Espanhóis cobiçam o Douro

A região da Galiza está cada vez mais interessada no norte de Portugal. Os empresários espanhóis vêem no Douro uma mais-valia para as suas empresas em termos comerciais. Os setores agro-alimentar e dos vinhos são os que mais atraem a atenção dos nossos vizinhos.
Ultimamente, vários fatores têm contribuído para aumentar o interesse comercial entre as duas regiões. A proximidade geográfica entre Galiza e o norte de Portugal, além da abertura de novas estradas, facilitam essa integração luso-galega.

Ígor Lopes de Portugal

O concelho de Ourense é um dos principais pólos de desenvolvimento da Galiza, atraindo o interesse comercial por parte dos portugueses. O mesmo acontece em relação aos espanhóis que procuram a Expodouro com o intuito de divulgar os seus produtos e as suas empresas.

Segundo Alejandro Rubín, diretor-gerente da Expourense, há muitos exemplos de empresas espanholas que estabeleceram relações comerciais devido a sua presença em certames portugueses.

Os olhos dos galegos nunca estiveram tão voltados para a região do Douro como agora. As potencialidades do Douro transformam-se em enormes possibilidades de negócio no âmbito desta euro-região na qual estamos inseridos.

Em entrevista exclusiva ao Lamego Hoje, Alejandro Rubín fala das suas expectativas em relação a mais uma participação espanhola na Expodouro e do relacionamento comercial entre os empresários espanhóis e portugueses. De acordo com este responsável, atualmente, a atenção da comitiva espanhola está voltada para o público idoso, com incidência na vertente termal.

A comitiva espanhola pretende promover as suas feiras e, conseqüentemente, os seus produtos em Portugal, através da sua participação na Expodouro e em outras feiras regionais. Mas os portugueses não querem perder essa grande oportunidade e acabam por levar à Espanha os seus produtos.

A cooperação entre as regiões é, para Rubín, essencial para competir no atual mercado europeu, o que justifica o interesse mútuo entre Douro e Galiza.

Em jogo está um universo de cerca de sete milhões de habitantes, distribuídos por dezenas de cidades, que podem ser potenciais consumidores num mercado em franca expansão.

LH – Qual é o objetivo da participação espanhola na Expodouro?
Alejandro Rubín – A Fundação Feiras e Exposições de Ourense e todos os seus patronos entendem que a região do Douro é interessante do ponto de vista comercial para as empresas ourensanas, em especial no que respeita aos sectores agro-alimentar e do vinho. Um dos objectivos da Fundação é promover as empresas da província e, neste contexto, a participação em feiras como a Expodouro serve para dar a conhecer os produtos ourensanos.

Por que decidiram apostar na promoção da imagem de Ourense nesta região portuguesa?
Os setores agro-alimentar e do vinho têm nesta zona um atractivo especial para os empresários, mas há que ter em conta também a proximidade das regiões. Com a construção e abertura de novas estradas que ligam Portugal a Ourense reduz-se o tempo de viajem, facilitando as visitas e, sobretudo, criando mais e novas possibilidades de negócio.

No ano passado, utilizaram a feira da região do Douro para divulgar a Termatalia. Foi positivo?
Para nós, sim. Falar de termalismo numa euro-região como é a Galiza e o norte de Portugal é falar de um sector de grande importância e futuro para ambas as zonas. Termatalia é a única feira que se realiza em toda a península ibérica sobre termalismo e, para Portugal foi, sem dúvida, uma grande oportunidade de relançar essa actividade.

Além de Lamego, a comitiva espanhola esteve também presente em outras cidades do norte do nosso País?
Sim. Lamego, Vila Real (estes anos Régua) e Chaves fazem parte dos objetivos prioritários da Expourense. São três zonas perto da província, com muita atividade econômica e que não só são interessantes para a promoção das nossas feiras, como também para os nossos empresários. Não são poucos os casos que conhecemos de empresas que estabeleceram relações comerciais através da sua presença em certames portugueses.

Os portugueses também procuram investir na vossa região?
Claro. O caso da Associação Empresarial de Lamego é o melhor exemplo. O acordo firmado em 2005 é toda uma aposta da Associação, que não deixou de participar em todas as feiras que organizamos na Expourense desde Setembro. A presença de expositores portugueses foi sempre constante e variada, relacionada tanto com o mobiliário, como a gastronomia, turismo e o sector funerário.

O que se pode esperar da participação espanhola, este ano, na Expodouro?
Talvez, um dos aspectos a destacar seja a promoção de novas feiras. Em outros anos, estivemos presentes com o nosso “salón de gastronomía”, mas agora entendemos que há mais sectores que têm a sua importância para ambas regiões, como é por um lado a atenção aos idosos e por outro o termalismo.

O que estará exposto e quem fará parte da vossa comitiva?
A presença ourensana estará dividida em duas partes. Por um lado, e de acordo com o firmado entre Expourense e Expodouro em 2005, o recinto da feira ourensana promoverá as três feiras mais importantes que se organizarão nos próximos meses, como Termatalia, Feria Internacional del Turismo Termal, Termalismo, Talasoterapia y SPA; Galisenior, Salón Galego dos Nosos Maiores; e, já em 2007, Xantar, Salón Galego de Gastronomía e Turismo, onde não vai faltar a representação portuguesa através de diferentes regiões turísticas.
A segunda parte se centrará na área comercial, com a participação de diversas empresas do sector da alimentação que, em resposta ao convite da Expourense, querem expor os seus produtos em Lamego.
A nossa comitiva estará encabeçada pelos representantes da “Diputación Provincial de Ourense”, além de outras autoridades locais e um grupo de jornalistas.

Qual é a importância desse intercâmbio entre as regiões para os empresários portugueses e espanhóis?
A colaboração entre euro-regiões próximas, como é o caso da Galiza e do norte de Portugal, é essencial para competir numa Europa de 25 países-membros. É um mercado grande e forte, de modo que a cooperação é básica. Galiza e o norte de Portugal têm vantagens, já que estas relações são antigas. Conhecemo-nos bem e sabemos onde é preciso incidir.
Na Expourense conhecemos muito bem a importância da cooperação transfronteiriça, já que fez parte dos planos europeus para a criação de empresas e para o apoio à sectores produtivos, através da participação nas feiras.

Para finalizar, na sua opinião, o Douro é confiável em termos de investimento?
Tudo o que seja apostar no desenvolvimento de uma região transfronteiriça potenciando intercâmbios comerciais e oportunidades de negócio será sempre um dos melhores investimentos. Como disse anteriormente, os empresários galegos foram chamados a incrementar as relações com os seus homólogos portugueses, e o contrário também. A actividade comercial será a que vai marcar no futuro o potencial desta euro-região e o Douro tem um papel importante.
Não devemos esquecer que estamos numa área transfronteiriça habitada por sete milhões de pessoas, concentradas em 18 cidades e com um PIB de 75 mil milhões de euros, dos quais 56% correspondem ao norte de Portugal e 44% à Galiza.

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