Covid-19: Brasil atinge recorde de 6.276 novos casos nas últimas 24 horas

Pedestre usa máscara de proteção na Av. Paulista. Foto Rovena Rosa/Agência Brasil

Da Redação
Com Lusa

O Brasil registrou 449 mortos e 6.276 novos casos do novo coronavírus nas últimas 24 horas, atingindo um novo recorde diário de infectados desde o início da pandemia no país, informou o Ministério da Saúde. No total, o país contabiliza 5.466 óbitos e 78.162 casos confirmados do novo coronavírus.

Face aos números do dia anterior, o aumento de mortes no Brasil foi de 9%, passando de 5.017 na terça-feira para 5.466 nesta quarta-feira. Em relação ao número de infectados, o crescimento foi também de 9%, de 71.886 para 78.162 casos confirmados.

Segundo a tutela, a taxa de letalidade da doença no país mantém-se nos 7%.

O Ministério da Saúde informou ainda que o Brasil registrou, até à tarde de hoje, a recuperação de 34.132 pacientes infectados, sendo que 38.564 doentes continuam sob acompanhamento. Está ainda a ser averiguada a eventual relação de 1.452 óbitos com o novo coronavírus.

São Paulo é o estado que concentra o maior número de casos no país, num total de 2.247 mortos e 26.158 casos de infecção. Face ao dia anterior, o estado mais rico e populoso do país teve um acréscimo de 198 vítimas mortais e 2.117 infetados.

Na lista dos estados mais afetados seguem-se o Rio de Janeiro, com 794 óbitos e 8.869 casos de infeção, o Ceará, com 441 mortos e 7.267 infetados, Pernambuco, que, até ao momento, contabilizou 538 vítimas mortais e 6.194 casos confirmados, e o Amazonas, num total de 380 mortes e 4.801 pessoas diagnosticadas com covid-19.

Em todo o território, 16 das 27 unidades federativas do Brasil já têm mais de mil casos registrados da doença: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Pará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Bahia, Maranhão, Amazonas, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Amapá.

Na noite de terça-feira, após o Brasil tem alcançado um recorde diário de morte e ter ultrapassado a China no número total de óbitos, o ministro da Saúde, Nelson Teich, reconheceu a existência de um “agravamento da situação” da covid-19 no país.

“O que tem de ficar claro é que o número vem crescendo. Há alguns dias eu disse que poderia tratar-se de um acumulado de casos de dias anteriores, mas como temos uma manutenção desses números elevados e crescentes, temos de abordar isso como um problema”, disse o governante.

Bolsonaro x Governadores

Também neste dia 29, o Presidente Jair Bolsonaro remeteu a responsabilidade pelo aumento do número de casos e mortes no país para os governadores e prefeitos que decretaram medidas de isolamento social.

“Essa fatura deve ser enviada aos governadores. Pergunte ao senhor João Doria [governador do estado de São Paulo], ao senhor [Bruno] Covas [prefeito de câmara da cidade de São Paulo] porque eles adotaram medidas restritivas e as pessoas continuam a morrer”, disse Bolsonaro na porta do Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília.

“A minha opinião não vale, o que vale são os decretos de governadores e prefeitos. Não adianta a imprensa [meios de comunicação] colocar na minha conta essas questões, não adianta ‘botar’ a culpa em mim”, acrescentou.

O chefe de Estado brasileiro estava acompanhado de vários deputados aliados e também subscreveram as críticas feitas aos governos regionais.

Questionado pelos jornalistas sobre qual é, então, a sua responsabilidade na crise provocada pela pandemia, o chefe de Estado brasileiro aparentou nervosismo e declarou: “A pergunta é tão idiota que não vou lhe responder”.

Após os ataques feitos por Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria, se pronunciou durante coletiva de imprensa, e convidou o Presidente a “sair da bolha” para visitar hospitais em colapso em São Paulo.

“Pare Presidente com essa política de perversidade, pare de dificultar para quem está lutando para salvar vidas, pare de fazer política no meio de um país que lamenta mortes”, disse Doria.

Bolsonaro criticou as medidas de isolamento social desde que os primeiros decretos foram emitidos por prefeitos e governadores, alegando que a covid-19 é semelhante a uma gripe e que os brasileiros precisavam de voltar ao trabalho para evitar um colapso econômico.

Segundo as estimativas do governo regional de São Paulo, o número de mortes por coronavírus seria dez vezes maior na região sem as medidas de isolamento promovidas nas últimas semanas.

Apesar dessas ações, os sistemas de saúde pública de alguns estados brasileiros como Amazonas, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e até mesmo de São Paulo, estão perto do colapso.

Nas suas declarações, o Presidente brasileiro também disse que foi mal-interpretado no dia anterior, quando relativizou o aumento no número de mortes causadas pela covid-19.

“E daí? Lamento, mas quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”, disse na terça-feira o chefe de Estado brasileiro, fazendo um trocadilho com o seu nome Jair Messias Bolsonaro.

O Presidente culpou jornalistas alegando que a sua frase foi retirada de contexto e afirmou que “nunca ninguém negou que haveria mortes”.

“As mortes de hoje, a princípio, foram de pessoas infectadas há duas semanas. É o que eu digo para vocês: o vírus vai atingir 70% da população. Infelizmente é a realidade. Nunca ninguém negou que haveria mortes”, explicou.

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