25 Abril: Concentração no Carmo canta “Grândola” e critica o Governo português

Vasco Lourenço em discurso durante homenagem aos 40 anos da Revolução dos Cravos no Largo Carmo em Lisboa. TIAGO PETINGA/LUSA
Vasco Lourenço em discurso durante homenagem aos 40 anos da Revolução dos Cravos no Largo Carmo em Lisboa. TIAGO PETINGA/LUSA

Mundo Lusíada
Com agencias

A partir da meia-noite do dia 24, participantes se concentraram no largo do Carmo, em Lisboa, homenageando o 25 de Abril, cantando “Grândola Vila Morena” e também criticando o Governo. A concentração no local emblemático da revolução de há 40 anos foi convocada por vários movimentos da sociedade civil e divulgada nas redes sociais, enchendo o largo, onde não faltaram cartazes a enaltecer a liberdade mas também a falar da crise e do Governo.

“Está na hora de trazer ética para a política”, “Morra a troika, morra, pim”, ou “Liberdade Sempre” e “Nós só queremos coelho à caçador”, numa referência ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, foram algumas das frases escritas mas também entoadas ao longo da noite.

Não faltaram também referências a Salgueiro Maia, que comandou as tropas de Santarém que há 40 anos estiveram no largo do Carmo, porque a ideia era “criar um evento para celebrar o 25 de Abril”, explicou à Lusa Sofia Rajado, ativista de um dos movimentos presentes, o “Movimento 15 de Outubro”.

Foram cerca de duas dezenas de movimentos, que se juntaram para criar a iniciativa “Todos os Rios vão dar ao Carmo”, de celebração da efeméride mas também “de protesto” contra a atual política, e também houve um caixão simbólico, com velas à volta, onde estaria morta a República.

“Obviamente que as pessoas estão descontentes com a situação no país e o dia 25 de Abril é um dia simbólico”, disse a jovem, acrescentando: “Pessoalmente é o que me faz vir para a rua, estarmos pagar uma dívida que não é nossa, a corrupção, a injustiça”.

Tranquila e com uma presença policial muito discreta, foi depois esmorecendo a noite, com um fim de festa simbolizado na canção “Grândola Vila Morena”, a senha que há 40 anos marcou o início da revolução.

Durante a tarde do dia 25, os cravos nas lapelas, nas mãos, nos chapéus ou até mesmo a enfeitar bandeiras,  dominam o ambiente no desfile que cerca das 15:40 arrancou na avenida da Liberdade em direção ao Rossio.

Milhares de pessoas começaram antes das 15:00 a concentrar-se no Marquês de Pombal para descer a principal avenida da capital, no desfile 25 de Abril. Várias gerações, sozinhos, em grupo ou em família, milhares de pessoas foram juntando-se na avenida, atrás da chaimite da Associação 25 de Abril, enfeitada também com um grande cravo vermelho, à espera do arranque da marcha.

Ex-presidente Mario Soares. TIAGO PETINGA/LUSA
Ex-presidente Mario Soares. TIAGO PETINGA/LUSA

Comemorações
O espetáculo “Voz à Rua”, que reúne em palco um grupo de músicos de Évora, foi um dos pontos altos das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril na cidade alentejana.

Produzido pela Associ’Arte, o espetáculo, que se constitui como um tributo ao canto livre e à música de intervenção, aconteceu dia 24 na Praça do Giraldo, considerada a “sala de visitas” de Évora.

O projeto reúne ainda um conjunto de artistas de outras áreas, como a imagem, a fotografia e o teatro. E terminou meia-noite para o habitual fogo-de-artifício e entoação de “Grândola, Vila Morena”, canção emblemática do 25 de Abril de 1974.

Também esteve prevista uma sessão solene da Assembleia Municipal de Évora comemorativa do 40º aniversário do 25 de Abril. A sessão conta com a leitura de poemas alusivos ao 25 de Abril e as atuações da Banda Filarmónica da Casa do Povo de Nossa Senhora de Machede e do Coro Polifónico Eborae Musica.

Em Lisboa, o Terreiro do Paço recebeu na noite de 24 de abril espetáculos de multimédia e pirotécnica e de um concerto para assinalar os 40 anos da revolução.

As imagens misturadas à animações 2D e 3D na fachada nascente do Terreiro do Paço, esperando-se ainda uma “chuva de cravos virtuais” num espetáculo da autoria de Nuno Maya e Carole Purnelle, do Atelier OCUBO, numa parceria com o Museu da Presidência da República, com uma banda sonora original de Luís Cília.

Para ilustrar o concerto foram exibidos curtos filmes alusivos a temas e figuras de Abril, dos realizadores e artistas plásticos portugueses Paulo Abreu, Jorge Gonçalves, Rui Simões e João Pedro Gomes.

O final do concerto foi marcado por uma “chuva de cravos”, numa criação do Grupo Luso Pirotecnia, no rio Tejo e na Praça do Terreiro do Paço, que culmina com a imagem da bandeira nacional.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: