Em disputa acirrada, Dilma Roussef é reeleita presidente do Brasil

Mundo Lusíada

DilmaRoussef_BrasilNuma das eleições mais disputadas e mais debatidas no Brasil, o país chegou finalmente a um resultado das suas eleições para a Presidência da República de 2015. Com 99,97% das urnas apuradas, a atual presidente da República, Dilma Rousseff (PT), com 51,64% dos votos válidos, está reeleita para o cargo. O candidato Aécio Neves (PSDB) obteve 48,36% dos votos válidos.

A presidente foi reeleita em segundo turno neste domingo, 26 de outubro, junto com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o apoio da coligação formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PR, PP, PRB, PROS e PSD. No primeiro turno, Dilma ficou em primeiro lugar, com 43.267.668 votos (41,59% dos votos válidos).

Em discurso proferido em Brasília, a presidente reeleita agradeceu a todos os partidos coligados à sua campanha, à militância petista que a interrompeu várias vezes para ovacioná-la, e ao ex-presidente Lula da Silva, sendo muito saudado pelos presentes. Em seu pronunciamento, Dilma Roussef declarou que uma das primeiras ações de sua nova gestão será a reforma política, tratando do assunto através de plebiscito, além de citar a importância do diálogo e o combate a corrupção através de leis que pretendem acabar com a impunidade. “Conclamo, sem exceção, a todas as brasileiras e todos os brasileiros para nos unirmos em torno do futuro da nossa pátria e do nosso povo” declarou.

A presidente anunciou também medidas a serem tomadas acerca da economia do país: “Promoverei com urgência ações localizadas em especial na economia, para retomarmos nosso ritmo de crescimento, continuar garantindo níveis altos de emprego e assegurando também a valorização dos salários”, disse.

Mineira de Belo Horizonte, Dilma Rousseff, tem 66 anos, é economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem uma filha e um neto. Filha de um imigrante búlgaro e de uma professora do interior do Rio de Janeiro, Dilma viveu em Belo Horizonte, capital mineira, até 1970, onde integrou organizações de esquerda, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi presa em 1970 pela ditadura militar e passou quase três anos no Presídio Tiradentes, na capital paulista, onde foi torturada.

Urnas

A divisão no resultado das eleições presidenciais refletiu-se nos estados. Das 27 unidades da Federação, a candidata do PT venceu em 15 e o candidato do PSDB, Aécio Neves em 12. Dilma venceu nos estados de Alagoas, do Amazonas, do Amapá, da Bahia, do Ceará, do Maranhão, de Minas Gerais, do Pará, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí, do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte, de Sergipe e do Tocantins. Os melhores resultados foram obtidos no Maranhão (78,76%), no Piauí (78,29%) e no Ceará (76,75%).

Aécio Neves ganhou a disputa no Distrito Federal e nos estados do Espírito Santo, de Goiás, de Mato Grosso do Sul, de Mato Grosso, do Paraná, de Rondônia, de Roraima, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo. Os estados que mais deram vantagem ao tucano foram Santa Catarina (64,59%), São Paulo (64,31%) e Acre (63,86%, com resultado parcial).

No estado natal dos dois candidatos, Minas Gerais, Dilma derrotou Aécio, com 52,41% dos votos e Aécio, com 47,59%. De um universo de 15,2 milhões de eleitores, a petista venceu o tucano por uma diferença de 550,5 mil votos. Embora nascida em Minas, Dilma começou a carreira política no Rio Grande do Sul. No estado, onde tem domicílio eleitoral, a presidente obteve 46,47% dos votos, contra 53,53% do adversário. Em um colégio de 8,4 milhões de eleitores, Aécio venceu Dilma por 455 mil votos de diferença.

No exterior, quase 142 mil brasileiros votaram para presidente da República no segundo turno das eleições. A abstenção, assim como no primeiro turno, continuou alta: 59%. O candidato Aécio Neves teve 77% dos votos dos brasileiros que vivem fora do país, enquanto Dilma Rousseff teve 23%.

Imprensa Europeia

O português Público trouxe no título ‘A “eleição da mudança” deu afinal a reeleição a Dilma Rousseff’. Segundo o jornal, a mais imprevisível e emocionante corrida presidencial do Brasil terminou com a vitória da candidata do PT, partido que terá 16 anos consecutivos de governo.

O jornal britânico The Guardian estampou uma foto de militantes petistas comemorando os resultados da eleição presidencial e diz que a década de dominação de partidos políticos de esquerda na América do Sul se mantém com a vitória do PT no Brasil.

O espanhol El País relembra a trajetória de Dilma Rousseff e sua luta contra um câncer em 2009, e chama a petista de “a presidenta com caráter”. O diário enfatiza a pequena margem de diferença entre ela e o candidato adversário, Aécio Neves (PSDB), e diz que “um país dividido será mais difícil de governar”.

O Le Monde, da França, traz uma foto de Dilma Rousseff durante seu primeiro discurso após a divulgação dos resultados e observa que a presidente reeleita defendeu o diálogo e a união. O jornal enfatiza a divisão do país entre esquerda e direita, diz que o PT teve sucesso na redução das desigualdades sociais existentes no Brasil, mas que, com as mudanças no cenário internacional, não conseguiu sustentar o crescimento econômico.

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