Cavaco destaca “serenidade” da pré-campanha e pediu que deixem de lado “polêmicas”

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente da República Cavaco Silva,   durante a gravação da Mensagem do Presidente da   República dirigida às Comunidades Portuguesas no   âmbito do 10 de junho, na Fundação Champalimaud, em   Lisboa, 9 de junho de 2012. JOAO RELVAS/LUSA  O Presidente português, Cavaco Silva, congratulou-se por a pré-campanha para as eleições legislativas estar a decorrer com “serenidade” e sem “agressividades verbais” e apelou de novo ao diálogo entre partidos.

Cavaco Silva falou aos jornalistas no final de uma visita a uma fábrica de cortiça em São Brás de Alportel, no Algarve, e pediu ainda para que os partidos trabalhem para esclarecer os eleitores até ao dia do voto.

“Congratulo-me com o fato de, até este momento, neste período pré-eleitoral, se tenha verificado serenidade da parte dos diferentes partidos, sem agressividades verbais, sem insultos e sem grandes crispações”, afirmou o Presidente.

Cavaco Silva disse esperar que “as forças políticas se empenhem na informação e no esclarecimento dos eleitores, de forma civilizada” e considerou que isso “aconteceu até agora” e dá ideia de que Portugal se está “a aproximar daquilo que acontece em campanhas eleitorais nos outros países europeus da nossa dimensão”.

Questionado sobre a polêmica dos debates televisivos, surgida depois de a Coligação PSD e CDS ter exigido a presença de Paulo Portas no confronto entre os representantes as forças com assento parlamentar, o chefe de Estado disse que os frente-a-frente vão ser importantes para esclarecer os eleitores, mas apelou aos partidos para não alimentarem questões que causem divisões.

“Mas o que apelo é que se concentrem acima de tudo no esclarecimento, na informação dos portugueses, e deixem de lado das questiúnculas e das polêmicas, que fazem muito pouco sentido nesta fase em que é importante os portugueses saberem por que vão escolher A ou escolher B”, afirmou.

Perante a insistência dos jornalistas, Cavaco Silva acrescentou que “é isso que acontece nos outros países europeus” e manifestou o desejo de “que o diálogo seja algo que entre na cultura dos partidos no nosso país, o diálogo e a cultura de compromisso”.

O Presidente da República afastou ainda a ideia de que a rejeição de compromissos entre os partidos para o período pós-eleitoral seja definitiva e não possa ser alterada após o escrutínio de 04 de outubro.

Acordo de incidência parlamentar
Cavaco Silva disse ainda que o compromisso partidário em Portugal após as eleições legislativas pode passar por um acordo de incidência parlamentar.

Citando as eleições antecipadas na Grécia, considerou “uma jogada política”, e da atuação do Governo liderado pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, fez uma ligação à situação portuguesa. “As eleições são uma jogada política, que é criticada por todos os partidos, mas quando um partido daquela área política perde toda a sua maioria de um momento para o outro, as escolhas são muito limitadas, porque é sempre difícil ficar nas mãos dos partidos da oposição, principalmente se não existe um acordo de incidência parlamentar. Em Portugal o compromisso pode também revestir a forma de acordo de incidência parlamentar”, afirmou Cavaco Silva.

O chefe de Estado português disse ainda que “ao caso da Grécia” soma-se agora “uma crise nos mercados financeiros internacionais, de grande volatilidade e de alguma turbulência, que parece resultar numa crise de confiança em relação à evolução da economia chinesa, a que se juntou na crise das economias emergentes, como o caso do Brasil ou o caso da Rússia, com a descida do preço do petróleo”.

“A economia portuguesa, neste quadro, chega com uma certa dinâmica de crescimento do consumo, das exportações e do investimento, mas não podemos excluir a possibilidade de algumas das nossas exportações serem atingidas, o que eu espero aqui é que os nossos empresários sejam capazes de inovar, como acontece nesta empresa que estou a visitar, com criatividade e conquistarem, novos mercados”, acrescentou, numa referência à empresa Novacortiça, que produz discos para rolhas de espumantes, mas também vestuário e outros acessórios de cortiça.

O Presidente da República afirmou também que “todos têm muito a aprender” com a situação que se viveu na Grécia, para a qual já tinha alertado quando disse que “estavam a ser cometidos pelo governo grego erros” que nunca imaginou “que algum governo europeu os pudesse cometer”.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: