Fátima ganhou todos os dias do ano com o Centenário das Aparições

Mundo Lusíada
Com Lusa

A Associação Empresarial Ourém/Fátima (ACISO) considerou que “Fátima ganhou todos os dias” com o Centenário das Aparições em 2017, marcado pela visita do papa Francisco e a canonização de Francisco e Jacinta Marto.

“Eu digo que Fátima ganhou todos os dias, porque muitas vezes nos dizem que ‘foi o ano do papa, como o papa foi aí isso deu uma visibilidade enorme a Fátima’. Isso é verdade”, afirmou o vice-presidente da ACISO Alexandre Marto, para sublinhar ser inegável o “impacto mediático extraordinário, principalmente junto do mundo católico”, da visita papal.

Em entrevista à Lusa, a propósito da peregrinação internacional de maio ao Santuário de Fátima no fim de semana, quando passam 101 anos sobre os acontecimentos na Cova da Iria, Alexandre Marto insistiu que “foi uma projeção absolutamente extraordinária que poucos ou nenhum evento tem no mundo”, mas ressalvou que “não foi apenas o 13 de maio, foram todos os dias” de 2017.

“Tivemos visitas não habituais de países que reforçaram as suas vindas, de peregrinações de dioceses longínquas que escolheram esse ano para vir cá, com a imprensa a dar uma importância a Fátima não apenas na presença do papa, mas durante o resto do ano”, exemplificou o dirigente que tem na ACISO o pelouro do Turismo, apontando ainda “produções de filmes, de livros, de programas de televisão, com imensas produções multimédia, em Portugal e também por todo o mundo, que permitiram que Fátima fosse falada” durante todo o ano.

E isso “tem um impacto da visibilidade da cidade e até do país que é brutal”, salientou o vice-presidente da ACISO, defendendo que “quando se fala da vinda do papa isso é redutor, do ponto de vista econômico é ainda mais redutor, porque não é uma noite em 365 noites, qualquer que seja o preço, que viabiliza ou torna as unidades hoteleiras muito rentáveis”.

Um ano volvido, o dirigente associativo considera que mudaram várias coisas em Fátima, como a requalificação do parque hoteleiro. “Não foi uma coisa que aconteceu num ano, mas foi muito alavancada pelo centenário. As unidades hoteleiras tiveram a percepção de que vinha um ano importante” e que “era importante terem uma qualidade mais forte dos serviços e do alojamento”, apontou.

Por outro lado, assinalou que mudou “a atitude das elites portuguesas para com Fátima”.

“Também não foi uma coisa rápida, mas foi uma coisa que acabou de ser selada com estes 100 anos. Havia muito um preconceito em relação ao turismo religioso, até em relação a Fátima, e a presença de tanta gente, a forma como o evento foi organizado, a popularidade deste papa, que é transversal desde as elites até às pessoas mais simples, transformou Fátima num ícone que é aceite por todos hoje”, declarou, para salientar ainda também a mudança na classe política.

Neste aspecto destacou o trabalho do ex-secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita Nunes e da atual, Ana Mendes Godinho.

“Mas com esta secretária de Estado observou-se, de fato, uma abertura enorme ao destino Fátima, no sentido de o apoiar como uma âncora que permite depois valorizar o resto do país”, notou, para acrescentar, ainda, a mudança, “mais discreta, mas visível, do posicionamento do próprio Santuário de Fátima”, com “novas ações”, desde o terço do centenário, exposições e conferências, que “tiveram um apogeu enorme em 2017”.

Para Alexandre Marto, no ano do centenário, a “única coisa que ficou por fazer” foi a requalificação urbana de três entradas de Fátima, de Aljustrel e de algumas zonas da cidade-santuário, “para mal essencialmente dos visitantes, mas também para mal da qualidade de vida de quem cá reside”.

Peregrinação 2018

Centenas de peregrinos já se encontram em Fátima para a peregrinação internacional aniversária de maio. Nos parques nas imediações do santuário já acampam fiéis e estacionam-se autocaravanas, mas ainda sobram muitos lugares, um contraste com a peregrinação de 12 e 13 de maio de 2017.

Acompanhado da mulher, o peregrino, de Vizela, distrito de Braga, chegou na segunda-feira de manhã a Fátima e espera regressar a casa no domingo, após as cerimônias religiosas. “Há um ano estava precisamente aqui”, no mesmo parque, relatou José Cunha, explicando que, apesar dos milhares de peregrinos e da confusão, conseguiu ver o papa Francisco duas vezes.

Depois de elencar os locais que vai percorrendo pela cidade por estes dias, José Cunha acrescentou que a mulher cumpre uma promessa, depois de ter visto ultrapassado um problema nos pés. “Milagre, coincidência, medicamentos?”, pergunta-se, saindo-lhe esta resposta imediatamente: “Não sei explicar”.

Não muito distante da autocaravana de José Cunha estava a de Manuel Mendes, de 64 anos, de Lousada, Porto, que à pergunta “onde estava a 13 de maio de 2017”, responde com um sorriso de grande satisfação: “Estava aqui, vi o papa, estive à beirinha dele”.

Sentado no interior de uma tenda, Américo Bonito Santos, peregrino de 69 anos da Póvoa do Varzim, distrito do Porto, adivinha a questão com a frase “também vi” o papa Francisco, como também viu os antecessores Bento XVI e João Paulo II em Fátima.

“Há 40 anos que nunca faltei a uma peregrinação de maio”, afiançou Américo Bonito Santos, na “casa” que tornou a montar para a peregrinação e onde manifestou à Lusa um carinho especial pelo papa João Paulo II, que peregrinou três vezes a Fátima.

Do sul, de Poceirão, distrito de Setúbal, o casal Rosália e Pascoal Marques chegou na quarta-feira a Fátima “para ficar até domingo”. “Fátima é Fátima”, afirmou Pascoal.

 

A peregrinação internacional aniversária de maio ao Santuário de Fátima, no distrito de Santarém, é presidida pelo cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, e tem como tema “Tempo de graça e misericórdia: dar graças pelo dom de Fátima”.

As cerimônias, 101 anos depois dos acontecimentos na Cova da Iria, começam às 18:30 de sábado, na Capelinha, e três horas mais tarde é recitado o terço, seguido da procissão das velas e missa. A peregrinação termina no domingo com missa, bênção dos doentes e procissão do adeus, a partir das 10:00.

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