Fake News: Mídia tradicional deve “marcar exemplo” e “fazer diferença”

Da Redação
Com Lusa

Em Lisboa, o porta-voz e deputado do PAN, André Silva, defendeu que devem ser os órgãos de comunicação social a “marcar o exemplo” e a “fazer a diferença”, para evitar a disseminação das chamadas ‘fake news’.

“É preciso que os órgãos de comunicação social tradicionais marquem a diferença e sejam o exemplo”, afirmou André Silva, quando questionado pela Lusa sobre que medidas devem ser tomadas para evitar a disseminação das chamadas ‘fake news’.

O deputado único do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) sustentou que, quando os órgãos de comunicação social tradicionais “produzem notícias sem isenção, rigor ou ética jornalística, o que aliás já tem ocorrido e sem consequências de reprovação deontológica, estão a colocar em causa uma mensagem pedagógica fundamental, de passar aos públicos de que há diferenças de credibilidade entre meios informativos”.

Para André Silva, “são precisos novos padrões de produção de notícias por parte dos media convencionais”.

“As noções de objetividade e de imparcialidade e a tentativa jornalística de mostrar os dois lados de uma história (quando ocorre) não funcionam em contextos autoritários e populistas, uma vez que estes discursos, pelas suas características, exigem posições esclarecedoras e não uma mera reprodução daquilo que determinadas figuras vão apresentando como verdades, contra todas as evidências científicas e, muitas vezes, contra os direitos fundamentais democráticos que têm sido conquistados”, afirmou.

O porta-voz do PAN considerou que “a falta de informação e de transparência só reforça esta tendência à desconfiança generalizada entre as pessoas, os grupos e as instituições”.

“E isto tem um forte impacto nas manifestações de intolerância, de violência e de ódio, muitas vezes com base em suposições completamente desajustadas da realidade”, alertou.

Embora as ‘fake news’ sejam disseminadas sobretudo através das redes sociais, André Silva lembrou que “sempre existiram, em Portugal e no mundo, ‘fake News’ e divulgação de rumores com intuitos propagandísticos e com desastrosas consequências históricas”.

Além disso, advogou, “este fenômeno não é apanágio exclusivo da era da comunicação em rede e do contexto das redes sociais”.

“A história dá-nos vários exemplos concretos de situações em que o jornalismo tradicional, a academia, a ciência, a cultura e outras instituições serviram para doutrinar a população e convencer os cidadãos de realidades completamente opostas às que efetivamente aconteciam”, disse.

Para André Silva, há ainda “o fator lucrativo: uma polêmica e uma situação controversa que gera indignação social, oposição e muito antagonismo emocional, offline e online, aumenta as audiências e movimenta vários negócios”.

As declarações de André Silva foram feitas à Lusa no âmbito de um trabalho preparatório sobre ‘fake news’, tema de uma conferência a realizar em 21 de fevereiro, em Lisboa, e organizada pelas duas agências noticiosas de Portugal e Espanha, Lusa e Efe, com o título “O Combate às Fake News – Uma questão democrática”.

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