Eleições Legislativas: “Foi uma votação irreal”

Terça –  feira | 10 NOV 09

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2009

Um dos candidatos às Eleições Legislativas fala sobre o sistema de votação falho do governo português e sobre a contagem de votos para o Brasil. “Eu estava lá” conta José Duarte.

Por Mundo Lusíada

Arquivo/Mundo Lusíada

 

As eleições legislativas de Portugal, a qual conta com a participação da diáspora portuguesa, foi motivo de discussões no Brasil. Com a greve dos Correios do Brasil no mês de outubro, que prejudicou a remessa de votos encaminhados à Portugal pelos eleitores portugueses do Círculo Fora da Europa, e com a acusação de um partido de que os votos do Brasil não foram contabilizados, formou-se muita discussão em torno do assunto.

Em entrevista ao Mundo Lusíada, José Duarte de Almeida Alves, que foi nestas eleições candidato pelo PS (Partido Socialista), afirma que esta foi uma votação irreal. “Foi uma votação irreal. Eu preferia que o voto fosse presencial. Os votos que chegaram depois da contagem poderiam ter modificado as eleições para mais ou para menos, não sabemos” afirmou.

“Eu fui candidato de um determinado partido, não ganhei e estou de cabeça levantada. Nós temos que aceitar uma vitória e temos que aceitar uma derrota porque quem é democrático é assim. O que posso lamentar é que poderia ter sido um resultado diferente. Acho que é uma votação irreal, fictícia, o voto não pode ser assim”.

Duarte, que é a favor do voto presencial, ao contrário do sistema atual que mantém o voto por correspondência defendido por outros partidos, principalmente no Brasil onde eleitores teriam que percorrer grandes distâncias para chegar aos Consulados, citou um resultado “lamentável” nas legislativas.

“É lamentável vermos, nos resultados, mesas com 350 votos nulos, com 400 votos nulos, porque faltava uma xerox do Cartão do Eleitor ou faltava uma Certidão de Eleitor, e não era aceito. Todos estes votos foram enviados pelo Correio, alguns pagavam R$ 6,95 para registrar, outros R$ 2,20. Isto não é uma eleição correta, não acho que é a melhor forma para uma eleição”, critica Duarte.

Ele, que também é dirigente associativo em Santos, no litoral paulista, reclama das condições para a realização da campanha política, citando eleitores em países como Venezuela, Timor, Estados Unidos. “Nós estamos sendo eleitos por um público invisível, não podemos fazer campanha para esses eleitores porque não sabemos onde. Não apóio este sistema”, reclama.

Ainda de acordo com o candidato, todos os partidos devem estar atentos para uma questão. Se o candidato é pela emigração, ele deve ser um candidato emigrante, tendo assim muito mais força. “Eu não concordo, com todo o respeito àqueles que ganharam e que perderam, deputados pela emigração que não sejam emigrantes. Não há motivação dos eleitores, muita gente deixou de votar porque o candidato do partido não era emigrante, era um candidato de Portugal. Quando tivermos candidatos que sejam preparados pelos partidos e indicados pela Comissão Política dos Partidos para serem candidatos efetivos, cabeça de lista, nós teremos uma eleição a sério”. Votos do Brasil foram contados: “Eu estava lá” Como publicou o Mundo Lusíada na última quinzena, Casimiro Martins Rodrigues, o candidato do PND (Partido da Nova Democracia) fez uma denúncia afirmando que os votos de eleitores no Brasil não teriam sido computados, o que o candidato do PSD (Partido Social Democrata) Carlos Páscoa, quem foi reeleito deputado pela emigração em outubro último, afirmou ter sido esta uma eleição séria e que a denúncia do referido candidato não passava de “choro de perdedor”.

De acordo com José Duarte, que foi candidato do Partido Socialista e esteve presente no momento da contagem de votos pelo Brasil, em Portugal, todos os votos que chegaram em Lisboa até aquela data (07 de outubro) foram contabilizados.

“Quanto aos votos do Brasil, posso dizer que eles foram contados, aqueles que chegaram em tempo real devido a greve dos Correios (no Brasil). Foram todos para a mesa, eu presenciei essa apuração, eu estive na Mesa de Votação no Circulo Fora da Europa. Aqueles votos que chegaram foram todos contados”, afirma Duarte ao Mundo Lusíada, comentando ainda que houve uma abstenção e uma contagem de votos nulos muito grande.

“Eu vi com os meus olhos as cestas dos Correios, que estavam separadas do Rio de Janeiro, como de Santos, de Fortaleza e de todo o lado. O único problema que houve foi, devido a greve dos Correios, chegaram muitos votos depois da contagem, que não foram contabilizados”, disse relatando apenas problemas com os votos de Belém do Pará. “No dia da apuração, o que estava lá foi contado, exceto os votos de Belém do Pará. Por qualquer problema, a chanceler enviou os votos no malote diplomático e eles não foram contabilizados porque não era permito por lei. E em Timor, como não havia Correios, alguém da Comissão de Eleições achou por bem não contabilizar os votos de Timor. Os votos da Venezuela, segundo informações pois eu não presenciei, não chegaram ao local de votação por causa de uma grande bagunça na Venezuela, estavam em malotes diplomáticos e chegaram depois. Foi o que chegou a mim”, declarou.

Não é permitido, pelas regras eleitorais, o envio dos votos através de malotes diplomáticos. Os votos devem ser postados pelo próprio eleitor, qualquer outro meio diferente deste não é autorizado porque fere o regulamento. E apesar da greve, os Consulados no Brasil que seguiram o regulamento e as correspondências que chegaram em tempo, tiverem seus votos contabilizados, segundo Duarte.

 

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