Da redação com Lusa
O plano de desconfinamento da pandemia de covid-19 pode passar a contar com três novos níveis, se for acolhida a proposta apresentada nesta sexta-feira pela equipe de especialistas liderada pela pesquisadora Raquel Duarte, da Universidade do Porto.
“A nova proposta assenta em pilares que deverão ser mantidos: primeiro, a velocidade a que a população está a ser vacinada, a política de testagem alargada, que é a única forma de garantirmos que os números que temos são reais e que os casos são detetados de forma precoce; a vigilância serológica das variantes; a monitorização dos indicadores; o cumprimento das medidas de proteção individual e a ventilação eficaz dos espaços interiores”, enfatizou.
Nesse sentido, a especialista designou estes patamares como C, B e A, sendo este o último o máximo de desconfinamento, no qual se observam apenas as medidas gerais. Estes níveis são a única alteração, já que Raquel Duarte vincou a importância da continuidade da matriz vigente, considerando que “é preciso garantir estabilidade e previsibilidade para a população”.
Ao nível das regras gerais, frisou a promoção da abertura frequente de janelas e portas, a atividade ao ar livre, se possível; o cumprimento da distância física com a identificação das pessoas por metro quadrado; a testagem alargada; a utilização obrigatória da máscara de acordo com as indicações; o desfasamento dos horários, a higienização individual e as ‘bolhas’.
Em termos de faseamento das medidas, foi sublinhada a aproximação aos níveis de mobilidade pré-pandêmica e a necessidade de conciliar a recuperação da liberdade com a segurança.
“No comércio e retalho, assim como nas cerimônias fúnebres, aquilo que nós propomos é que haja a partir do nível C apenas a aplicação das medidas gerais; na área da restauração, há regras gerais que aconselhamos que sejam mantidas de forma estrita — as pessoas devem estar sentadas à mesa, deve manter-se o distanciamento entre mesas de dois metros, deve estar definido o número de pessoas por metro quadrado e a utilização obrigatória da máscara exceto no momento da refeição”, indicou.
E continuou com a revisão dos números máximos de pessoas juntas à mesa neste setor: “No nível C ainda propomos que haja um máximo de seis pessoas juntas no interior, enquanto se alarga no exterior para um máximo de 15 pessoas juntas; no nível B passamos de oito pessoas no interior para 20 no exterior; e no nível A já propomos que sejam apenas aplicadas as medidas gerais”.
Raquel Duarte defendeu ainda que na hotelaria seja proposto a partir do nível C somente as medidas gerais de proteção.
Ao nível das recomendações, Raquel Duarte acentuou, por fim, a necessidade de recuar o “caráter impositivo” das medidas, o investimento numa estratégia de comunicação de crise eficaz e a “organização concertada, organizada e controlada” de pequenos e médios eventos com a garantia do cumprimento das medidas de proteção individual.
Dados
Em Portugal, morreram 17.022 pessoas dos 847.006 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Neste dia 28, Portugal registrou uma morte relacionada com a covid-19 e 598 novos casos de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 nas últimas 24 horas, indica o boletim epidemiológico.
De acordo com o boletim epidemiológico, a região de Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a que tem mais novos casos confirmados, com praticamente metade (295) dos 598 registrados hoje e um óbito.
O número de internados em enfermaria voltou a aumentar, com mais 13 registos para um total de 246, e em unidades de cuidados intensivos estão 52 doentes, menos um do que na quinta-feira.
Os dados divulgados pela DGS mostram também que estão ativos mais 82 casos, num total de 22.534.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, foram consideradas recuperadas da infeção 808.047 pessoas, mais 515 nas últimas 24 horas.
O número de contatos que as autoridades de saúde têm em vigilância mantém-se acima dos mil, havendo hoje mais 1.053 pessoas vigiadas, num total de 22.887.
O mais recente relatório de vacinação da DGS indica que já estão vacinadas contra a doença 5.265.575 pessoas, das quais 1.672.853 com a imunização completa.
Segundo o boletim, a região Norte tem hoje 171 novas infeções por SARS-CoV-2, totalizando 339.974 casos de infeção e 5.354 mortes, desde o início da pandemia.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo foram notificados mais 295 casos, contabilizando-se até agora 320.460 casos e 7.212 mortes atribuídas à covid-19.
Na região Centro registaram-se mais 54 casos, acumulando-se 119.754 infeções e 3.021 mortos.
No Alentejo foram assinalados mais 15 casos, totalizando 30.153 infeções e 971 mortos.
Na região do Algarve, o boletim revela que foram registadas mais 33 infeções, acumulando-se 22.234 casos e 363 mortos.
A região Autónoma da Madeira registou sete novas infeções, contabilizando 9.681 casos e 69 mortes devido à covid-19.
Os Açores registam 23 novos casos, contabilizando 5.348 casos e 33 mortos desde o início da pandemia, segundo a DGS.
As autoridades regionais dos Açores e da Madeira divulgam diariamente os seus dados, que podem não coincidir com a informação divulgada no boletim.
O novo coronavírus já infetou em Portugal pelo menos 462.1355 mulheres e 385.107 homens, mostram os dados da DGS, segundo os quais há 362 casos de sexo desconhecido, que se encontram sob investigação, uma vez que esta informação não é fornecida de forma automática.
Do total de vítimas mortais, 8.941 eram homens e 8.082 mulheres.
O maior número de óbitos continua a concentrar-se nos idosos com mais de 80 anos, seguido da faixa etária entre os 70 e os 79 anos.
O índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus SARS-Cov-2 em Portugal, hoje revelado, manteve-se em 1,07 e a taxa de incidência de casos de infeção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias aumentou para 59,6.