Presidente do Brasil participa de funeral e portugueses fazem fila para homenagem a Soares

Foto NUNO FOX/LUSA
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Mundo Lusíada
Com agencias

O presidente brasileiro, Michel Temer, viajou a Portugal na tarde deste dia 9 para participar do funeral do ex-presidente português Mário Soares. Uma das principais figuras da transição democrática no país europeu, Soares morreu dia 7 após passar 20 dias internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI).

A cerimônia fúnebre ocorre no Mosteiro dos Jerônimos contando com, além de falas de familiares e do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentação do coro e orquestra do Teatro Nacional de São Carlos. O ato se encerra com a execução do hino nacional português.

Em seu perfil no Twitter, Temer disse que o colega português foi “figura-chave” do Portugal moderno e amigo do Brasil. O governo português decretou três dias de luto oficial. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, afirmou em comunicado que “a amizade fraterna entre o Brasil e Portugal, e a irmandade das nações lusófonas, terão sempre em Mário Soares um de seus grandes protagonistas”.

O português António Guterres, novo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), afirmou que Mário Soares foi “um dos raros líderes políticos de verdadeira estatura europeia e mundial” e ressaltou a importância de sua trajetória na defesa da democracia e da liberdade no país.

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, também lamentou a sua morte se referindo a ele como um “amigo”. “O meu amigo Mário nunca virou a cara à luta e às responsabilidades de um democrata. Foi assim naqueles anos difíceis quando a democracia se estabeleceu – com dificuldades, mas com sucesso -, em Portugal; foi também assim quando desempenhou com dinamismo e visão todas as funções que lhe foram confiadas pelo povo português, contribuindo decisivamente para tornar Portugal um membro indispensável da família europeia”, afirmou Juncker.

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, ressaltou em carta de condolências dirigida ao primeiro-ministro António Costa, o importante papel que Soares “desempenhou na consolidação da democracia portuguesa e como impulsionador da adesão de Portugal às Comunidades Europeias”.

Os antigos primeiro-ministro francês Lionel Jospin, ex-presidente do Brasil José Sarney, e da Comissão Europeia Jacques Santer, o príncipe marroquino Moulay Rachid, irmão do rei, também estão no funeral de Mário Soares. Confirmaram presenças ainda o Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, o Presidente de Cabo Verde, do vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, do ministro das Relações Externas (Negócios Estrangeiros) e da Cooperação de Espanha, Alfonso Dastis, e do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

Soares é considerado um dos grandes nomes da democracia portuguesa. Lutou contra a ditadura na década de 70, foi preso e exilou-se na França. Voltou a Portugal, onde construiu uma respeitável trajetória política, tendo sido ministro dos Negócios Estrangeiros, presidente da República e primeiro-ministro. Soares também é lembrado por ter encabeçado o processo de adesão de Portugal à União Europeia.

Portugueses fazem fila para funeral
Em Lisboa, os portugueses trazem flores, cartazes e bandeiras de Portugal para homenagear Soares, que presidiu Portugal de 1986 a 1996 e também foi primeiro-ministro do país (1976-1978 e de 1983-1985). Alunos do Colégio Moderno, fundado pelo pai de Soares, também compareceram ao local.

“Ele lutou pelas liberdades individuais e pelos direitos individuais e quisemos vir prestar essa homenagem, porque talvez não tivéssemos uma democracia se não fosse por ele. Ele faz parte da democracia desse país. Trouxemos as camisolas [o uniforme] para mostrar o orgulho que temos de pertencer a este colégio”, disse um dos estudantes.

Ao longo da tarde as filas têm sido constantes. Desde o início e até se chegar à entrada do Mosteiro demoram-se 15 minutos, sendo necessários outros 15 para chegar junto da urna, na sala dos Azulejos e ladeada de uma guarda de honra.

O corpo de Soares chegou ao Mosteiro dos Jerónimos às 13h (horário de Portugal), em cortejo fúnebre que partiu da casa onde o ex-presidente vivia, no bairro de Campo Grande, passando por ruas e avenidas emblemáticas de Lisboa, como a Praça Marquês de Pombal e a Avenida da Liberdade. O velório ficará aberto ao público durante todo o dia.

Em São Paulo, o Consulado Geral de Portugal abre ao público dias 9 e 13 de janeiro o livro de condolências pela morte do ex-Presidente. Serão dois horários de visita até a próxima sexta: das 10h às 12h30, e das 14h às 17h30. O Consulado fica na Rua Canadá, 324, no Jardim Europa.

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