“Confiante”: Médico é o primeiro a ser vacinado no Porto

Da Redação Com Lusa

O médico infecciologista António Sarmento, o primeiro profissional de saúde a ser vacinado contra a covid-19 no Hospital de São João, no Porto, mostrou-se “confiante” e vincou a importância da vacinação mesmo que “sem risco zero”.

“Gostaria só de dizer que estou absolutamente tranquilo com a vacina, mas não tão tranquilo com todo este aparato, isto sim faz-me sofrer um bocado, a vacina não”, comentou, referindo-se ao aparto dos jornalistas a acompanhar o momento no local.

António Sarmento referiu que a opção contrária seria não fazer a vacina e não fazer a vacina era confiar que não ia apanhar a doença e, se a apanhasse, nada ia acontecer.

“Mas, a probabilidade de acontecer existe e é real”, frisou.

O diretor de serviços de doenças infecciosas, de 65 anos, a trabalhar nesta unidade de saúde há 42, recebeu a vacina das mãos da enfermeira Ana Isabel Ribeiro sob o olhar da ministra da Saúde, Marta Temido, e perante dezenas de `flashes´ e câmeras de televisão e ao som de aplausos.

“É evidente que o risco não é zero, mas o risco não é zero para nenhuma medicação nova ou vacina nova que se venha a desenvolver, todas elas tiveram fase de estudo, ensaios de fase 1, 2 e 3 e, depois foram, comercializadas e expandidas a toda a humanidade”, disse o médico.

Já a enfermeira Ana Isabel Ribeiro lembrou o ano “mais difícil” da sua carreira e disse ter “esperança” de que este seja mais um passo no combate à pandemia da covid-19 que já provocou mais de 1,7 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 6.556 em Portugal.

“É uma honra estar aqui. Foram meses muito duros, vimos doentes muito mal, doentes que não conseguimos salvar e outros que refizeram as suas vidas com restrições”, disse Ana Isabel Ribeiro, que é vacinada hoje às 15:36.

No Hospital de São João a “megaoperação” de vacinação mobiliza cerca de 100 profissionais no primeiro dia de campanha nacional em Portugal.

Ao longo de 10 horas, e em 25 pontos de vacinação a trabalhar em simultâneo, serão administradas 2.125 vacinas contra a covid-19 a médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica de serviços referenciados pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

À semelhança de outros países da União Europeia, em Portugal a vacina é facultativa, gratuita e universal, sendo assegurada pelo SNS.

Os profissionais dos centros hospitalares universitários do Porto, Coimbra, Lisboa Norte e Lisboa Central serão os primeiros a ser vacinados.

Nos Açores
O Governo dos Açores adiantou que a chegada à região do primeiro lote de 9.750 doses de vacina contra a covid-19 foi antecipada, e as mesmas devem chegar até terça-feira.

As vacinas, precisou em nota o secretário regional da Saúde, Clélio Meneses, serão entregues diretamente na ilha Terceira, e serão transportadas num avião da SATA.

“O fornecedor já informou que a entrega será em 28 ou 29 do corrente, faltando apenas que nos diga qual o voo em que o lote de vacinas será transportado”, indicou ainda o governante.

As 9.750 doses da vacina vão ser administradas a 4.875 pessoas, reservando-se metade para a segunda inoculação, já que a vacina é administrada duas vezes por pessoa, com 21 dias de intervalo.

Na região, os primeiros a vacinar, até março do próximo ano, serão os idosos institucionalizados em lares, estruturas residenciais, rede de cuidados continuados e casas de saúde.

Ao mesmo tempo, serão vacinados os profissionais de saúde e as pessoas identificadas no plano regional de vacinação com doença ou patologia.

“De março a junho, as vacinas que chegarem, serão administradas a outras pessoas, nomeadamente idosos com mais de 65 anos e pessoas entre os 50 e os 64 anos, detentoras de patologias. A partir de julho, a inoculação é genérica”, declarou Clélio Meneses, citado na nota.

As primeiras vacinas serão disponibilizadas nas ilhas Terceira e São Miguel, por serem aquelas onde há transmissão comunitária do novo coronavírus.

Portugal inicia hoje a primeira fase de vacinação contra a covid-19, mais de nove meses depois do primeiro caso registado no país, numa iniciativa que abrange ao longo dos próximos dois dias os 27 estados-membros da União Europeia.

O primeiro lote de 9.750 doses da vacina desenvolvida pela Pfizer-BioNTech — a primeira a ser lançada no mercado, depois de ser autorizada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) – chegou este sábado e vai ser complementado na segunda-feira com um segundo contingente de 70.200 doses, que se traduz num acumulado de 79.950 doses.

Foram detectados nos Açores até hoje 1.793 casos de infecção, 21 mortes e 1.373 recuperações. Dos 308 casos positivos ativos na região, 259 encontram-se em São Miguel, 39 na Terceira, dois no Pico, um em São Jorge e sete no Faial.

Medo da Vacina
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, que esta manhã foi vacinado contra a covid-19 no Hospital de São João no Porto, aproveitou para apelar aos portugueses que “não tenham medo de se vacinar”.

“Orepto que deixo aos portugueses é que não tenham medo de se vacinar”, disse Miguel Guimarães, considerando que este é “um ato de cidadania”.

O bastonário da OM é médico urologista do Centro Hospitalar e Universitário de São João, tendo sido convocado pela administração desta unidade hospitalar para a primeira fase de vacinação contra a covid-19 pela sua atividade na área da transplantação renal.

Miguel Guimarães foi vacinado cerca das 11:45. Aos jornalistas relatou que “foi rapidíssimo, não dá dor nenhuma e a administração é extremamente simples”.

“Já fiz outras vacinas, há vacinas mais dolorosas, não é o caso desta, esta é vacina muito simples, bem aplicada, sem qualquer tipo de problema”, descreveu.

O médico recordou que “a imunidade demora tempo a chegar” e que “vai ser preciso fazer segunda dose dia 17 de janeiro” e que “a partir daí, sim, a imunidade fica mais reforçada”.

“Há que utilizar todos os meios de proteção individual e coletiva”, frisou, acrescentando que “à medida que todos vão sendo vacinados, todos vão ficando mais protegidos e conseguir-se-á atingir a imunidade de grupo, o que significa na prática ganhar o combate a este vírus”.

O bastonário considerou que o momento de hoje é “um ato simbólico” que poderá “ajudar” os portugueses mais indecisos.

“Estou seguro de que vai ajudar. Hoje é um ato simbólico. É um sinal de grande esperança para todos nós e motivo para dizermos presente, ou seja, para nos apresentarmos e vacinarmos a pensar nas outras pessoas e nos doentes e nas pessoas mais frágeis, pensar em diminuir a mortalidade da doença e a contagiosidade da própria doença”, concluiu.

Só neste hospital serão administradas 2.125 vacinas contra a covid-19 a médicos, enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos de diagnóstico e terapêutica de serviços referenciados pela DGS.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,7 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 6.556 em Portugal.

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