Aeroporto de Lisboa pode perder até 2,5 milhões de passageiros este ano, diz ANA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O presidente executivo da ANA estimou que o aeroporto de Lisboa possa perder este ano até 2,5 milhões de passageiros devido às limitações da infraestrutura, que está a 10% de esgotar a capacidade de uso de ‘slots’.

“No primeiro trimestre do ano as recusas são equivalentes a 400 mil passageiros por ano. Estimamos que até ao final do ano possa acontecer deixarmos de poder contar entre 2 a 2,5 milhões de passageiros por ano”, informou  Carlos Lacerda, à margem da conferência sobre o novo aeroporto.

Carlos Lacerda explicou que a atual capacidade de ‘slots’ (faixas horárias para descolar e aterrar), atinge os 90%, o que significa que, por exemplo, uma companhia aérea com um horário para chegar de manhã e um outro ao final do dia para sair “não consegue ter o avião imobilizado, o que dá muito pouca flexibilidade para estar acomodar novas oportunidades”.

Face a este “bom problema”, por “felizmente se estar a crescer muito mais rapidamente do que o esperado”, o presidente da ANA defendeu a necessidade de pragmatismo na forma de investir para “acomodar o crescimento”.

Segundo o responsável, com um “mínimo de esforço e com a maior rapidez possível” deve-se conseguir aumentar a capacidade aeroportuária e “capturar os voos que não se concretizam, porque os ‘slots’ não são suficientemente atrativos”, conseguindo assim “criar condições para que os passageiros fiquem em Portugal”.

Carlos Lacerda reafirmou que a solução da transformação da base militar do Montijo como aeroporto complementar de Lisboa é a mais rápida, por possibilitar o uso de infraestruturas existentes.

Montijo
Também Ministro do Planejamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, afirmou que a expansão aeroportuária de Lisboa, com a criação de uma pista suplementar no aeroporto do Montijo, vai satisfazer “rapidamente as necessidades de crescimento”.

Durante a conferência, o Ministro destacou a importância de evitar o estrangulamento do crescimento econômico, do desenvolvimento do turismo, das empresas e da mobilidade dos cidadãos, referindo que em 2016 o aeroporto de Lisboa atingiu a marca de 22 milhões de passageiros, seis anos antes do que estava previsto.

O Ministro acrescentou que “as avaliações realizadas convergiram para uma solução consistente, que assegura a capacidade aeroportuária para as próximas décadas: a manutenção do Aeroporto Humberto Delgado como infraestrutura aeroportuária central na Região de Lisboa, complementada com um outro aeroporto, a desenvolver na Base Aérea do Montijo”.

Segundo ele, a utilização da infraestrutura no Montijo “é uma solução sólida no que respeita à gestão do espaço aéreo, aspecto que torna inviável a utilização de outras infraestruturas existentes na região como pistas complementares”. “A solução de expansão aeroportuária é, ainda, uma solução rápida, com um prazo de construção de três anos, permitindo iniciar as operações antes de o Aeroporto Humberto Delgado estar esgotado”, acrescentou.

O Ministro disse ainda que esta “é uma solução financeiramente comportável para o Estado, com condições para o seu custo ser integralmente suportado através das receitas aeroportuárias, ao mesmo tempo que se assegura taxas no Montijo inferiores às do Aeroporto Humberto Delgado e dos principais aeroportos concorrentes”.

A coexistência do Aeroporto Humberto Delgado com uma pista complementar no Montijo permitirá a duplicação da capacidade atual da Região de Lisboa, passando a poder movimentar 72 aviões por horas, podendo transportar 50 milhões de passageiros.

Os estudos iniciais devem estar completos até ao final de 2017, com a avaliação ambiental e a negociação contratual com a ANA a serem concluídas no primeiro semestre de 2018. Nesse ano serão também desenvolvidos os projetos de detalhe, para que a construção do aeroporto no Montijo possa iniciar em 2019 e terminar em 2021.

Segundo o governo, a construção do aeroporto no Montijo deve gerar a prazo 20 mil novos postos de trabalho, diretos e indiretos, apenas no setor aeroportuário, além dos resultados do crescimento da atividade econômica.

Força Aérea
O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Manuel Teixeira Rolo, estimou que se gastem 130 milhões de euros, nos próximos cinco anos, na deslocalização de atividade militar para transformar a base do Montijo em aeroporto complementar.

E manifestou surpresa face ao desenho da pista do previsto aeroporto civil na base do Montijo, apresentado pela ANA. O general Manuel Rolo respondia aos deputados na comissão parlamentar de Defesa Nacional, numa audição centrada no relatório da FAP sobre as implicações da construção de um aeroporto civil na Base Aérea n.º6, no Montijo. O estudo feito pela FAP, e já entregue ao Ministério da Defesa Nacional, aponta para “fortes constrangimentos” na operação da Força Aérea num cenário em que é expetável que o número de 24 movimentos/hora seja ultrapassado em 2025.

Em fevereiro, Governo e a ANA assinaram um memorando para aprofundar o estudo para a transformação da base aérea militar do Montijo como aeroporto complementar de Lisboa.

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