Covid-19: Governo afasta novos confinamentos para conter pandemia

Da Redação com Lusa

O ministro português da Economia e Transição Digital, Siza Vieira, disse nesta terça-feira estar convencido de que não serão necessários novos confinamentos nem “cenários radicais” como está a acontecer noutros países para conter a evolução da pandemia de covid-19.

“Não vale a pena antecipar cenários”, começou por dizer o ministro no final de uma reunião da Concertação Social, em Lisboa, quando questionado pelos jornalistas sobre a evolução da pandemia e a necessidade de eventuais novas medidas.

Segundo acrescentou, “do ponto de vista de saúde pública”, o país está “numa situação bastante diferente” relativamente ao ano passado com uma “elevada taxa de vacinação” que protege a população portuguesa “relativamente a uma maior incidência grave da doença” e ao número de óbitos.

“Portanto, não me parece que estejamos em cenários radicais que até alguns outros países europeus com mais baixas taxas de vacinação estão a encarar”, sublinhou Siza Vieira.

Ainda assim, o ministro referiu que na sexta-feira há uma reunião do Infarmed e também que é preciso ter em conta que vem aí uma “época de temperaturas baixas, propícia a convívios alargados em ambientes fechados” e um provável “aumento do número de contágios”.

“Vamos ouvir as recomendações dos peritos, não estou convencido de que se esteja a contemplar nada como novos confinamentos, mas em função das recomendações, o Governo adotará as medidas”, afirmou Siza Vieira.

O ministro indicou que se houver necessidade de adotar novas medidas para as empresas e trabalhadores, convocará uma “reunião de emergência” da Concertação Social.

Também o primeiro-ministro admitiu “preocupação” pela evolução do número de infetados pelo novo coronavírus”, mas vincou não considerar “previsível que se tenham que tomar outra vez medidas com a dimensão” que tiveram no passado, dado a vacinação ter “não só tem diminuído muito a taxa de incidência” como, sobretudo   ter “assegurado também que mesmo as pessoas que são infetadas o são de forma menos gravosa”.

António Costa disse não antever a necessidade de um novo estado de emergência, mas garantiu que apesar da dissolução do parlamento o Governo não hesitará em adotar medidas mais restritivas para conter a pandemia.

Variante Covid

Portugal regista 38 casos da sublinhagem da variante Delta do coronavírus SARS-CoV-2 que tem aumentado no Reino Unido, mantendo a sua maior circulação no Algarve, onde foram detetados 25 casos, indica informação divulgada hoje pelo INSA.

De acordo com o relatório semanal da diversidade genética do SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), verificou-se um aumento da circulação desta sublinhagem em Portugal a partir da semana 42 (18 a 24 de outubro), revelando uma frequência relativa tendencialmente crescente de 1,8% (semana 42) até 2,9% na semana 44 (1 a 7 de novembro, valor provisório).

No total, foram detetados até à data 38 casos associados a esta sublinhagem que tem suscitado particular interesse na comunidade científica internacional devido à sua crescente prevalência no Reino Unido.

O INSA adianta que nas semanas 42 e 43 (entre 18 e 31 de outubro) registou-se uma frequência relativa de 100% e 99,8%, respetivamente, para a variante Delta, originalmente detetada na Índia e considerada mais transmissível.

Na semana de 1 a 7 de novembro, apesar da variante Delta apresentar uma frequência relativa de 100%, este valor é provisório pois os dados ainda estão a ser apurados, ressalva o relatório.

A única sequência “não-Delta” detetada na semana de 18 a 31 de outubro refere-se a um caso, detetado na Região Norte, associado à variante ‘Mu’, “com grande expansão na Colômbia”.

As 11.442 sequências Delta analisadas em Portugal até à data dividem-se em quase 100 sublinhagens, em resultado da recente atualização da nomenclatura, que permitiu “uma maior discriminação das sequências analisadas”, refere o relatório do INSA.

“Desta monitorização contínua destaca-se a atual circulação de diversas sublinhagens da variante Delta em Portugal, sendo que 27 destas foram detetadas consecutivamente nas últimas três semanas ou na atual semana em análise”, adianta.

O relatório refere ainda que não foi detetado qualquer caso associado à variante Gamma, originalmente detetada em Manaus, Brasil, desde a semana 37 (13 a 19 de setembro), situação semelhante à variante Beta, originária na África do Sul, que não é detetada desde a semana 29 (19 a 25 de julho).

O INSA desenvolve desde abril de 2020 o “Estudo da diversidade genética do novo coronavírus SARS-CoV-2 (Covid-19) em Portugal”, que visa identificar e monitorizar cadeias de transmissão, bem como identificar novas introduções do vírus em Portugal.

Até à data, foram analisadas 20.923 sequências do genoma do novo coronavírus, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições do país, representando 303 concelhos de Portugal.

A covid-19 já matou em Portugal 18.274 pessoas e foram contabilizados 1.110.155 casos de infecção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

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