Covid-19: Características da vacina vão definir grupos prioritários

Da Redação
Com Lusa

A diretora-geral da Saúde disse nesta sexta-feira que a definição dos grupos prioritários no acesso à vacina contra a covid-19 depende das características do medicamento, explicando que as diferentes vacinas poderão ter uma eficácia variável sobre diferentes grupos.

“Vão ser estabelecidos aquilo a que se chama de grupos prioritários para a vacinação e estes grupos são definidos por especialistas, mas a primeira linha de consideração é o tipo de vacina e as características dessa vacina”, afirmou Graça Freitas durante a habitual conferência de imprensa de atualização de informação sobre a pandemia em Portugal.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro anunciou a compra de 6,9 milhões doses de vacinas contra a covid-19, no valor de 20 milhões de euros, adiantando que em Portugal a vacinação será “universal e gratuita”.

Na altura, António Costa afirmou que caberia à Direção-Geral da Saúde decidir sobre quem terá prioridade no acesso à vacina.

Questionada sobre quais seriam os grupos prioritários, Graça Freitas explicou que essa seleção depende das características da vacina, designadamente se está direcionada para grupos etários específicos ou para patologias específicas.

E exemplificou: “As pessoas em maior risco são as imunossuprimidas, mas imagine que numa determinada vacina covid-19 vem que o fator imunossupressão não permite que a pessoa vacinada desenvolva anticorpos. Nesse caso, não vamos priorizar esse grupo”.

No caso da vacina agora comprada, essa informação – uma espécie de bilhete de identidade da vacina, explicou a diretora-geral – ainda não está disponível e, por isso, não é possível decidir, para já, quem terá prioridade.

No entanto, Graça Freitas afirmou que, por norma, existem dois critérios para definir essa prioridade e que colocam na linha da frente os grupos mais vulneráveis e os profissionais de saúde e cuidadores.

Também dependente do tipo de vacina está o número de doses a administrar, podendo ser necessário que cada pessoa seja vacinada duas vezes.

“Muitas vezes, quando uma vacina é dada pela primeira vez, e é o caso da vacina contra a covid-19, é necessário aquilo a que chamamos de reforço. Mas há outras vacinas que, pelas características da sua fabricação, já podem ter a capacidade de, com uma única dose, darem a imunidade”, explicou a diretora-geral.

Durante a conferência de imprensa, o presidente do Infarmed, Rui Santos, adiantou que os 6,9 milhões de vacinas constituem um primeiro lote, estando atualmente em negociação coordenada pela União Europeia a aquisição de outras vacinas, de forma a assegurar uma maior variedade.

Testes

Portugal já realizou cerca de 1,9 milhões de testes de rastreio à covid-19, segundo o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, que assegurou não ter havido uma redução da capacidade de testagem em agosto.

Na conferência de imprensa de atualização sobre a evolução da pandemia no país, o governante adiantou que a média de testes neste mês se situa “nos 13.600 por dia”, realizados por uma centena de laboratórios públicos, privados e universitários/militares, e que a capacidade laboratorial será ainda reforçada nos próximos meses.

“Desde 01 de março foram feitos cerca de 1,9 milhões de testes de diagnóstico à covid em Portugal. Apesar de ser um período de férias por excelência, em agosto, não houve um decréscimo da testagem”, explicou, detalhando a distribuição dos testes: “47,4% dos testes são feitos em laboratórios públicos, 40,5% em laboratórios privados e 12,1% em laboratórios da academia e militares. Esta rede será, porém, expandida no âmbito da estratégia integrada outono-inverno”.

Relativamente a outras estatísticas sobre a pandemia no país, António Lacerda Sales revelou que a taxa de letalidade global é agora de 3,2%, sendo que a taxa de letalidade acima dos 70 anos está atualmente nos 15,5%.

Paralelamente, o secretário de Estado da Saúde disse que a situação da propagação do vírus nos lares de idosos “mantém alguma estabilidade”, mas assegurou que as autoridades continuam “a acompanhar com atenção os surtos no terreno”, valorizando o trabalho em articulação com a Segurança Social, as instituições e as câmaras municipais.

“Há 70 estruturas residenciais para pessoas idosas com casos positivos, o que corresponde a 2,8% do universo de estruturas residenciais para idosos em Portugal. São 532 utentes e 229 profissionais destas unidades positivos. 102 utentes estão internados em unidades hospitalares”, precisou.

Neste dia 21, o Ministério Público instaurou um inquérito sobre o surto de covid-19 na vila de Mora, no distrito de Évora, que já infectou 54 pessoas, revelou à agência Lusa a Procuradoria-Geral da República.

Portugal registra nesta nesta sexta-feira mais quatro mortes por covid-19 e 219 novos casos confirmados de infecção em relação a quinta-feira, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o boletim da DGS, desde o início da pandemia até agora registraram-se 55.211 casos de infecção confirmados e 1.792 mortes.

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