Falece ex-primeira dama e Cavaco a lembra como “mulher de cultura e de causas”

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Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente português enviou em 07 de julho uma mensagem de condolências à família de Maria Barroso, que recorda como “uma mulher de cultura e de causas”, bem como “uma lutadora pela liberdade e democracia”. Maria de Jesus Barroso morreu hoje, aos 90 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internada em estado grave desde 26 de junho.

“Mulher de cultura e de causas, Maria de Jesus Barroso distinguiu-se, ao longo de décadas, como uma lutadora pela liberdade e pela democracia, antes e depois do 25 de Abril”, sublinha Aníbal Cavaco Silva, na mensagem divulgada pela Presidência da República.

O chefe de Estado recorda que Maria Barroso dedicou a sua vida “à cultura portuguesa, ao ensino, à pedagogia e às causas sociais a que esteve ligada, fazendo-o com exemplar sentido cívico, animada pela densidade da sua fé e pela convicção inabalável nos valores da dignidade da pessoa humana, da justiça social e do serviço ao bem comum”.

“O amor ao seu país e a dedicação à família constituíram referências para todos os Portugueses, que no dia de hoje lamentam profundamente a perda de uma personalidade exemplar do nosso tempo”, refere ainda Cavaco Silva.

Também Pedro Passos Coelho destaca a intervenção marcante de Maria Barroso nas várias vertentes onde interveio, “com destaque para a área da cultura, do teatro e do cinema, da educação, da política – tendo participado no congresso fundador do Partido Socialista -, da família e da infância, da saúde, da solidariedade social, da prevenção da violência e da integração de pessoas com deficiência”.

“Foi com enorme tristeza que tomei conhecimento do falecimento da doutora Maria de Jesus Barroso. Teve uma vida ímpar, toda ela dedicada ao serviço dos outros e à causa pública, tendo pugnado de forma intransigente por princípios, valores e ideais, tais como a defesa da democracia, o respeito dos direitos humanos e a elevação da dignidade da pessoa”, sublinha o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, num comunicado enviado à agência Lusa.

Citou ainda que a doutora Maria de Jesus Barroso deixou uma marca notável nas muitas instituições que fundou, ajudou a criar ou presidiu, nomeadamente a Fundação Pro Dignitate, a Cruz Vermelha Portuguesa, a Associação para o Estudo e a Prevenção da Violência e a Fundação Aristides de Sousa Mendes, e foi agraciada ao longo da vida com várias distinções acadêmicas e honoríficas, nacionais e estrangeiras.

O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, relembrou Maria Barroso como uma referência na educação em Portugal. “Tendo sido professora e diretora do Colégio Moderno, marcou essa instituição e a prática educativa no nosso país com grandes valores humanistas, com a sua extraordinária capacidade para associar sempre a exigência à simpatia, ao afeto humano e à tolerância”, adianta o ministério da Educação e Ciência em nota enviada às redações.

A Pro Dignitate — Fundação de Direitos Humanos, fundada Maria Barroso, emitiu também um comunicado em que afirma estar “de luto pelo falecimento da sua presidente” e de “sua profunda dor pela perda da sua fundadora”, acrescenta o comunicado.

Para o dirigente histórico socialista Manuel Alegre, Maria de Jesus Barroso foi “grande figura da luta pela liberdade” e da cultura, considerando que foi primeira dama mesmo antes de Mário Soares ser eleito Presidente da República. “Para mim, foi uma querida amiga que nunca esquecerei, cujo exemplo e inspiração estarão sempre presentes comigo. Desde que ela adoeceu, tenho acompanhado a situação. E quero aqui deixar um abraço muito sentido ao Mário Soares, aos seus filhos Isabel e João, e aos netos”.

Também o ex-Presidente Jorge Sampaio disse ter ficado “impressionado com o desaparecimento” de uma “figura tão brilhante e notável” como Maria Barroso, cujo legado o país “não vai esquecer”. “Foi uma pessoa muito envolvida na resistência contra o regime anterior, em atividades políticas permanentes e grande combatente pela democracia, a quem tive o enorme prazer de distinguir com a ordem da liberdade, porque a merecia”, sublinhou.

O corpo de Maria Barroso Soares vai estar em câmara ardente no Colégio Moderno, em Lisboa, a partir das 18:00 de Lisboa, realizando-se o funeral na quarta-feira para o Cemitério dos Prazeres, anunciou a família. O funeral seguirá para o Cemitério dos Prazeres após a missa de corpo presente, que terá lugar às 10:00 na Igreja do Campo Grande.

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