Após prisões na investigação de vistos gold, ministro português pede demissão

Mundo Lusíada
Com Lusa

O ministro português Miguel Macedo esteve acompanhado do Embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Telles.
O ministro português Miguel Macedo em sua visita ao Brasil, acompanhado do Embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Telles.

O ministro português da Administração Interna, Miguel Macedo, anunciou em 16 de novembro que pediu a demissão do Governo, aceito pelo primeiro-ministro.

Numa declaração lida no Ministério da Administração Interna, Miguel Macedo considerou que a sua autoridade enquanto governante ficou diminuída com o envolvimento de pessoas que lhe são próximas nas investigações da Operação Labirinto, que visam alegados casos de corrupção na atribuição de vistos ‘gold’.

O governo anunciou a substituição no cargo pela antiga diretora do Centro de Estudos Judiciários, Anabela Maria Pinto de Miranda Rodrigues, 60 anos, professora catedrática da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que dirigiu entre 2011 e 2013, e vai ser a primeira mulher a estar à frente do Ministério da Administração Interna.

O PSD considerou que Macedo revelou “imensa dignidade” ao demitir-se, por entender que tinha a sua autoridade diminuída. “É, sublinho, uma atitude que revela uma imensa dignidade da parte do doutor Miguel Macedo”, declarou o vice-presidente do PSD e deputado José Matos Correia, em declarações aos jornalistas, na sede nacional do partido, em Lisboa.

Questionado se o PSD considera que há outros ministros que têm a sua autoridade diminuída, Matos Correia acusou a oposição, em especial o PS, de misturar “alhos com bugalhos” e recusou-se a fazer comparações: “A situação do doutor Miguel Macedo foi gerada por um caso concreto, uma circunstância de que todos temos conhecimento. Não tem nenhuma relação com outro tipo de situações que dizem respeito a outros membros do Governo”.

O social-democrata manifestou “confiança na capacidade do primeiro-ministro” para decidir sobre a composição do executivo PSD/CDS-PP na sequência da demissão de Miguel Macedo. “Sempre que houve necessidade de substituir membros do Governo, o presidente do partido e primeiro-ministro fê-lo com sabedoria e com eficácia”, defendeu.

Matos Correia assinalou que a Procuradoria-Geral da República comunicou “não estar em curso nenhuma investigação visando nenhum membro do Governo nem estar em causa qualquer suspeita sobre membros do Governo”.

Depois, deixou “uma palavra de merecido elogio” ao trabalho de Miguel Macedo à frente do Ministério da Administração Interna, considerando que atuou com “seriedade”, com “capacidade de gerar diálogos” e sempre com “autoridade”.

Segundo o vice-presidente do PSD, as situações de “outros membros do Governo, relativamente aos quais há discordância do PS e de outras forças política quanto à forma como têm atuado e quanto às políticas que têm implementado” e o caso de Miguel Macedo “são coisas que não são misturáveis, que não são confundíveis e é lamentável que tentem fazer essa confusão nesta altura”.

Oposição
O BE afirmou que a demissão do ministro da Administração Interna comprova a necessidade de extinguir os vistos ‘gold’ e insistiu que Paulo Portas deve “responder por uma medida” que apenas trouxe “negócios escuros” ao país.

“Achamos que a saída do ministro Miguel Macedo é normal em democracia e era esperada, o que só contrasta, para vergonha da ministra da Justiça e do ministro da Educação, com outras demissões que ficaram por fazer”, considerou, em declarações à agência Lusa, o dirigente bloquista Jorge Costa.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, exigiu que seja apurada “toda a verdade, independentemente das consequências”, sobre os vistos ‘gold’, acusando o Governo de ter uma “indesmentível responsabilidade política” nesse processo. “Não exigimos julgamentos e condenações apressadas, mas exigimos clarificação e apuramento de toda a verdade, independentemente das suas consequências”.

Também o PS considerou que a lucidez do ministro da Administração Interna ao pedir a demissão do cargo contrasta com a “falta de lucidez” do primeiro-ministro e de outros governantes, como os ministros da Justiça e Educação. “Essa falta de lucidez política transmite-se a outros membros do Governo, que também não têm condições políticas para exercer as suas funções, casos dos ministros da Educação [Nuno Crato] e da Justiça [Paula Teixeira da Cruz]”, disse além de citar também o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

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