Em Lisboa, Dilma diz que Portugal é “referência e exemplo” no caminho para governação

Mundo Lusíada
Com Lusa

DilmaRoussef_BrasilA ex-Presidente do Brasil Dilma Rousseff declarou em Lisboa que Portugal é uma “referência e um exemplo” no que diz respeito ao caminho encontrado para a sua governação, nomeadamente com a união de “forças progressistas”.

“Esta solução (governativa) encontrada por Portugal é hoje uma referência e um exemplo”, disse Dilma Rousseff, numa conferência de impressa em Portugal.

A antiga governante brasileira referiu-se ao acordo firmado entre o atual Governo do Partido Socialista, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda para a governação, que ficou conhecido como Geringonça.

“Penso que Portugal, de uma forma clara, mostra um caminho, que é um caminho com uma coligação progressista e com uma proposta e que, ao invés de separada, a esquerda vai junta”, declarou a ex-Presidente brasileira.

Isso ocorre, segundo a antiga chefe de Estado, “ao contrário da onda conservadora no mundo, que tem levado ao poder grupos de extrema-direita ou grupos que têm como base o populismo, que na verdade trata-se de políticas conservadoras”.

“Estas são políticas de corte, direitistas no sentido dos valores, no fundamentalismo, na visão de mulher e dos imigrantes (…)”, complementou.

Dilma Rousseff está em Lisboa para proferir uma comunicação, intitulada “Neoliberalismo, Desigualdade, Democracia sob Ataque”, na quarta-feira, no Teatro da Trindade, a convite da Fundação José Saramago, Casa do Brasil, INATEL, entre outros.

Golpe parlamentar
Durante suas declarações, Rousseff disse ainda que setores da sociedade brasileira aproveitaram a crise financeira para criar uma crise política e organizar um golpe parlamentar, com ingredientes misóginos, contra o seu Governo.

“Eu diria que (a misoginia) foi um dos ingredientes, mas não o único, mas certamente um dos ingredientes. O meu processo de afastamento, na verdade, foi um golpe parlamentar”, declarou.

Dilma Rousseff foi afastada do Governo brasileiro pelo Senado a 31 de agosto de 2016, num processo bastante polêmico, por irregularidades administrativas e fiscais.

De acordo com a antiga chefe de Estado e de Governo do Brasil, o seu processo de afastamento do poder “foi visivelmente manipulado”, na medida em que não houve algum crime de responsabilidade durante o seu Governo.

Do ponto de vista de Dilma Rousseff, os argumentos utilizados para o seu afastamento poderiam ser considerados como “irregularidade administrativa”, que poderiam merecer uma advertência, mas nunca o ‘impeachment’. Indicou ainda que as mesmas medidas governativas também foram utilizadas por governos brasileiros anteriores, sem maiores consequências.

Também o secretário-geral do PCP e outros dirigentes comunistas receberam na sede nacional do partido, em Lisboa, a ex-presidente do Brasil expressando-lhe solidariedade face à destituição, que consideram um “golpe de estado”.

Jerónimo de Sousa, segundo um comunicado do PCP, manifestou a “posição solidária” do seu partido, bem como de “denúncia e condenação do autêntico golpe de estado que representou a sua ilegítima destituição”.

Segundo os comunistas, tratou-se de uma “operação golpista dirigida contra o processo de sentido progressista e de afirmação soberana que teve lugar no Brasil desde 2003, com a eleição do presidente Lula da Silva”, antecessor de Rousseff.

O líder do PCP manifestou ainda apoio aos “comunistas e outros democratas, patriotas e progressistas brasileiros” e sua “resistência face à ofensiva contra os direitos, a democracia e a afirmação soberana do Brasil conduzida pelo governo golpista de Michel Temer”.

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