Epidemia da nova gripe mataria 75 mil pessoas em Portugal

Da Agencia Lusa

O diretor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical de Portugal, Jorge Torgal, alertou que se houver uma verdadeira epidemia da gripe A (H1N1) no país poderão registrar-se “dois a três milhões de infectados e 75 mil mortos”.

O catedrático de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa se baseia nestes números com a perspectiva de que a epidemia se desenvolva sem que até o inverno europeu seja criada uma vacina contra o vírus.

Jorge Torgal, que falava no 3º Congresso sobre “Pandemias na era da globalização”, que aconteceu até 09 de maio em Coimbra, considera estas “previsões otimistas”.

“Se houver uma epidemia e não for criada uma vacina até outubro, novembro, a previsão mais otimista é que haverá em Portugal dois a três milhões de pessoas com gripe, o que significa que serão 75 mil pessoas a perder a vida”, afirmou.

O especialista frisa que no ano passado só a gripe sazonal provocou em Portugal “um acréscimo de mortalidade de 1.961 casos, número muito acima do normal” e para o qual não há, até o momento, explicações. “Foi nas barbas de todos nós e ninguém se apercebeu nem houve nenhum alarme das autoridades de saúde”, observou.

Referindo-se à gripe A, o médico de saúde pública considerou que “Espanha, aqui ao lado, onde havia 57 casos confirmados, dos quais quatro transmitidos no país, é uma fonte de preocupação, um risco grande” para Portugal.

Nova vida Jorge Torgal alerta que, caso a epidemia se desenvolva, a sociedade portuguesa deve preparar-se logisticamente para uma alteração do cotidiano. “Quem tem de se preparar de fato são as forças vivas da sociedade civil, para que os cidadãos compreendam como se podem defender pessoalmente”, sustentou, em declarações à Lusa.

O médico, que abordou o tema “Pandemias na era da globalização”, fala “numa modificação cotidiana da sociedade, uma preparação logística que deve ser feita, um caminho de consciencialização”.

Cita, a propósito, que, “se há crianças que têm de estar em casa porque as escolas fecham, os pais não podem ir trabalhar”.

“As pessoas foram a correr comprar máscaras e Tamiflu, mas se houver uma epidemia provavelmente o mais razoável é não saírem de casa durante duas semanas”, advertiu, questionando quem terá mantimentos para tal.

Jorge Torgal esclarece que “não está a defender que as pessoas devem, nesta fase, fazer um armazenamento (de mantimentos) para duas semanas”, mas que “se souberem a tempo que é mais seguro para a sua saúde ficar em casa, provavelmente terão meia dúzia de cebolas em vez de ir todos os dias à mercearia comprar uma”.

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