Custo de vida em Lisboa ainda é menor que na cidade de São Paulo

A afirmação é do advogado Miguel Reis, que estima o custo de vida em Portugal, apesar da crise, em torno de 50% abaixo do custo de vida no Brasil. No mercado das especulações, ele acha tendenciosas as análises de rating pelas famosas agências e diz que as Bolsas são “grandes cassinos”.

 

Lisboa. Foto: Rodrigo Sene/Mundo Lusíada

 

Por Odair Sene

O Mundo Lusíada conversou com o Dr. Miguel Reis, titular da MRA Advogados, um grande escritório com presença em Portugal, no Brasil e na Índia. A crise econômica na Europa, os critérios das análises de risco por agências de ratings como a Moody’s, a real situação da crise em Portugal, foram assuntos com mais relevância.

Em suas análises, aspectos que envolvem interesses econômicos em diferentes mercados, têm tendências duvidosas, as quais podem favorecer determinados mercados em detrimento de outros.

Miguel Reis

Portugal, por exemplo, tem se mantido, segundo essas agências, em posição de risco bem desfavoráveis, complicando a confiança na capacidade econômica. Por conta disso o Dr. Miguel Reis diz que Portugal vive um momento de reflexão, como consequên-cia (ainda) da crise de 2007/2008, após a falência do Lehman Bro-thers, que foi um banco de investimento e provedor de outros serviços financeiros, com atuação global, sediado em Nova Iorque, que até declarar concordata, fez negócios no ramo de investimentos de capital venda em renda fixa, negociação e gestão de investimento. Seu negociante principal era o tesouro americano no mercado de valores mobiliários.

 

“O mundo todo está pagando as asneiras que os operadores financeiros fizeram nas bolsas. Estamos pagando as dívidas contraídas do sistema financeiro e os buracos que este sistema abriu”, garante.

No entanto Miguel diz que nem tudo é negativo. “Há um aumento da recessão, aumento do desemprego, mas na Europa, nomeadamente em Portugal, existem mecanismos de proteção social, seguros e, portanto, a situação não é tão grave como em Es-panha. No Brasil (teoricamente numa situação melhor), temos muito mais mendigos nas ruas do que em Portugal. Não há, nem de longe, quadros como os que aqui (no Brasil) vemos, de pessoas dormindo nas calçadas. Há então aspectos extremamente positivos, como por exemplo quanto aos preços nos supermercados que baixaram, ao contrário do Brasil, onde eu estimo numa relação entre São Paulo e Lisboa, um custo de vida 50% mais caro aqui do que em Portugal”, disse lembrando de uma recente reclamação por parte de uma autoridade econômica por conta de um mercado que vendia um quilo de arroz por 28 centavos de euro, no Brasil o produto não custa menos que R$ 2 reais o quilo.

“Mas Portugal tem outras coisas funcionando muito bem, como o sistema de saúde tendencialmente gratuito. Tem (por exemplo) um curso de engenharia em Portugal, na Universidade de Évora, com anuidade na ordem de 850 euros, incluindo até o alojamento. Hoje um cidadão na chamada idade madura (terceira idade) que queira viver em Portugal, compra uma casa ou apartamento no Estoril, por exemplo, por 250 mil euros e tem lá o sistema de saúde bom, que no Brasil paga-se caríssimo num plano de saúde equivalente”, referiu Miguel Reis dizendo ainda que, além disso, Portugal mantém-se como um excelente destino turístico.

Sobre as agências de rating que analisam e muitas vezes rebaixam a capacidade financeira de um país, ou de uma instituição, o advogado acha que foram justamente essas agências que conduziram a crise, “eles erraram tudo e nunca previram a crise, isso é propaganda para amortecer a opinião pública no sentido de fazer com que os cidadãos aceitem pagar as dividas do sistema financeiro. Portugal pagou só no rombo do Banco BPN, entre 5 a 8 milhões, então nós portugueses temos pago os rombos do nosso sistema financeiro, que ao fim das contas, foram abertos (os rombos) por este grande cassino que são as Bolsas”.

Finalmente Miguel Reis disse que acha tendenciosas as análises de rating, e como exemplo citou a Alemanha que, na proporção é o país mais endividado. Enquanto a dívida de Portugal é de cerca de 120% Pib, a dívida alemã é de cerca de 185%, entretanto a Alemanha continua a ter rating “A”, sendo que na realidade sua condição está muito semelhante a da Grécia.

No geral, o advogado Miguel Reis quis passar a idéia de que Portugal tem sim problemas sócio econômicos, é inegável, porém tem boa estrutura interna e boas possibilidades de se resolver em um tempo razoavelmente curto. Cabe aos atuais administradores públicos zelarem pelos interesses internos com a seriedade que a situação exige.

3 Comments

  1. Alguns pequenos erros que não sei se são meus ou do meu amigo Odair…
    Por regra não uso a lógica dos percentuais que é enganosa.
    Na comparação dos portugueses com os alemães, o que eu quis diz é que a divida per capita de um português é de apenas 12.500 euros enquanto cada alemão deve mais de 95.000 euros.

  2. Não entendi o “ainda” no título… Torna todo o conteúdo da notícia um pouco ridículo/menos credível assumir no título uma coisa tão improvável como a do custo de vida de Lisboa alguma vez chegar ao de São Paulo…

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