Grécia recua e aceita proposta mediante alterações mas UE só responde após referendo

Mundo Lusíada
Com Lusa

bandeira_uniao-europeiaA Grécia não reembolsou o Fundo Monetário Internacional (FMI) pelos cerca de 1,5 mil milhões de euros que lhe devia, no final do prazo, que terminou às 23:00 de Lisboa, informou a instituição financeira em comunicado. No texto adiantou-se que a Comissão Executiva do FMI foi informada de que a Grécia está em falta e que agora só poderá receber novos empréstimos, depois de pagar o que deve.

Alexis Tsipras declarou estar preparado para aceitar as condições dos credores tornadas públicas durante o fim de semana, com algumas alterações, de acordo com uma carta enviada pelo primeiro-ministro grego na terça-feira à noite e divulgada pela agência Bloomberg.

A carta de duas páginas, enviada aos principais responsáveis da Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) apresenta algumas propostas de alterações e “clarificações”. Segundo Tsipras, o governo grego aceitará a proposta em troca de uma extensão do programa de resgate que expirou na terça-feira e de um novo empréstimo que foi solicitado também na terça-feira à noite.

A carta refere explicitamente que o governo está preparado para aceitar a proposta divulgada pela Comissão Europeia no dia 28 de junho, sujeita a algumas condições e melhoramentos que “respeitam integralmente a robustez e credibilidade do programa global”.

Em troca, Tsipras pede uma extensão do resgate do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, que terminou o prazo, e um novo empréstimo do Mecanismo Europeu de Estabilidade, que foi pedido no mesmo dia. Tsipras aceita as novas taxas do IVA, mas propõe manter 30% de desconto nas ilhas, sugere reduzir as despesas militares em 200 milhões até 2016 e 400 milhões em 2017, acabar com a diferenciação fiscal para agricultores até ao fim de 2017 e aumentar gradualmente os pagamentos por conta para os empresários individuais.

Propõe igualmente nova legislação laboral para o outono de 2015, reforma do sistema de pensões, incluindo o fator de sustentabilidade, até à implementação de nova legislação, em outubro de 2015, e um “ambicioso pacote de reformas” que incluiu o setor do turismo, bebidas e produtos petrolíferos, abertura de atividades até agora restritas como notários e oficiais de justiça e liberalização dos ginásios, seguindo as recomendações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

A carta não faz qualquer referência à consulta popular às propostas dos credores convocada para o dia 05 de julho. Por isso, a Alemanha já declarou que não haverá acordo com a Grécia antes do referendo, marcado para o próximo domingo. Os ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo) já concluíram a nova reunião por teleconferência realizada na tarde desta quarta-feira, tendo decidido prosseguir discussões sobre a ajuda à Grécia apenas após a realização do referendo.

Nesta tarde também, Tsipras falou à nação numa mensagem transmitida pela televisão, começando por reafirmar que os depósitos, pensões e salários “estão a salvo” e que não tenciona levar o país a sair da zona euro. “Depois do referendo ser anunciado, recebemos propostas melhores, sobretudo no que diz respeito à reestruturação da dívida. Na segunda-feira [após o referendo], o governo estará à mesa das negociações com melhores condições para dar ao povo grego”, sustentou, apelando ao voto do Não.

Depois de milhares de pessoas juntaram-se em 29 de junho na praça Syntagma, em Atenas, numa concentração pelo “Não” ao “acordo catastrófico” dos credores da Grécia, o dia 30 foi a vez dos pedidos pelo Sim, reunindo outras milhares de pessoas pedindo sobretudo a permanência da Grécia na zona euro.

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