Cavaco Silva defende investimentos e parceria estratégica com Brasil

Um dos resultados da conversa entre ambos presidentes é realização de uma Cimeira Portugal-Brasil ainda este ano, em Brasília. Cavaco e Lula afirmam que ainda há muito por fazer nas relações bilaterais em benefício dos dois países.

Da Redação Com Agência Brasil

Ricardo Stuckert/PR

RIO DE JANEIRO >> Os presidentes de Portugal e do Brasil e as primeiras-damas, durante evento de comemoração dos 200 anos da transferência da Corte portuguesa para o Brasil.

O presidente português Aníbal Cavaco Silva, ressaltou no dia 8 de fevereiro, no Rio de Janeiro que o Brasil deve ser visto pelos portugueses como mais do que um destino turístico agradável.

“O Brasil é mais do que um país de futuro. É um país do presente onde vale a pena apostar e investir com a visão do futuro", disse Cavaco Silva ao participar das comemorações do bicentenário da vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil, na sede do Real Gabinete Português de Leitura.

Segundo Cavaco Silva, intensificar a comunhão econômica entre os países é um caminho para ambos alcançarem maior afirmação no cenário internacional. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, também presente à cerimônia, lembrou que a relação privilegiada do Brasil com Portugal pode ser estendida aos demais países de língua portuguesa.

Lula também elogiou a entidade anfitriã do encontro, ao afirmar que “nenhuma instituição fez mais para preservar os laços que nos unem do que o Real Gabinete, a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal”. O Real Gabinete Português de Leitura dispõe de um acervo com mais de 400 mil títulos, todos digitalizados.

2 nações: Parceria Estratégica No primeiro dia da visita oficial do presidente português, 7 de fevereiro, os presidentes destacaram a parceria histórica existente entre os dois países, cujo principal motor foi a vinda da corte há 200 anos.

A data foi comemorada por Lula e Cavaco Silva no Museu Histórico Nacional, com o lançamento de medalha comemorativa do bicentenário da chegada da família real ao Rio de Janeiro, feita pela Casa da Moeda do Brasil e pelo Clube da Medalha de Portugal, além de selo alusivo à data, confeccionado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

O presidente português enfatizou que após dois séculos “são reconhecidos o arrojo político e a visão estratégica” da decisão de dom João VI de transferir-se com a família real para a colônia brasileira. Dirigindo-se ao presidente Lula, Cavaco Silva disse que “a partilha dos mesmos valores e da mesma língua, e a comunhão de um vasto conjunto de interesses justificam uma cada vez mais estreita coordenação de posições entre os nossos países, a nível bilateral e na cena internacional”.

Cavaco Silva afirmou, porém, que Portugal e Brasil ainda estão distantes do que se poderia esperar em termos de parceria. Segundo ele, é preciso favorecer tudo quanto possa contribuir para aproximar as duas nações, incluindo desde o intercâmbio cultural, o artístico e o acadêmico, até a cooperação científica e tecnológica, as trocas comerciais, os fluxos turísticos e de investimentos. Destacou, ainda, a necessidade do aprofundamento das relações no campo político, de modo a projetar essa parceria no cenário internacional.

Para Cavaco Silva, é importante que o Brasil e Portugal aprofundem suas inserções na União Européia e no Mercosul, respectivamente. Ele propôs, inclusive, uma maior cooperação entre as instituições bilaterais diplomáticas e intercâmbio de seus quadros funcionais, batizando de antemão esse programa de Padre Antonio Vieira, jesuíta nascido em Portugal em 1608, que veio com a família para o Brasil em 1614 e ficou conhecido como o maior orador sacro de língua portuguesa.

Ainda no Museu Histórico Nacional, Lula e Cavaco Silva visitaram a exposição "Um Novo Mundo, Um Novo Império-A Corte Portuguesa no Brasil", aberta ao público desde dia 8 e até 8 de junho.

A mostra reúne documentos e objetos, alguns inéditos, de instituições públicas e particulares do Brasil e de Portugal. O acervo relata a situação na Europa há 200 anos, desde as guerras napoleônicas que culminaram com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, até a Proclamação da Independência pelo Imperador dom Pedro I.

Cinco séculos de parceria Ainda no dia de chegada da comitiva portuguesa ao país, o presidente brasileiro disse que Brasil e Portugal reinventam a cada dia a sua relação, 200 anos após a transferência da corte. “Em anos recentes, portugueses e brasileiros continuam a reinventar uma parceria transatlântica de mais de cinco séculos”, afirmou Lula, ao lado do presidente português.

Ao falar sobre o aumento dos investimentos de Portugal no Brasil, Lula mencionou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que classificou de “radiografia para os investidores que querem descobrir o Brasil”. Para Lula, a chegada de Dom João e a família real trouxe “energia e modernização” para o país. “Quando em 1821, regressou a Portugal, deixou para trás um outro Brasil”, disse o presidente.

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