Casas devem se modernizar em “novo conceito” da panificação

Do Jornal Mundo Lusíada

A panificadora mudou, não vive apenas de pãezinhos. Hoje em dia, ela precisa ser completa para atender bem o cliente. Para o presidente do Sipan-ABC – Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Grande ABC, Antonio Carlos Henriques, o empresário precisa ser ousado para que “as pessoas acreditem no seu negócio”.

“A padaria comum, pequena, que não se adequar a nova realidade do mundo, com certeza vai ter dificuldades. Acho que criamos e construímos um novo conceito e nova realidade para a panificação de São Caetano do Sul, de São Paulo e do Brasil”, diz Henriques, que é um dos proprietários da Nova Brasília, no ABC Paulista.

A Nova Brasília optou pela contratação de uma profissional da área de nutrição, além de profissional de psicologia, para fazer o perfil dos novos funcionários e auxiliá-los em problemas dentro e fora do estabelecimento. Esta é uma inovação que já chegou também às grandes panificadoras de São Paulo.

Segundo ele, não é apenas na panificação mas em todos os setores, e em todo o Brasil, que falta mão-de-obra qualificada. “A panificação tem uma condição mais difícil porque trabalha com uma mão-de-obra pouco especializada. Mas temos que acreditar em nós e nas pessoas. Estamos acreditando que através de um trabalho de psicologia em Recursos Humanos e treinamentos, possamos conseguir pessoas que atendam às nossas necessidades”.

Quem concorda é o presidente do Sindicato e Associação dos Panificadores e Confeitaria de São Paulo, Antero Pereira, que defende que profissionais qualificados são difíceis em diversas áreas. “Faltam escolas em maior quantidade do que existe para qualificar essa mão-de-obra. Só a região de São Paulo, se tivéssemos uma mão-de-obra mais qualificada, teria mais de 10 mil empregos atualmente”, diz ele citando cargos como confeiteiro, padeiro, pizzaiolo, balconista e outros. “O que temos hoje é muito precário. Na realidade, ela acaba se qualificando dentro da padaria”, afirma citando funcionários que nunca trabalharam, e após passar por um treinamento, se formam ao longo do tempo dentro das próprias padarias. “O panificador deve ficar atento, não só buscar profissionais de qualidade que já tenham muitos ‘vícios’ de outras empresas, mas buscar profissionais que estejam integrados e queiram trabalhar no setor”, diz Antonio Carlos.

Segundo Antero Pereira, São Paulo conta com cerca de 4 mil padarias que empregam aproximadamente 80 mil pessoas. Apesar das mudanças e crescimento dos estabelecimentos hoje em dia, ele defende que a panificadora vem expandindo em espaço mas vendendo “aquilo que sempre vendemos”. “Sempre tivemos o nosso doce, a nossa pizza, a nossa copa servindo lanches, hoje estamos expandindo um pouco para a comida mas não chega a atrapalhar os outros”, diz citando concorrências de outros setores. “O cliente ficou mais exigente, há necessidade de se dar um melhor atendimento e uma maior variedade de produtos”.

Abastecimento da Farinha De acordo com o presidente do Sindipan SP, o setor ainda continua com o problema de abastecimento de farinha de trigo. O Brasil não produz em quantidade suficiente, e o setor de panificação precisa importar o produto da Argentina.

“Nós colhemos mais trigo este ano, em compensação um trigo que não servia para a panificação, ele é usado para macarrão e biscoitos. E fomos buscar lá fora o que não temos aqui dentro. Nós importamos aproximadamente 6 milhões de toneladas de trigo/ano no Brasil. De qualquer forma, o ano passado teve uma grande colheita a nível mundial e não vai ter problema de abastecimento”, diz o português Antero Pereira, há 42 anos no Brasil, e natural de Alfândega da Fé, distrito de Bragança. “Eu já era panificador em Portugal, meus pais eram do ramo, e depois que vim para cá comecei a trabalhar numa padaria até adquirir a minha”.

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