Associação Comercial do Porto diz que mudança da RTP2 pode ser para “calar as pessoas”

Da Redação
Com Lusa

O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP) alertou em 03 de janeiro que é preciso conhecer os planos para a RTP2 e declarou que a “compensação” pela “Praça da Alegria” no Porto pode ser uma tentativa de “calar as pessoas”.

Em reação ao anúncio pela administração da RTP de que a produção do segundo canal da televisão pública vai passar para o Centro de Produção do Norte, o presidente da ACP, Rui Moreira, disse à Lusa que não gosta muito “destes jogos de compensações, ainda que compreenda os fatores de gestão que presidem a estas decisões”.

A perda de importância dos serviços do Porto dentro da RTP levantou polêmica depois da decisão tomada pela administração, em dezembro, de passar a produzir em Lisboa o programa televisivo matinal “Praça da Alegria”. A decisão levou os trabalhadores da RTP Porto a promoverem uma vigília.

A conferência de líderes parlamentares agendou para 16 de janeiro o debate em plenário sobre o fim da produção de programas da RTP no Porto.

“Se isto é uma forma de nos tentar calar, ainda que veja mais RTP2 do que a ‘Praça da Alegria’, a mim não me cala”, disse Rui Moreira, lembrando estar ainda por explicar a motivação por trás da transferência para Lisboa da produção do programa.

O presidente da ACP realçou que a RTP2 é um “canal que devia ser particularmente acautelado e protegido”, algo que não acontece neste momento.

“Toda a produção da 2 vai passar para o Porto e outras produções de outros canais passam também para o Porto”, nomeadamente da RTP1 e da RTP Internacional, afirmou fonte oficial da RTP, adiantando que esta decisão da administração liderada por Alberto da Ponte não traz encargos extra já que alguns serviços que eram contratados externamente passam a ser feitos dentro da estação pública.

Para Rui Moreira, “essa forma de compensação vaga é sempre uma forma de calar as pessoas e de ocultar”.

Produção deve ser feita com autonomia

O deputado do PCP Honório Novo considerou no mesmo dia que não basta transferir a produção da RTP2 para o Porto, sendo necessário também que a gestão do canal se faça nos estúdios no Monte da Virgem “com plena autonomia”.

“Dentro dos detalhes que é preciso salvaguardar, julgo ser inquestionável que se garanta, no âmbito desta transferência, se ela se vier a verificar, as condições de autonomia plena por parte do Norte”, afirmou o deputado comunista Honório Novo, eleito pelo círculo do Porto, em declarações à Lusa.

Na avaliação do parlamentar do PCP, “não vale a pena pensar que se atira areia para os olhos das pessoas, de uma forma geral, dos portuenses, de uma forma particular, e dos trabalhadores, de uma forma direta, se falar na transferência da programação da RTP2 para o Norte e se mantiver a gestão, ou seja, a cabeça em Lisboa”.

“Porque não conhecemos os detalhes, aquilo poderá ser considerado, para já, uma meia vitória, sem esquecer ainda a reclamação da manutenção da [emissão] ‘Praça da Alegria’ no Porto”, assinalou Honório Novo.

O presidente da RTP, Alberto da Ponte, visitaria as instalações da RTP Porto e, segundo Honório Novo, “importa” que, na ocasião, o gestor “esclareça totalmente os detalhes e as implicações desta anunciada decisão”.

PS/Porto diz que seria uma boa notícia

Para o líder da distrital do PS/Porto, “aparentemente” a transferência da produção da RTP2 para o Porto seria uma boa notícia, aguardando esclarecimentos da administração da RTP para saber do que se trata “em concreto”.

“Temos que saber se essa aparência corresponde a um conteúdo efetivo de reforço da programação ou se constitui, pelo contrário, uma metodologia encapotada para esvaziar os conteúdos que hoje garantem a RTP/Porto como uma estrutura fundamental de produção”, disse José Luís Carneiro.

Na opinião do líder da distrital socialista, “só aparentemente constitui uma boa notícia”, anunciando que “o PS/Porto, juntamente com os deputados eleitos pelo distrito do Porto, tem agendada uma reunião com o presidente do conselho de administração da RTP para 14 de janeiro”, encontro no qual serão pedidos “esclarecimentos aprofundados” para se saber aquilo de que se está “a falar em concreto”.

“Admitindo que não se coloca esse cenário de privatização da RTP2, então temos que saber do que é que estamos a falar, ou seja, quantas horas de programação é que vão ser desenvolvidas na RTP/Porto, de que programas estaremos a falar”, sublinhou. José Luís Carneiro disse ainda que não deixará de ser manifestada à administração da RTP a incompreensão e a contestação do PS face “à decisão de retirar do Porto a produção do programa Praça da Alegria”.

O líder do PS/Porto deixou ainda um alerta: “em setembro ouvimos afirmar que a RTP2 era para privatizar. Estarem a conceder à RTP/Porto a produção de um canal que possa vir a ser privatizado, verdadeiramente poderia significar uma forma encapotada de esvaziar o centro de produção da RTP”.

Segundo fonte da RTP, “toda a produção da 2 vai passar para o Porto e outras produções de outros canais passam também para o Porto”, nomeadamente da RTP1 e da RTP Internacional. Os serviços de produção da RTP2 vão começar a ser transferidos ainda durante o mês de janeiro.

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