Covid-19: Brasil volta a registrar número mais alto de infecções

Da Redação com Lusa

O Brasil registrou na terça-feira quase 19 mil novas infecções pelo coronavírus SARS-CoV-2, o valor mais elevado em três meses, após o período de festas e a chegada da variante Ómicron, segundo dados oficiais.

De acordo com o mais recente relatório do Ministério da Saúde, cujos dados ainda estão a ser atualizados após um ‘ciberataque’ ao ‘site’, foram registrados 18.759 novos casos de infecção nas últimas 24 horas, o maior número desde 5 de outubro, quando foram registados 20.528 casos num dia.

A média móvel de casos de covid-19 no país nos últimos sete dias subiu para 9.876, quase o dobro do montante de 5.033 casos registrados na terça-feira anterior e o triplo das 3.386 notificações de infeções confirmadas duas semanas antes.

Da mesma forma, os testes que os brasileiros fizeram depois dos feriados de final de ano registaram resultados positivos em 27% das provas realizados no último domingo, contra apenas 5% no início de dezembro, segundo a Abrafarma, rede de farmácias que são os principais locais usados pela população para fazer exames deste tipo.

As comemorações do Natal e do Ano Novo e o avanço da variante Ómicron contribuíram muito para o aumento da contaminação no Brasil, segundo a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Até à noite de terça-feira, foram confirmados 170 casos de infecção associados à variante Ómicron e outros 518 casos eram considerados suspeitos pelo Governo brasileiro, números ainda muito baixos face ao tamanho da população do país, estimada em cerca de 213 milhões de pessoas.

“Vamos ter no Brasil a mesma progressão da variante Ómicron que os outros países”, acrescentou Maciel em declarações à AFP.

Na noite desta terça-feira, as autoridades do Rio de Janeiro anunciaram o cancelamento dos tradicionais desfiles de rua dos blocos de Carnaval devido ao recrudescimento da covid-19.

Esses desfiles, que duram um mês, reuniram sete milhões de foliões em 2020. Os desfiles dos blocos de rua no ano passado já haviam sido cancelados por conta da pandemia.

Já os emblemáticos desfiles das escolas de samba do Carnaval ‘carioca’, que acontecem num local fechado, estão por enquanto mantidos para o final de fevereiro.

Um ataque cibernético ocorrido em 10 de dezembro contra o ‘site’ do Ministério da Saúde impediu a recolha de dados sobre contaminação e mortes por covid-19 ao mesmo tempo em que permitiu o roubo de dados e a remoção de informações sobre a vacinação o país.

A atualização do ‘site’, que ainda está a decorrer, embora não mostre a situação real no país, também contribuiu para o aumento dos dados sobre a subida das infecções.

O Brasil já registrou cerca de 620.000 óbitos por covid-19 e mais de 22,3 milhões de casos da doença confirmados.

A covid-19 provocou 5.456.207 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Cruzeiro

O navio MCS Preziosa atracou neste dia 05 no Rio de Janeiro, quatro dias antes do previsto, com 33 casos de covid-19 a bordo, após a temporada de cruzeiros ser novamente suspensa no Brasil, algo criticado pelo Presidente brasileiro.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador brasileiro, cerca de 800 casos positivos foram confirmados nos últimos nove dias nos cinco navios que estavam em operação no país sul-americano.

Um deles é o Preziosa, que, com 25 tripulantes e oito passageiros infetados, num total de 2.500 passageiros, voltou hoje ao Rio de Janeiro antes da data estipulada, já que havia planeado mais duas escalas nos portos de Maceió (Alagoas) e Salvador (Bahia), dois estados do nordeste do país, antes do desembarque na “cidade maravilhosa”.

Devido aos altos índices de contágio, as empresas de cruzeiros no Brasil decidiram suspender elas mesmas as suas operações, a partir desta segunda-feira, até 21 de janeiro, após o Ministério da Saúde não ter tomado providências a respeito, apesar dos reiterados avisos da Anvisa.

A temporada de cruzeiros no Brasil – que começou em novembro de 2021 e vai até abril de 2022 – esperava mobilizar mais de 360.000 passageiros ao longo das costas do gigante país sul-americano e poderá agora acumular perdas de cerca de 45 milhões de reais (6,97 milhões de euros), de acordo com os especialistas.

Hoje, depois de ter deixado um hospital de São Paulo onde foi internado por obstrução intestinal, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticou a Anvisa pela suspensão da temporada de cruzeiros.

Apesar das quase 620 mil mortes que a pandemia deixou no país e das mais de 22,3 milhões de infeções, o Presidente brasileiro considera que a economia do país não pode ser travada por uma “gripezinha” – como já classificou a covid-19 por diversas vezes – e pediu ao regulador “bom senso” antes de fazer as suas recomendações.

“O mundo todo está de olho em nós. Não é porque somos bonzinhos não, é porque nós temos muito a oferecer. O Brasil é uma potência no agronegócio, é uma potência mineral, é uma potência no turismo. Lamento a decisão que tivemos agora, não pelo meu Governo, pela Anvisa, em relação aos cruzeiros. O Brasil é uma potência”, disse o chefe de Estado.

O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de mortes por covid-19, depois dos Estados Unidos, e o terceiro em número de infeções, atrás dos norte-americanos e da Índia.

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