portugal

Por Igor Lopes

O Rio de Janeiro recebeu, de 4 a 9 de setembro, mais uma edição da Sexy Fair, conhecida como a maior feira erótica da América Latina, no Centro de Convenções SulAmerica, no Centro da cidade.

Além das atrações disponíveis, foi possível conhecer as tendências e os números que envolvem o mercado erótico Brasil. Esta edição ficou marcada pela discussão em relação à aproximação de profissionais desse mercado no Brasil e em Portugal.

Segundo Paula Aguiar, ex-presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (ABEME) e atuante há 18 anos no mercado erótico brasileiro, Portugal precisa descobrir as potencialidades desse mercado. Esta responsável está estudando a possibilidade de investir na Europa.

“O que percebemos é que o empresário português vive ainda como o empresário brasileiro vivia há 15 anos, acreditando que Sex-Shop é exclusivo para homens, e não é. O dia em que Portugal, o empresário português e as empresárias começarem a se abrir para a importância do produto como assessório e ferramenta para a saúde sexual do casal, o mercado vai crescer. Mas, para isso, é necessário mudar essa mentalidade, quebrar preconceitos e tabus, como aconteceu no Brasil. E isso depende muito de que educadores sexuais e sexólogos se envolvam e sejam parceiros efetivos do mercado em Portugal”, defende Paula.

Segundo esta especialista, que atua como pesquisadora e tem 15 livros publicados, o importante é mostrar à sociedade portuguesa que esse é um mercado sério.

“Em Portugal estamos apostando, num primeiro momento, num canal de comunicação, de informação e de direcionamento para que os empresários e as pessoas ligadas ao setor possam perceber que informação sobre saúde e educação sexual pode caminhar junto com produtos, porque, na verdade, os produtos são ferramentas e assessórios de prazer, mas também de saúde sexual. E essa tendência precisa chegar a Portugal”, completa Paula.

Mercado brasileiro em alta

Dados da ABEME mostram que no Brasil o consumo de produtos eróticos continua em alta. Em 2014, havia um consumo de 8,5%, porém, para alcançar o consumo existente em países como EUA e Alemanha, é preciso crescer mais.

“As empresas brasileiras injetam investimentos como nunca antes, tanto nos setores de produção e lançamento de novos produtos quanto em estratégias de publicidade e exportação dos seus itens. No ano de 2014, foram lançados mais de 50 novos produtos com variedade de aromas, cores e em diversas categorias que vão desde cosmética, lingeries sensuais até vibradores mais elaborados em sua matéria prima, e que com funções diferenciadas veem crescendo em tecnologia. Não podemos esquecer que o setor é responsável pela geração de mais de 125 mil empregos no Brasil, direta ou indiretamente, sendo que as mulheres são as maiores beneficiárias desta boa performance, ocupando 80% das vagas, e com perfil diferenciado, de donas de casa até empresários, de operários das fábricas, costureiras a comerciantes em geral. Sem contar as minorias sexuais que encontram um campo sem preconceitos para o trabalho”, comenta a Associação.

E refere ainda que “a importação já divide com os produtos nacionais a preferência dos consumidores, com 47% dos itens comercializados nos pontos de venda. O produto brasileiro vem apresentando um crescimento significativo nas vendas ano após ano e, em 2011, superou pela primeira vez o comércio de importados. O potencial fabril, com mais de 50 empresas nacionais, tem a sua especialização em próteses com e sem vibradores, acessórios, vestuário sensual e muita cosmética. O maior fabricante de produtos eróticos brasileiro, a Hot Flowers, com 3,5 milhões de itens por mês, comercializa desde cosméticos até vibradores coloridos e exporta para a América do Sul, África e Europa, tendo se firmado como uma das mais importantes do mundo”.

Transformação sexual

Na opinião de Paula Aguiar, é notório o desenvolvimento do setor no Brasil.

“Acredito sinceramente que houve uma evolução nos últimos 15 anos fora de série. Realmente trabalhamos hoje o empoderamento sexual e o empoderamento feminino. Há um respeito pelo trabalho do empresário do mercado erótico no Brasil, porque vimos na mulher a grande chave de crescimento no setor e soubemos separar a pornografia do erotismo como uma forma de crescimento no mercado. Hoje, todos os nossos negócios são voltados para a educação sexual e para a descoberta do prazer feminino. A sociedade caminhou junto conosco no sentido de transformação sexual da mulher brasileira. Hoje esse mercado é algo sério e rentável, como qualquer outro mercado. Vivemos quebrando tabus e preconceitos. Hoje as pessoas encaram o Sex-Shop como algo importante na sua vida sexual, prazeroso e também em nível de saúde pública”, realça Paula, que estima que o Brasil trabalhe com mais de um bilhão de reais em negócios por ano.

“Hoje, são 11 mil pontos de venda no Brasil, mais de 100 mil pessoas que, direta ou indiretamente, atuam no mercado erótico. Temos profissionais, educadores sexuais e sexólogos atuando junto com o setor na divulgação de produtos, temos a disposição do consumidor brasileiro 15 mil itens, principalmente voltados para o prazer da mulher ou do casal”, explica Paula Aguiar.

Certame lúdico e educativo

Segundo a organização, o objetivo da Sexy Fair é proporcionar “entretenimento, diversão e informação sobre a vida sexual, por meio de fórum de debates sobre temas atuais da nova sociedade em que vivemos e sobre os tipos de preconceitos com a imagem e a sexualidade das diversas minorias de classes da sociedade”.

“Com o conceito de ser erótica, mas não pornográfica, o evento atrai principalmente as mulheres e casais que poderão conhecer novos produtos, se divertem nas atrações, adquirem conhecimento nas palestras e terminam a noite se divertindo na Boate Sexy Fair”, comentam.

Os organizadores realçam que, na Feira, “o visitante pode participar das diversas brincadeiras e atrações como Stripper, Castelo do Fetiche, entre outros, além de poder se divertir na Boate Sexy Fair, com atrações musicais e os melhores DJ’S da cidade, sem falar no shows de Stand-Up, danças sensuais e palestras no palco principal, assim como conhecer novidades do mundo erótico com as melhores lojas especializadas em Sex-Shops do Brasil”.

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