ONU: Portuguesa mantém crítica ao Governo de São Paulo sobre falta d’água

Mundo Lusíada
Com agencias

Relatora da ONU sobre o Direito à Água e Saneamento, a portuguesa Catarina de Albuquerque. Foto ONU
Relatora da ONU sobre o Direito à Água e Saneamento, a portuguesa Catarina de Albuquerque. Foto ONU

A relatora da ONU sobre o Direito à Água e Saneamento, a portuguesa Catarina de Albuquerque, declarou que mantém “tudo o que disse” a respeito da crise de falta d’água em São Paulo, e que não tem interesse em eleições.

A portuguesa esteve em São Paulo e no mês de agosto concluiu em relatório que a responsabilidade da crise de falta d’água no Estado é do governo estadual, além de falta de investimentos no estado. O seu trabalho é independente e não traduz propriamente a opinião da ONU.

Diante do seu relatório, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), que foi reeleito em primeiro turno nas últimas eleições, enviou dois ofícios à ONU questionando as conclusões feitas pela relatora portuguesa, e se a funcionária se pronunciava em nome da instituição. De acordo com a imprensa brasileira, o teor do documento do Estado de São Paulo, na segunda carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que a divulgação tinha propósito de “inflamar a campanha eleitoral”.

Em resposta neste dia 23, a ONU explicou que a relatora não estava em viagem oficial ao Brasil. “Não temos constância de sua visita ao País em agosto de 2014. Nesse sentido, embora atuando em sua capacidade de especialista independente nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos, as manifestações realizadas durante este contexto não compõem qualquer documento oficial das Nações Unidas ou foram submetidas ao conhecimento e à apreciação do Conselho”, declarou o coordenador da ONU no Brasil, Jorge Chediek, em comunicado ao governo do Estado.

Preparação
Em entrevista à Rádio ONU, nesta quinta-feira em Nova York, Albuquerque falou sobre o relatório que apresentou sobre sua visita ao Brasil. “Aquilo que eu disse na altura, eu digo agora e é o que digo relativamente a qualquer país que tenha problemas de escassez de água. É fundamental em tempo de abundância planejar e prepararmos para tempos de escassez, tempos de escassez de água, de recursos. Tem que se investir em infraestruturas, e tem que se muito claramente ter um quadro normativo e político que permita estabelecer que em tempo de escassez, a prioridade é para as pessoas.”

A relatora independente da ONU citou também o problema em São Paulo. “É o que eu digo também no caso de São Paulo. Era importante ter havido mais planejamento, mais investimento em infraestruturas, sendo certo que essa crise hídrica foi além de qualquer previsão. Mas a verdade é que com as alterações climáticas nós estamos fazendo face cada vez mais a eventos climatéricos extremos, vamos da seca para as inundações.”

Crise
Segundo pesquisa Datafolha, moradores paulistas que admitiram ter ficado sem água pelo menos um dia subiu de 46% para 60%, em 17 de outubro. Cidades do interior de São Paulo estão adotando racionamento ou rodízio de água. A causa é o longo período de estiagem que atinge o estado desde o início do ano.

Um dos municípios mais atingidos pela falta de água, Itu enfrenta um racionamento oficial desde fevereiro. A estiagem na cidade já provocou diversos protestos de moradores e mais de mil reclamações da população ao Ministério Público. Caminhões-pipa são contratados pela prefeitura e escoltados pela Guarda Municipal local.

Na capital paulista, muitos moradores reclamam de falta de água em diversos bairros, mas a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) não admite o racionamento. Para diminuir o consumo, desde fevereiro a companhia concede descontos para consumidores do Sistema Cantareira que economizarem água.

A presidente da Sabesp, Dilma Pena, admitiu em 15 de outubro que São Paulo passa “por uma grave crise” e que, se não chover nos próximos dias, a primeira cota de volume morto do Sistema Cantareira pode acabar em meados de novembro, levando à falta d’água na capital. A reserva técnica ou volume morto é o volume que está abaixo do nível mínimo da estrutura de captação de água nas represas.

A declaração foi confrontada pelo governador Alckmin que posteriormente confirmou que não faltará água em São Paulo, mencionando uma deturpação das afirmações. “Foi deturpada uma afirmação da presidente da Sabesp, doutora Dilma, desinformando a população” declarou garantindo que a capital conta ainda com uma reserva técnica.

1 Comment

  1. Esta senhora emitiu uma opinião pessoal de objetivo excuso para confundir as pessoas e colocarem-nas contra o candidato a presidente, Aécio Neves, aliado do governador Geraldo Alckmin. A ONU respondeu ao governo paulista, informando que essa senhora não a representava, em sua visita em Agosto de 2014 e desconhece sua agenda.
    O problema da seca afeta 4 estados federativos e é um problema federal, o qual a presidente Dilma, está deixando o povo brasileiro a mercê da seca e utilizando isso para fins eleitorais.
    Lamentável.[…]

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