Cada vez mais, imigrantes desistem de Portugal

O Plano de Integração quer combater vulnerabilidade dos idosos imigrantes. O modelo português de integração tem sido considerado `uma referência` a nível internacional, diz o governo.

Da Redação

Com agencias

Brasileiros e africanos dos países de língua portuguesa estão no topo de uma lista que apontam os imigrantes que entraram com pedido para retornarem ao seu país de origem.

Os dados são do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante (CNAI) de Lisboa, e sugerem que, cada vez mais, os emigrantes estão desistindo de permanecer em Portugal. O desemprego e a dificuldade em obter vínculos sociais estáveis estão entre os motivos para esse retorno para casa.

O Governo Português e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) Missão em Portugal assinaram um acordo que prepara o regresso destes imigrantes, no âmbito do Programa de Retorno Voluntário, dirigido aos estrangeiros que não pertençam a nenhum país da União Europeia, que se encontrem em situação irregular no país.

Segundo uma reportagem do jornal Público, desde 1997, o programa já apoiou cerca de 1.700 pessoas, que regressaram a 40 diferentes países de origem, de forma digna. E os pedidos vem crescendo a cada ano. “Cada vez há mais casos de imigrantes que chegam à conclusão de que não compensa estar em Portugal”, diz Lígia Almeida, diretora do CNAI.

Entre casos apontados na reportagem, está de um brasileiro natural do Espírito Santo que chegou a passar fome e não consegue trabalho na área da construção. Ou ainda um sãotomeense que pretendia estudar no país, mas não conseguiu se manter, não conseguiu um trabalho, pois tinha apenas o visto de estudante.

Para além dos casos negativos, há também muitas histórias de imigrantes de sucesso em Portugal. Como a história de um caboverdiano que é professor de dança contemporânea e está ha 10 anos no país. “É mais fácil, por causa da língua e, aqui, encontra-se sempre alguém com um sorriso”, diz Hélio Santos.

Atualmente, Portugal tem cerca de meio milhão de imigrantes. Os Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante foram criados em 2004 para dar resposta às dificuldades sentidas pelos estrangeiros no processo de integração em Portugal.

Plano de Integração quer combater vulnerabilidade dos idosos imigrantes 

O II Plano para a Integração dos Imigrantes vai apostar no combate à vulnerabilidade socioeconômica dos idosos imigrantes, divulgando o apoio institucional disponível, revelou, em Coimbra, a alta comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural. “Estamos a fazer um levantamento. Há imigrantes idosos que desconhecem por completo os seus direitos ou as ajudas que o Estado pode dar”, disse Rosário Farmhouse à agência Lusa.

Em vigor até 2013, a iniciativa “To-Gather”, que se integra no projeto europeu Comenius, pretende divulgar junto dos imigrantes idosos e suas famílias os apoios sociais disponíveis e, sempre que haja direito aos mesmos, agilizar o seu acesso “com vista ao combate à sua vulnerabilidade socioeconômica e segregação” social. A ideia é analisar caso a caso e “chegar a 1000 idosos”, disse Rosário Farmhouse.

“Embora Portugal seja um país recente de acolhimento de imigrantes, já começa a haver idosos, principalmente das ex-colônias” referiu.

Outra nova área do plano é a da promoção da diversidade e da interculturalidade, através de, entre outras medidas, um projeto de mediação cultural em serviços públicos, a sensibilização e capacitação para o diálogo inter-religioso e o reforço da dimensão da interculturalidade nos CLAI (Centros Locais de Apoio a Imigrantes).

Neste âmbito, citou o fato de Portugal ser um “povo de emigrantes”, caracterizado também por “uma miscigenação” de culturas. “Os imigrantes fazem parte da solução, participam ativamente nas políticas de integração. Trabalham nos nossos centros nacionais”, disse à Lusa. Segundo ela, o modelo português de integração tem sido considerado `uma referência` a nível internacional.

Contudo, na sua perspetiva, ainda existe “algum racismo envergonhado em Portugal”. “Temos de trabalhar as nossas competências interculturais. Por vezes ainda discriminamos”, advertiu Rosário Farmhouse. 

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