Brasil entre os países que serão mais afetados por mortes em ondas de calor

Da Redação

A imprensa europeia já fala sobre o aquecimento do planeta e as mortes que virão por conta das ondas de calor no futuro. Mas segundo uma pesquisa publicada na revista científica PLOS Medicine, os países mais afetados seriam Brasil, Colômbia e Filipinas, enquanto Europa e Estados Unidos seriam as regiões menos afetadas.

A mudança climática pode aumentar o número de mortes relacionadas às ondas de calor entre 2031 e 2080, comparado ao período que vai de 1971 a 2020. O estudo indica que, entre as regiões analisadas (Américas do Norte, Central e do Sul, Europa setentrional, central e meridional, Leste da Ásia, Sudeste Asiático e Oceania), as áreas próximas da linha do Equador correm mais riscos do que as áreas temperadas. Neste cenário, o número de mortes relacionadas às ondas de calor subiria 2000% na Colômbia e 150% na Moldávia.

No caso do Brasil, o estudo aponta para um aumento de até 25% nas mortes relacionadas com esses eventos climáticos em um cenário de baixa ocorrência. Se a ocorrência das ondas de calor for alta, as mortes podem aumentar em até 75%.

“Todos os modelos mostram que no Brasil aumentarão a frequência e intensidade de ondas de calor e, por sua vez, aumentará o número de mortes”, afirma a meteorologista Micheline Coelho, uma das coautoras do estudo, e pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

Os pesquisadores analisaram dados sobre mortalidade e séries históricas de temperaturas registradas em 412 cidades, de 20 países. Para calcular as projeções de incremento na mortalidade, eles utilizaram também dados disponibilizados de modelos climáticos globais, os mesmos que o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, na sigla em inglês) usa para produzir seus relatórios.

Não existe um conceito aceito universalmente pela comunidade científica para definir o que é onda de calor. “Quando o ambiente está muito quente, o organismo não consegue fazer essa troca e a regulação do nosso corpo perde o equilíbrio, podendo levar a graves problemas ou à morte. O desequilíbrio da temperatura corporal promove mudanças em hormônios e enzimas, atingindo os mais diversos órgãos”, explica Micheline Coelho.

A pesquisa foi desenvolvida por um grupo colaborativo formado por pesquisadores de vários países, do qual fazem parte Micheline Coelho e o médico patologista Paulo Saldiva, atual diretor do IEA, segundo o jornal da USP.

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