Sem inimigos: “Portugueses são admirados em todo o mundo” diz presidente no Senegal

Mundo Lusíada
Com Lusa

Em visita oficial, o Presidente português manifestou-se muito feliz com o acolhimento que teve em Cabo Verde e no Senegal, que apontou como exemplos da forma como “os portugueses são admirados em todo o mundo”.

Marcelo Rebelo de Sousa fez um balanço da sua visita de Estado ao Senegal, durante a qual foi saudado com entusiasmo por centenas de alunos de português, na Universidade de Dacar, e recebido em clima de festa na ilha de Gorée, antigo entreposto do tráfico de escravos.

O chefe de Estado considerou que estas recepções comprovam que “Portugal tem no mundo, de fato, um acolhimento singular”, e os portugueses “não têm razão para ter uma autoestima muito pequena”.

“Os portugueses são admirados em todo o mundo, não têm anticorpos, não há ninguém que seja inimigo de Portugal. E isso é uma característica secular nossa, mas que está presente hoje. É um trunfo na política internacional”, defendeu, descrevendo Portugal como “uma plataforma diplomática única”.

CPLP
Marcelo Rebelo considerou que o Senegal “fala português” e tem “uma porta aberta” para assumir “um papel essencial” na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual já é membro observador.

No segundo dia de visita ao Senegal, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “é impressionante” a presença da língua portuguesa neste país, que tem “46 mil jovens a falar português”.

O chefe de Estado referiu que os senegaleses “querem aumentar este número”, e considerou que isso “permite esperar o melhor do papel do Senegal na CPLP no futuro”, e que há “uma porta aberta para um papel essencial do Senegal na CPLP”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, também “na relação bilateral” entre Portugal e o Senegal existe um “estreitamento das relações” que abre “uma perspectiva totalmente nova”.

Escravatura
O Presidente português considerou ainda que o poder político português reconheceu a injustiça da escravatura quando a aboliu em parte do seu território, “pela mão do Marquês de Pombal, em 1761”.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem no final de uma visita a uma antiga casa de escravos do tempo dos holandeses, na ilha de Gorée, em frente a Dacar, lugar que foi um entreposto do tráfico de escravos desde o século XVI, sob domínio português, até ao século XIX, e onde o papa João Paulo II pediu perdão pela escravatura.

Falando primeiro em francês, o chefe de Estado declarou: “Quando nós abolimos a escravatura em Portugal, pela mão do Marquês de Pombal, em 1761 – e depois alargámos essa abolição mais tarde, no século XIX, demasiado tarde -, essa decisão do poder político português foi um reconhecimento da dignidade do homem, do respeito por um estatuto correspondente a essa dignidade”.

“Nessa medida, nós reconhecemos também o que havia de injusto e de sacrifício nos direitos humanos, como diríamos hoje em dia, numa situação que foi abolida”, acrescentou.

Essa decisão “reconhecia o que tinha havido de injusto, o que tinha havido de condenável no comportamento anterior, relativamente a séculos em que esses direitos não foram devidamente reconhecidos”, reiterou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o que fica de mais importante desta visita é “a lição de esperança no futuro” e a ideia de que “é preciso continuar a lutar pelos direitos humanos, contra as formas de escravatura que existem, contra as opressões, contra as ditaduras, contra os totalitarismos”.

Na visita, Marcelo Rebelo de Sousa entrou nas várias celas, onde homens, mulheres e crianças, separados, ficavam cerca de três meses e espreitou pela “Porta do Não Retorno”, virada para o mar, de onde os escravos eram embarcados.

À chegada, tinha à sua espera no porto o presidente da câmara local. Mais à frente, recebeu as “boas vindas a África”, cantadas na língua africana ‘wolof’ por um grupo de músicos, a quem se juntou, tocando ‘djembê’, e foi saudado por cerca de 150 crianças.

Antes de embarcar de regresso a Dacar, desceu sozinho até à praia e levou a mão à água, para sentir o mar de Gorée.

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