Cerca de 87% das doses de vacinas foram obtidas por países ricos

Da Redação
Com Lusa

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a distribuição das vacinas anti-covid-19 no mundo está muito desequilibrada, referindo que 87% das doses de vacinas foram obtidas pelos países mais ricos.

“Cerca de 87% das vacinas [doses já produzidas] foram para os países mais ricos, enquanto muitos países não têm vacinas suficientes para administrar aos trabalhadores de saúde quanto mais à população inteira”, afirmou o responsável numa conferência de imprensa ‘online’ realizada a partir de Genebra.

Para destacar o desequilíbrio, Tedros Adhanom Ghebreyesus sublinhou que, “nos países mais ricos, uma em cada quatro pessoas já foi vacinada, enquanto nos mais pobres a relação é de uma em cada 500”.

Uma situação que o diretor-geral da OMS espera ver alterada nos próximos meses, sobretudo com a ajuda do mecanismo de distribuição equitativa de vacinas Covax.

“A Covax deveria distribuir 100 milhões de vacinas até ao final de maio, mas, devido a problemas que causaram atrasos nas entregas, foram distribuídas até ao final de março 38 milhões de doses”, adiantou o responsável da OMS, acrescentando esperar que seja possível ultrapassar os problemas nos meses de abril e maio.

“Queremos aumentar a produção” de vacinas e “estamos a falar com a Índia e a Coreia do Sul” para perceber como o podem fazer, referiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentando que a OMS também está a negociar com países que têm mais doses de vacinas do que as que precisam para administrar a toda a população para que disponibilizem o excedente.

Também presente na videoconferência, o epidemiologista Seth Berkley, presidente executivo da Aliança das Vacinas (Gavi), adiantou que a vacina de fabrico chinês, a Sinopharm, pode ser incluída no lote distribuído pela Covax “antes de abril”.

“Estamos a analisar todos os produtos – precisamos que tenham eficácia comprovada – porque queremos ter um portfólio bem equilibrado”, afirmou.

“Neste momento temos sete [vacinas disponíveis no mecanismo], queremos ter entre 10 e 15, além de aumentar o volume” de fabrico, sublinhou Seth Berkley, que explicou que a necessidade obriga “a quadruplicar o fabrico” dos fármacos anti-covid-19.

“Precisamos de 12 a 14 mil milhões de doses até ao final do ano” e, por isso, “já estamos a verificar locais onde se possa fabricar mais vacinas, concluiu.

Controle de exportação

Também nesta semana, a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediu aos países desenvolvidos que “deixem de lado os controles de exportação” e garantam que “as vacinas excedentes cheguem aos países pobres”, para deixar para trás, o mais rápido possível, a crise pandêmica.

“Devemos aumentar a produção e distribuição de vacinas e deixar de lado os controles de exportação. Isso também significa financiar totalmente a ferramenta Covax (para distribuição equitativa de vacinas) e garantir que as vacinas excedentes sejam transferidas para os países pobres”, disse Georgieva na conferência de imprensa da reunião da primavera do FMI.

Georgieva sublinhou que “a política de vacinação é uma política econômica” ao mesmo tempo que expressou a “urgência” para que “as vacinas cheguem a todos, em todo o lado”.

Se nos Estados Unidos a previsão é de que 90% da população seja vacinada até ao verão, e na Europa o mesmo ocorre para o outono, em regiões como a América Latina será necessário esperar até 2022 para atingir um grau semelhante de proteção contra o coronavírus, na taxa de inoculação da corrente.

Na Europa, foi revisado o mecanismo de transparência e autorização de exportações de vacinas que prevê a continuação dos contributos europeus para o Covax, segundo a comissária europeia da Saúde.

“O fortalecimento dos nossos critérios de autorização de exportação não vai afetar de nenhuma maneira as nossas contribuições para o Covax”, afirmou Stella Kyriakides, responsável pelas áreas de Saúde e Segurança Alimentar da Comissão Europeia, reiterando a necessidade de uma colaboração global: “Temos de nos basear no princípio mais humano de que ninguém está seguro até todos estarmos seguros”.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.903.907 mortos no mundo, resultantes de mais de 133,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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