Elementos para Canonização dos Pastorinhos não são suficientes

 

Mundo Lusíada Com Agencia Lusa

O Vaticano não reconheceu o milagre apresentado para a canonização de dois dos pastorinhos da cidade de Fátima (Portugal), Jacinta e Francisco Marto. Os peritos da Santa Sé estão insatisfeitos com as provas apresentadas, segundo divulga a mídia portuguesa. O caso foi analisado por médicos especializados na diabetes que não conseguiram ainda esclarecer se a doença tinha cura ou não. Perante a dúvida, os especialistas do Vaticano entenderam que não havia 100% de certeza de que se tratava de uma cura milagrosa.

Paulo Novais/Lusa

Peregrinos tocam e beijam a estátua do Papa João Paulo II, inaugurada junto a nova Igreja da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, durante o último dia das cerimônias religiosas comemorativas dos 90 anos das aparições da Virgem aos pastorinhos, 14 de Outubro de 2007.

“A documentação apresentada à Santa Sé não oferece todos os elementos de que os médicos necessitariam para uma resposta definitiva”, diz o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, o cardeal português Saraiva Martins, que já havia admitido dificuldades na validação clínica do milagre que sustenta o processo de canonização dos Pastorinhos Francisco e Jacinta. “A Igreja é extremamente rigorosa quando se trata de milagres”, justificou o cardeal em entrevista à Lusa em 10 de outubro.

“Os promotores da causa de canonização apresentaram à Santa Sé um milagre, uma cura considerada como miraculosa de uma criança filha de emigrantes (na Suíça) que sofria de diabetes e durante um ano precisou de insulina”, mas “no dia da beatificação dos pastorinhos, a mãe estava a ver a cerimônia de beatificação pela televisão” e pediu a intercessão dos videntes, tendo-se se alterado “completamente o seu estado de saúde”, explicou.

Depois do processo ter sido entregue em Roma, o Vaticano encarregou “um grupo de médicos especializados em diabetes de avaliar se é “uma verdadeira cura completamente inexplicável à luz da ciência”. Para tanto, é necessário que a cura seja “instantânea, completa e absoluta” com intercessão divina.

As conclusões dos médicos e teólogos terão depois de ser analisadas e aprovadas por uma comissão da Santa Sé, constituída por 30 cardeais, arcebispos e bispos, seguindo-se depois a decisão final do Papa. As vésperas da inauguração da nova basílica em Fátima, a imprensa portuguesa divulgava manchetes como “Vaticano não reconhece o milagre para canonização”, na capa do jornal Público, ou “Canonização em risco”, no Diário de Notícias.

Elementos Existem dois tipos de diabetes, um congênito que não tem cura e um outro que pode ser curado com o tempo, explicou o cardeal. “A dificuldade está em ver se a diabetes da criança era do primeiro ou do segundo tipo”, mas a questão clínica é complicada.

Os meninos Francisco e Jacinta Marto presenciaram as aparições de Nossa Senhora em 1917, juntamente com a pastora Lucia, e foram beatificados por João Paulo II em maio de 2000. A beatificação dos Pastorinhos foi sustentada num primeiro milagre, que envolveu uma mulher de Leiria, Maria Emília Santos, que voltou a andar alegadamente por intercessão dos dois videntes de Fátima. Para a canonização, ou seja, para que Jacinta e Francisco – primos da Irmã Lúcia – possam ser considerados santos e motivo de devoção em toda a Igreja, é necessária uma segunda graça.

Para o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, a rejeição do milagre não é nenhuma tragédia. “A Santidade está reconhecida. Isto para a Igreja funciona, num sentido figurativo, como uma espécie de selo definitivo. Na pedagogia divina o tempo é relativo, tanto faz que seja hoje como amanhã. A causa continua para a frente” divulgou a Agencia Ecclesia.

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