Expedição: Sul do Brasil, Um reduto açoriano

Por Bruno GouveiaDa Expedição Brasil-2008

 

 

Bruno Gouveia

Curitiba, capital paranense, não deu para mais do que servir de ponto de ligação entre Estados, nomeadamente São Paulo e Santa Catarina.

As alterações de trajecto e um ligeiro atraso nos contactos com as pessoas de Curitiba, não permitiram dar ênfase à nossa chegada. Nas cidades mineiras, o nosso acesso à internet foi inexistente. Só voltamos a tê-la no hotel em São Paulo, na véspera da chegada a Curitiba. A esta cidade chegámos na tarde de segunda-feira, 24 de Agosto. Atendendo ao cansaço existente, e após o banho retemperador que sempre acontece depois de cada etapa saímos para jantar na elegante Avenida Batel, para onde nos dirigimos de táxi, regressando a pé para mais facilmente digerir o repasto italiano. Observando o correio electrónico verificamos que várias pessoas tinham estado no hotel procurando-nos. Incompetentemente, a recepção do hotel não nos soube identificar. Nem mesmo com a confirmação da existência das motos na garagem se foi possível nos identificarem. Todas estas informações estavam nos e-mails.

Informamos que sairíamos na manhã do dia seguinte e mesmo assim lá estiveram o Laércio e o Paredes, que nos entrevistou, à saída do hotel, para uma rádio.Estas trocas de impressões com contactos novos sempre obrigam a sair um pouquinho mais tarde que o previsto.

A saída de Curitiba, nomeadamente no descer da serra, presenteou-nos com uma neblina muito complicada para a visibilidade e para a manutenção dos nossos objectivos de chegarmos ao destino final – Blumenau – antes da chegada da noite. Até porque ainda tínhamos de visitar São Francisco do Sul, um reduto açoriano e Santa Catarina.Como previsto, o final da tarde obrigou-nos a uma correria para chegar o menos de noite possível à germânica cidade de Blumenau. Para a noite dessa terça-feira tínhamos a participação num programa televisivo da cidade. Antes do mesmo, ainda fomos entrevistados para as notícias do dia seguinte e com honras de inclusão no rol de notícias que foram alvo de chamada ao sumário.

Na cidade permaneceríamos por mais dois dias, aproveitando o facto do hotel disponibiliza internet sem fios para retomar as tarefas que necessitavam da internet para a sua operacionalização.

Tendo como destino a belíssima ilha que tem simultaneamente o nome da cidade – Florianópolis, passamos por Balneário Camboriú uma cidade do litoral catarinense muito badalada na época alta brasileira. Aqui conhecemos Alejandro, ciclista uruguaio que há mais de duas décadas pedala pelo mundo.

Chegados ao final da tarde de sexta-feira a Floripa, diminutivo pelo qual também é chamada a ilha, buscamos e negociamos, como sempre fazemos, o preço do alojamento, numa pousada na Lagoa da Conceição, o centro da ilha e o lugar onde tudo acontece, em termos de animação. Depois uma correria para encontrar a concessionária da BMW no intuito de resolver um problema que derivava na perda de óleo da suspensão frontal esquerda. Aproveitei também para a verificação do motor de arranque, que há alguns dias que ameaçava pregar-me uma partida. Mas a verdadeira partida foi no preço apresentado. Fazer o quê? Simplesmente pagar.

O dia seguinte foi totalmente aproveitado para visitar uma parte da ilha, escolhida a dedo. Iniciamos pela badalada Lagoa da Conceição, que a cada passo que damos nos fornece uma imagem diferente e distintamente atraente para o registo.

Ao final do dia, estando na marginal de Florianópolis, sou abordado por um motociclista que, tendo parado a metros de mim, demonstrou saber quem eu era. Dirigiu-se a mim, gritando em jeito de saudação: “Funchal. Bruno Gouveia!” Claro está que me conhecia, embora eu não soubesse quem era. Vantuir, um contacto de internet, já tinha estado à minha procura na pousada. Ele e a companheira convidaram-me a jantar em sua casa nessa noite. Para tal fizeram-me um excelente croqui, em apenas uma folha A4, que me levou direitinho à sua casa, que distava da pousada cerca de 50 kms. Apesar do frio (o Brasil está no Inverno), cerrei dentes e concentrei-me no caminho de regresso, pelas duas da matina.

Nesse mesmo dia, pelas 7.30 horas, lá estava Vantuir, conforme combinado antes de sair de casa, para me mostrar mais rapidamente Ribeirão da Ilha e outros locais ainda não visitados. Mais tarde chegaria Marcos, cujo hobby pela fotografia o levou a disparar dezenas de vezes gerando-me um portfólio de grande qualidade de Floripa.

A segunda coincidência de Floripa estava reservada para o início da tarde de domingo. Reconhecendo a minha BMW, que já tinha visto na tarde do dia anterior na cidade, Miriam não teve pejo e acercou-se de nós. É motociclista e “invejava” a nossa odisseia. À conversa veio o nome de Cícero Paes, um viajante de motos extremamente conhecido no Brasil e nomeadamente em Florianópolis. Uma das suas mais conhecidas facetas é ajudar e albergar, gratuitamente, motociclistas que passam pela capital de Santa Catarina, alojando-se na “Toca”, nome pelo qual é conhecido o espaço disponibilizado. Apesar de atrasada para um almoço, Miriam “obrigou-nos” a segui-la até à casa de fim-de-semana de Cícero, que curiosamente por ela tinha sido vendida. Chegada à vivenda, tocou e aguardou à porta. Quando Cícero apareceu, ela gritou “agora é contigo. Toma conta deles”. E partiu velozmente.

Convidados a entrar, bem como as motos que ficaram na garagem, Cícero e esposa, que sempre o acompanha nas viagens, convidaram-nos a almoçar. Invariavelmente as conversas versaram as motos e as viagens. De 30 minutos máximos que estaríamos dispostos a disponibilizar, ficámos mais de 90. Mas são sempre estes conhecimentos que geram as grandes vantagens das longas viagens. No final do dia, já Cícero tinha disponibilizado no seu site (www.ciceropaes.com.br) uma informação sobre a coincidência, acompanhado de foto.

Para acompanhar mais em pormenor a aventura no Brasil, acesse em www.rotasdeaventura.blogspot.com.

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