Empresários se unem para aproveitar galhos deixados na floresta amazônica

Da Redação

Costumeiramente desprezados pelas grandes madeireiras por estarem fora dos padrões de mercado, galhos de árvores de madeiras consideradas nobres tornaram-se protagonistas em projetos da LAO Design e Engenharia, de Cotia em SP. Isso foi possível graças a uma parceria entre a empresa paulista e a Iiba Produtos Florestais, de Rio Branco, no Acre.

São espécies, como cumaru-ferro, garapeira e maçaranduba, cujos galhos, segundo o engenheiro mecânico George Dobré, proprietário da Iiba Produtos Florestais, podem chegar a 70 centímetros de diâmetro. “O que se aproveita é apenas o tronco, por não apresentar tortuosidades”, diz. “O que fica, porém, representa cerca de 1/3 de volume de madeira”, completa.

Essas matérias-primas vêm de uma região no Amazonas, situada às margens do Rio Purus, e são manejadas por comunidades locais, também responsáveis pelo entalhe das peças a motosserra. “Eles dominam essa ferramenta como ninguém e queremos evidenciar as marcas desse trabalho nos produtos”, diz o designer Lao Napolitano, da LAO Design e Engenharia.

“Além de nenhuma árvore ser derrubada para nos atender”, diz ele, “para evitar desperdícios, faltas e excessos, tudo é produzido de acordo com a demanda”. Mas, neste caso, a necessidade de que Napolitano comenta não é a do mercado ou da empresa, sob a qual está firmada a sociedade, mas dos locais e da própria Natureza.

“Isso significa que em vez de dizermos às comunidades o que queremos em que prazo queremos, são eles que dizem o que têm e em quanto tempo podem entregar”, explica o designer. “Como trabalhamos com materiais que são deixados para trás, dependemos da quantidade e características dessas sobras”, completa.

Além disso, ressalta o designer, é preciso respeitar a cultura e a modo de vida dos povos da floresta. “Eles não estão acostumados a prazos apertados, a agendas lotadas, correrias”. “Para eles, o tempo corre em um compasso diferente do nosso, os valores também são outros, não adianta tentar impor nosso jeito”.

Na prática, a associação comunitária informa o volume e as caraterísticas das toras que dispõem, a empresa avalia, envia a eles os projetos, para que cortem as peças, que chegam em São Paulo prontas para serem montadas. Os prazos de entrega são definidos no início da negociação, mas pelos fornecedores.

Com madeira certificada e materiais reciclados, a empresa produz playgrounds, equipamentos de ginástica, bancos e estruturas de madeira, como pontes, passarelas, mirantes, deques e pergolados, entre outros.

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