Entrevista: O melhor álbum de Roberto Leal

Em entrevista, Roberto Leal, de volta às raízes trasmontanas, falou sobre o prêmio que a “RTP demorou 30 anos” para lhe distinguir. E ainda, desmente rumores sobre mudança de seu nome artístico.

Por Vanessa SeneMundo Lusíada

 

Foto Mundo Lusíada

>> Roberto Leal durante seu show na Casa de Portugal de São Paulo.

A Casa de Portugal de São Paulo recebeu caravanas de alguns estados brasileiros para as duas apresentações de Roberto Leal, promovido pelo Buffet O Marques em parceria com a casa.

Em entrevista ao Mundo Lusíada antes de iniciar o seu show, o cantor português que cresceu no Brasil mostrou-se satisfeito com o resultado do trabalho desenvolvido em relação aos seus últimos álbuns, que o destacou em diferentes cantos do mundo.

Canto da Terra (2007) e Raiç/Raiz (2009) foram os últimos dois CDs que contam com uma roupagem nova, diferente, e que lhe rendeu as melhores críticas por parte da comunicação social. O Canto da Terra traz algumas músicas em mirandês, para divulgar a segunda língua de Portugal.

Já o último trabalho, foi eleito pela RTP (Rádio e Televisão de Portugal) como o melhor álbum do ano de Música Tradicional Portuguesa. A distinção vai render ainda ao cantor uma divulgação institucional do seu álbum nos canais da RTP Internacional. “Eu acho que, depois de muitos anos, se haviam dúvidas, as dúvidas vão se decepando. A vida é bonita por isso, há sempre que confrontar as suas vontades, os seus desejos, os seus sonhos em realidade”, afirma o cantor.

É a primeira vez que Roberto Leal recebe esta distinção da RTP. Na entrevista ao Mundo Lusíada, ele atribuiu este prêmio unicamente a qualidade do álbum. Neste novo trabalho, Roberto Leal volta a cantar em língua mirandesa, em modas como “Cirigoça” e “La Lhoba Parda”.

“Eu levava comigo a música brasileira, como samba e frevo, e de repente percebi que tinha que me aproximar mais da música de Portugal, já que eu represento a música e cultura portuguesa”, diz ele, que costumava gravar músicas com mistura de ritmos lusos e brasileiros. O cantor também queria mudar o fato de que seus CDs não saiam das prateleiras de música internacional em Portugal.

Assim, Roberto Leal foi atrás de um som mais característico da sua terra-natal, realizou uma intensiva busca na escolha de repertório e foi buscar nas raízes portuguesas a inspiração para o seu novo trabalho. “A RTP demorou 30 anos para que isso acontecesse. Estou feliz por ter feito um trabalho como o Raiz, eu fui buscar este som nas raízes portuguesas”.

Nascido em Vale da Porca, Trás-os-Montes, Roberto Leal chegou ao Brasil com onze anos de idade, juntamente com seus pais e dez irmãos, em 1962. Depois que ingressou na música, fez muito sucesso com sua aparição no programa do Chacrinha. E hoje, é citado pela imprensa como o mais conhecido português no Brasil, passando nomes como José Saramago, Fernando Pessoa e Mário Soares. Mudança de nomeFoi neste intermédio de mudança de som que surgiu boatos de que Roberto Leal também mudaria de nome. O assunto tomou tanta proporção que canais de comunicação em Portugal chegaram a entrevistar artistas lusos questionando se o cantor deveria ou não mudar o nome, e até foi publicada uma enquete em Portugal para que os internautas votassem pelo sim ou pelo não (www.robertolealmudade nome.com). Mas tudo não passou de uma tremenda confusão.

“A única coisa que eu não posso mudar é o nome, posso mudar tudo menos o nome”, disse Roberto Leal, explicando que a sua gravadora contratou uma agencia e eles “detonaram” essa notícia para a imprensa. O publicitário João Goulão (Agencia Cupido) chegou a dar entrevista sobre o assunto dizendo que a idéia era “deixar para trás o artista de festas de aldeias e fazer dele um nome a figurar num cartaz do CCB”.

Entre as opções para mudança de nome, estava seu nome de batismo, Antonio Joaquim Fernandes, ou ainda Antonio Leal, Lealdade Lusa e Leal Tradição. De acordo com Roberto, assim que chegasse a Portugal, no dia 16, a sua intenção era reunir a imprensa portuguesa para esclarecimentos. “O nome não se muda. Roberto Leal não vai mudar de nome nunca”, reafirma o cantor luso-brasileiro.

Após suas duas apresentações em São Paulo, o cantor seguiu com sua agenda de shows em Caracas na Venezuela, depois no Brasil em Pelotas, Maringá, Rio de Janeiro, e na sequência em Portugal.

De acordo com ele, estar em São Paulo novamente é gratificante. “Muitas pessoas que estão aqui hoje são pessoas que me acompanhavam quando eram crianças, e hoje são jovens senhoras. É um público amigo. Eu tenho todo o motivo do mundo para sorrir, isso é maravilhoso”.

Bom público na Casa de Portugal SPO espetáculo “Uma Noite em Portugal III” foi apresentado no sábado, 17 de outubro, durante um jantar no salão nobre da Casa de Portugal, e num almoço no domingo, dia 18.

A abertura do evento contou com o folclore da casa. Em uma apresentação mais curta, o Grupo Folclórico mostrou a sua dança de norte a sul de Portugal. Na sequência entrou no palco a dupla sertaneja Leo & Alexandre. Eles, que são descendentes de portugueses, trouxeram canções inéditas e sucessos sertanejos atuais no Brasil.

Mas o grande show da noite foi de Roberto Leal, que animou as caravanas que estiveram presentes no evento, não apenas de São Paulo, como de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, e Maranhão. Na platéia, muitos representantes da comunidade portuguesa, público em geral, além da presença da cantora Ângela Maria.

A grande atração da noite estava feliz por estar mais uma vez de volta a São Paulo e recebendo o caloroso acolhimento de sempre. “A palavra mais simples e objetiva é felicidade”, afirmou Roberto Leal.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: