Covid-19 alcança 11% da população na capital paulista, diz pesquisa

Da Redação
Com EBC

A prevalência de infectados pelo novo coronavírus na cidade de São Paulo chegou a 11,1% da população, ou seja, 1,32 milhão de residentes na capital paulista já tiveram contato com o vírus, de acordo com o resultado da fase dois do inquérito sorológico feito pela prefeitura e apresentado nesta terça-feira.

Por região, 16,1% dos moradores da zona sul já contraíram covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e na zona leste foram 13,3%. No sudeste da cidade, 9,3% da população contraiu o vírus, enquanto na zona norte foram 8,2%. Na região centro-oeste foram 3,7%, percentual menor do que nas fases anteriores (6,3% e 10,1%), e atribuído à dificuldade maior em testar moradores.

Nesta fase foram entrevistados e testados, até o dia 20 de julho, moradores de 5,6 milhões de domicílios com base nos dados de IPTUs, hidrômetros e 472 unidades básicas de saúde, chegando a um total de 5.760 pessoas e 2.328 coletas de material para exame.

Com esses dados, a prefeitura paulistana pretende conhecer a situação sorológica da população da cidade e direcionar as estratégias de saúde para combater de maneira mais eficiente a covid-19.

O inquérito mostrou que nesta fase os mais atingidos pelo vírus foi a de pessoas acima de 65 anos (13,9%), o que requer neste momento uma estratégia específica da Secretaria Municipal de Saúde com relação aos idosos.

“Isso pode apontar ainda que, mesmo que esses idosos tenham se mantido em isolamento social, membros da família que saíram de casa para trabalhar possam ter se contaminado e ter levado a doença para o idoso que ficou em casa. Vamos acompanhar e monitorar esses idosos”, disse o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.

Segundo os dados, a prevalência entre os indivíduos com ensino fundamental e médio foi maior, chegando a 16,4%. Além disso os mais atingidos pelo novo coronavírus na fase 2 foram os pretos e pardos (14,6%) e das classes D e E – 13,3% e 17,7% respectivamente, o que mostra que os mais infectados continuam sendo as pessoas desempregadas e mais vulneráveis.

Distanciamento social
Quando avalia o distanciamento social, o inquérito revela que se acentua nessa fase o percentual de pessoas que não cumpriram a medida e contraíram a covid-19 (25,2%) e testaram positivo. Entre os que fizeram o isolamento parcialmente 18,4% foram infectados e para aquele que fizeram o isolamento de forma correta a prevalência foi menor (8,5%).

Entre os que sempre usam a máscara de proteção em locais públicos, a contaminação chegou a 9%. Entre os que usaram a maioria das vezes foi de 21,8% e os que usam de vez em quando, 30,5%. “Isso significa dizer que uso da máscara é imprescindível na contenção da transmissão da doença. A adesão ao uso é fator de redução da transmissão”, observou Aparecido.

Da mesma maneira, o levantamento mostrou que entre a população que está em teletrabalho a incidência foi menor (8%) e para os que trabalham fora de casa foi de 14,3%. Já os que trabalham de forma mista foi de 8,2%. Entre os desempregados, 15,1% já tiveram contato com o vírus.

A estimativa de proporção de assintomáticos nesta fase do inquérito que apresentaram teste reagente para covid-19 foi de 39,7%. “Esse é um número expressivo que mostra que realmente podemos ter um número elevado de pessoas que não apresentam nenhum sintoma. E mostra também que, como diz a literatura, uma parte das pessoas que contraem não tem sintomas. Esses números precisam estar a serviço da construção de estratégias corretas para o combate”.

Por conta desses resultados relacionados à idade predominante, o prefeito Bruno Covas solicitou à Secretaria Municipal de Saúde que faça um inquérito paralelo à fase 4 com exclusividade para crianças e adolescentes. “Assim poderemos ter mais dados para embasar a decisão da prefeitura em relação à volta às aulas, pois teremos informações sobre a relação da transmissão entre as crianças e adolescentes e seu comportamento em famílias de pessoas que testaram positivo”, disse o prefeito.

Para Covas, o novo coronavírus está mostrando de fato a desigualdade existente na capital paulista. “A incidência é quatro vezes maior na classe D do que na A. Quem é mais pobre tem mais chance de pegar o vírus e mais do que o dobro sobre quem tem ensino fundamental, quando comparado a quem tem ensino superior. A população com menos instrução pega mais. Mostra ainda a desigualdade racial, já que os pretos e pardos têm 60% mais chance de pegar do que os brancos. São dados que conformam o que temos falado há algum tempo”, ressalta Covas.

Segundo o boletim mais recente, a cidade de São Paulo tinha, até dia 27, 207.933 casos confirmados e 9.315 óbitos por covid-19. Nos últimos 14 dias foram registradas 8.923 internações pela doença. A taxa de ocupação média de leitos de UTI Covid na rede municipal nos últimos 7 dias é de 56,9% e a média da taxa de ocupação de leitos de UTI Covid na cidade nesse mesmo período é de 66,1%.

Vacina

O Governo de São Paulo começa nesta semana os testes clínicos da vacina contra o coronavírus em quatro novos centros de pesquisa. O potencial imunizante está em fase final de pesquisa por meio de uma parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac Life Science.

A testagem coordenada pelo Butantan terá a participação de 9 mil voluntários e deve ser concluída entre o fim de outubro e o início de novembro. Dos 12 centros de pesquisa selecionados no Brasil, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o HC (Hospital das Clínicas) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP iniciam a pesquisa nesta quinta-feira (30).

No dia seguinte, é a vez da Universidade Municipal de São Caetano do Sul e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O Emílio Ribas e o Centro da UFMG contarão com 852 participantes cada. Já a Universidade Municipal de São Caetano do Sul terá 652 voluntários, além de outros 500 no HC de Ribeirão Preto.

O primeiro centro a testar a Coronavac em voluntários foi o HC da Faculdade de Medicina da USP, na capital, na última terça-feira (21). A terceira fase de testes no HC em São Paulo é direcionada a 890 voluntários. O início dos testes nos demais centros será anunciado nos próximos dias.

O imunizante desenvolvido pela Sinovac Life Science, um dos mais promissores segundo o governo, utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outras vacinas. O Instituto Butantan avalia que sua incorporação ao sistema de saúde deva ocorrer mais facilmente.

O laboratório asiático já realizou testes em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra o coronavírus.

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