Aos 97 anos, Orfeão Português é exemplo de superação

Por Igor Lopes

Da diretoria da casa: Paulo Morgado (esq), Cirene Galvão, Adão e Dagmar Lourenço. Foto: Igor Lopes

O presidente do Orfeão Português, no Rio, Adão Rodrigues Lourenço, disse estar preocupado com a continuidade da casa. A revelação foi feita durante a festa de 97 anos do Orfeão no último dia 17, no bairro do Maracanã, Zona Norte da cidade. Com casa cheia, o clube reuniu dezenas de pessoas nesse tradicional cantinho português, que passou por momentos negativos, mas conseguiu seguirem frente. Hoje, a diretoria vislumbra um futuro melhor. Mesmo assim, a luta, agora, é reunir mais pessoas interessadas em integrar a direção do clube e captar o interesse dos jovens.

No começo da entrevista, Adão não esperou sequer a primeira pergunta e foi logo se adiantando a contar um pouco da história do clube. Mas nem só de glórias vive o Orfeão Português. Apesar dos seus anos de ouro, com casa cheia e muitos eventos, o clube chegou a ficar três anos de portas fechadas, tudo por causa de uma dívida com o Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU). Segundo o presidente, o valor do débito chegou a cerca de 200 mil Reais. Houve ainda problemas com o Ministério do Trabalho, além de déficit com as contas de água e luz. A casa estava destinada a ser leiloada. Uma situação que preocupou a diretoria.

Mas, através do esforço de uma pessoa da comunidade portuguesa, também ligada historicamente ao Orfeão, foi possível conseguir, junto à Prefeitura do Rio, o parcelamento da dívida, “que hoje está quitada”, sublinha o orgulhoso Adão.

“Queríamos a anistia do que devíamos, mas não conseguimos. O que foi feito foi o parcelamento do valor em 80 prestações, o que gerou um gasto de três mil Reais por mês. A casa estava sem um centavo, precisando de obras, e, com a ajuda de amigos e a realização de festas, conseguimos angariar dinheiro. Fizemos as obras e saímos da dívida. As contas estão em dia e estamos conseguindo juntar algum dinheiro no banco. É pouco, mas dá para guardar um dinheirinho”, conta Adão, que está há cinco anos a frente da presidência do clube.

É preciso arrecadar

Atualmente, para fazer face aos gastos de manutenção do local, o Orfeão aluga as suas dependências para a prática de esportes, festas e eventos, além de atividades particulares. O segundo andar funciona como sede da Casa do Benfica do Rio.

“Com tudo isso, o clube não deve nada a ninguém e temos algum dinheiro. Acho que está bom”, refere o responsável pela casa portuguesa, que é uma das mais tradicionais na cidade maravilhosa.

Futuro de incertezas

“Eu espero que, no futuro, a casa continue”. É com essa esperança que a diretoria do Orfeão toca as suas atividades, embora haja poucas festas por ano. A comemoração dos 97º aniversário da casa foi a primeira festa do Orfeão em2012. Apróxima está agendada somente para o dia 12 de outubro.

Outro ponto de preocupação é que poucas pessoas se interessam em participar da vida associativa da casa. Segundo Adão, são apenas seis diretores, “porque ninguém quer vir para cá trabalhar”, lamenta Adão, que revela que, por muitas vezes, é preciso pagar para trabalhar. Até mesmo os apoios, hoje, são menores do que antigamente.

Fachada do Orfeão Português, no Rio. Foto: Igor Lopes

Amor ao Orfeão

Adão não esconde o amor que sente pela casa portuguesa. “Eu gosto muito do clube. Namorei e casei aqui. Fui diretor, me afastei e, agora, sou presidente. O que eu queria mesmo era ter hoje 30 anos e ser presidente do Orfeão. Peço desculpas aos que por aqui passaram, mas o Orfeão é uma das mais antigas casas da região da Tijuca. Todas as casas desta região cresceram e o Orfeão não cresceu nada”, recorda.

Apesar do passado menos formoso, a festa no Orfeão foi digna de uma instituição que respeita, e muito, a sua comunidade. Com casa cheia, o público pôde ver a apresentação da Banda Típicos da Beira Show e do rancho folclórico Maria da Fonte, da Casa do Minho.

Sobre os 97 anos, Adão abre o sorriso e diz: “Acho que é uma comemoração boa. Hoje estou gostando, temos muito trabalho, mas, para mim essa é minha cachaça. Todo mundo gosta do orfeão”, afirma Adão, que ingressou no Orfeão Português em 1962 e permanece até hoje dando o seu melhor para manter viva a chama de uma casa emblemática na promoção da cultura portuguesa no Rio. A sede não tem muitos luxos, tampouco tem metros quadrados a mais, mas a determinação dos seus frequentadores e da diretoria faz com que o futuro possa ser mais brilhante.

4 Comments

    1. Cara Denise,o Orfeão Portugues instalou-se primeiramente num sobrado da Rua dos Andradas, no Centro da Cidade do Rio de Janeiro.Posteriormente foi adquirida uma casa na Rua Senador Furtado onde funcionou por alguns anos antes de finalmente
      instalar-se na Rua São Francisco Xavier onde até hoje funciona.

  1. Boa noite! Vou fazer uma festa para minha mãe de 70 anos, e gostaria de saber se vcs tem um grupo de dança portuguesa para fazer uma apresentação, e quanto seria.
    Desde já agradeço e aguardo contato.

  2. Boa noite ..gostaria de ter ou saber o paradeiro de uma pessoa, não tenho certeza se foi membro deste clube , sei pelo menos que era membro de um grupo que tocava neste clube na década de 1980, seu nome e Rogério Costa Rebelo, português, comerciante com loja situada a frei caneca n° 76, (Castroseira Sanitários )trabalhando no ramo de materiais de construção fina, residia na rua Barata ribeiro, Copacabana…por favor tenho maior apreço por essa pessoa, fui seu funcionário, e fui muito ajudado por ele, agradeço informações sobre ele…saudades..e agradecimento…..Ass Dalmo Rodrigues de Aquino.

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