Ex-ministro de Ciência e Tecnologia de Portugal visita Fiocruz

Por Cristina Azevedo*

Figura influente no campo da ciência, tecnologia e inovação e ex-ministro do governo português, Manuel Heitor visitou a Fiocruz na última terça-feira (7/6). O professor catedrático do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa chegou com duas missões: aprofundar o programa de um laboratório colaborativo que instituições portuguesas têm com a Fundação e buscar mais áreas de colaboração. Ao fim da visita, novas sugestões de colaboração surgiram.

A vinda de Manuel Heitor à Fiocruz ocorre um mês após a presidente Nísia Trindade Lima visitar Portugal. Ministro de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal de 2015 até o início deste ano, ele foi o responsável pelo convite para a Fiocruz, via o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), integrar o 4LifeLAB – um laboratório colaborativo em conhecimento e novas tecnologias para a saúde. Após uma visita à Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 (Unadig), o ex-ministro se reuniu com Nísia e outros integrantes da Fiocruz na Residência Oficial.

“Foi importante a viagem a Portugal para vermos como o país está organizando esse processo de pensar a recuperação e a resiliência, com forte foco na ciência, tecnologia e inovação”, disse Nísia. “O trabalho dos laboratórios colaborativos é inspirador”, acrescentou. A presidente da Fiocruz destacou que a pandemia de Covid-19 acabou levando a uma aproximação maior com instituições portuguesas, como o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), um dos parceiros no 4LifeLAB e que ela visitou em Matosinhos em maio passado.

Trabalho integrado

O ex-ministro contou que quando estava no governo de Portugal e lançou a ideia dos laboratórios colaborativos, que buscam o desenvolvimento tecnológico em vários campos, o objetivo era justamente perceber as necessidades das comunidades, unir parceiros públicos e privados e oferecer respostas concretas. No caso, uma das necessidades eram capacetes para proteger médicos e técnicos da Covid-19, assim como ventiladores pulmonares para pacientes, ambos desenvolvidos pelo CEiiA.

Impressionado com a visita feita à comunidade da Maré na véspera, Manoel Heitor sugeriu a criação de um novo centro colaborativo que trate da questão de segurança dos moradores: não apenas a pública, mas também alimentar, ambiental, da saúde e mesmo de empregos. Na reunião na Fiocruz, ele soube um pouco mais sobre o projeto desenvolvido pela Fundação na Maré, um trabalho que aliou a pesquisa com a vacina contra a Covid-19, telemedicina e ações de assistência, trabalhando com organizações locais.

“Costumo dizer que trabalhamos com as comunidades e não para as comunidades”, observou Nísia, acrescentando que a Fiocruz desenvolve também projetos com comunidades indígenas, quilombolas e outras em situação vulnerável. “Temos total interesse em trabalhar em projetos com uma visão integrada”, acrescentou a presidente da Fundação, destacando o interesse da Fiocruz na educação e formação de quadros.

Outra sugestão do ex-ministro foi a colaboração na questão ambiental por meio do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (Air Centre), que propõe uma abordagem integrada de espaço, clima, oceano e energia. E ele pôde saber um pouco mais sobre iniciativas da Fundação no campo ambiental.

Pedro Barbosa, diretor do IBMP, contou que um dos projetos em desenvolvimento, no âmbito do 4LifeLAB, é o da pulseira de monitoramento de pacientes com o protocolo de Manchester. Mario Moreira, vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, por sua vez, mostrou interesse em saber mais sobre outros laboratórios colaborativos que existem em Portugal e que trabalham com áreas como a investigação de doenças crônicas, o que pode abrir caminho para novas parcerias.

“A Fiocruz é uma referência mundial, e foi particularmente importante a visita da presidente Nísia a Portugal. Aprofundamos aqui a discussão sobre um laboratório colaborativo que já existe, mas também surgiram ideias novas. Acredito que teremos muito trabalho no futuro”, disse Manuel Heitor. “Os laboratórios colaborativos foram desenvolvidos num contexto europeu, em Portugal, mas acredito que podem ser muito interessantes para o Brasil, no contexto do Rio de Janeiro em particular”.

Nísia recebeu de Manuel Heitor um livro de poemas sobre a cantora Amália Rodrigues e deu a ele uma publicação sobre o acervo das viagens científicas de Oswaldo Cruz no início do século 20. A reunião na Residência Oficial contou ainda com as presenças de Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030; Valcler Rangel, coordenador de Relações Institucionais; Carlos Gadelha, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE); Valber Frutuoso, assessor de Gabinete da Presidência; Cristina Guilam, pró-reitora de Educação da VPEIC; Pedro Burger, vice-coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris); e Ilka Vilardo, assessora do Cris/Fiocruz.

Da Agência Fiocruz de Notícias

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