Portugal tem reforçado meios e apoia comunidade portuguesa na Venezuela

Da Redação
Com Lusa

O Governo português tem respondido aos pedidos de apoio da comunidade portuguesa na Venezuela para satisfazer “necessidades básicas”, como problemas de saúde ou famílias carenciadas, segundo disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, no final de uma audição parlamentar.

Augusto Santos Silva foi ouvido, a pedido do CDS-PP, pelos deputados da comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, à porta fechada, sobre a situação dos portugueses e lusodescendentes na Venezuela, devido à crise política, social e econômica que o país atravessa.

“A situação social e econômica da Venezuela tem-se agravado e os efeitos notam-se”, afirmou aos jornalistas o governante, que estava acompanhado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro.

Segundo o ministro, os pedidos que têm chegado às autoridades portuguesas dizem respeito a questões de saúde, mas também há solicitações de apoio social para pessoas idosas ou “famílias mais empobrecidas”.

“Temos reforçado os meios. Ainda agora vai ser transferido mais um conselheiro social para Caracas. Temos também intensificado os contatos com as IPSS e as associações da comunidade venezuelana e temos procurado responder aos pedidos que nos são dirigidos em relação à satisfação das necessidades básicas”, acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa.

O Governo, referiu, está a acompanhar a situação das comunidades portuguesas e luso-venezuelanas residentes na Venezuela “com toda a atenção, muito de perto, com todo o cuidado, e também com toda a prudência e cautela que esta questão merece”.

Santos Silva escusou-se a comentar qual é o plano de contingência para a comunidade portuguesa na Venezuela, em caso de agravamento da situação no país.

“Acompanhamos sempre muito de perto a situação das comunidades portuguesas e estamos preparados para eventuais incidentes, crises ou outras questões inopinadas”, referiu.

No final da audição, o deputado centrista Filipe Lobo d’Ávila afirmou que a audição foi “produtiva” e comentou que está em causa uma “situação difícil” que o CDS-PP “vai continuar a acompanhar”.

Por sua vez, o deputado do PSD José Cesário, responsável pelas Comunidades Portuguesas no anterior Governo (PSD/CDS-PP) pediu um “tratamento muito especial dos casos de nacionalidade pendentes”, que “são muitos milhares, com atrasos de sete meses”.

Além disso, Cesário apontou que há, na Venezuela, casos “muito graves”, com “muitos milhares de portugueses em situações de carência extrema”.

“A maior preocupação é quando eles não conseguem chegar a nós ou nós não conseguimos chegar a eles. Por isso, foi solicitada uma atenção especial em relação a estes portugueses, porque muitos deles não vão a clubes, não vão a associações, não participam na vida comunitária”, alertou.

Nos últimos dias, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, publicou um novo decreto a prolongar o “Estado de Exceção e Emergência Económica” que vigora desde janeiro de 2016 no país, que permite ao executivo adotar medidas de “exceção” para garantir a ordem interna, inclusive restringir garantias constitucionais.

O decreto surge durante uma vaga de protestos contra o Governo que se intensificou nas últimas sete semanas e já matou 44 pessoas e causou centenas de feridos e detidos.

Protesto na Madeira
Um grupo de luso-venezuelanos estiveram se manifestando junto ao consulado da Venezuela no Funchal com pedidos ao cônsul de “verdade” perante os fatos que têm acontecido no país.

Henrique Vieira, o rosto do movimento civil “Luso-venezolanos Por La Verdad”, que organizou o protesto, pretendendo ser recebido pelo cônsul, Félix Correa, para denunciar aquilo que considera ser um problema com repercussões universais.

“Este é um problema mundial, os consulados e as embaixadas devem representar o Estado para todos os venezuelanos e, neste momento, eles são uns assalariados de um governo assassino e ditatorial que anda a criar notícias e falsas situações que comprometem os venezuelanos no exterior”, afirmou.

Os manifestantes visam exigir aos responsáveis consulares respostas aos apelos de ajuda humanitária e solicitar que intercedam junto do governo do país para reduzir a repressão contra manifestantes pacíficos.

“Estamos aqui a exigir ao consulado venezuelano na Madeira que diga a verdade, que diga que a situação na Venezuela está complicada, que há mortes nas manifestações pacíficas e que de uma vez por todas decida de que lado quer estar na história”, afirmou.

Junto às instalações foram colocadas tarjas com a frase “Maduro Dictador” e cruzes com alguns dos nomes dos que têm morrido a enfrentar o regime de Nicolas Maduro.

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