“Crise econômica contribuiu para aumento da obesidade infantil em Portugal”

Da Redação
Com Rádio ONU

O time de futebol de Portugal posa para foto com crianças de Opalenica no Centro de Treinamento Opalenica, Polônia, 23 JUnho 2012. MARIO CRUZ / LUSAO Conselho de Segurança Alimentar e Nutrição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Consan-Cplp, está preocupado com os índices de obesidade infantil em Portugal.

Em Roma, a entidade buscou trocar ideias com outros países sobre programas para garantir nutrição adequada. A representante do Consan acompanhou na capital italiana as reuniões que precedem a Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição.

Em entrevista à Rádio ONU, Joana Fonseca Paiva destacou que o aumento da obesidade entre crianças portuguesas passou a ser notado após a crise econômica de 2008-2009.

“As pessoas começaram a reduzir os custos que tem na alimentação, começaram a comer cada vez pior, e isto tem vindo a refletir na forma como está a nutrição e a alimentação em Portugal. Temos, por exemplo, mais da metade das crianças portuguesas com obesidade. Portanto é uma questão importante também ouvirmos aqui e tentarmos levar para Portugal algumas ideias de forma a evitar esta situação.”

Joana Fonseca Paiva fornece alguns exemplos sobre mudanças concretas que os portugueses têm feito na hora de escolher o que levar à mesa.

“Fast-food, comidas enlatadas, comidas muito práticas. O peixe e a carne estão cada vez mais caros, portanto as pessoas tentam a reduzir desta forma. Há famílias que não têm dinheiro para comer, portanto só fazem uma alimentação por dia. As crianças que vão à escola aproveitam a alimentação escolar para ter uma refeição saudável, porque em casa não têm.”

Segundo a representante do Consan-Cplp, a entidade deve criar um grupo de trabalho com outros representantes dos países de língua portuguesa para discutir as políticas que serão adotadas na Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição.

Conferência global
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, calcula que 2 bilhões de pessoas no mundo têm déficit de nutrientes adequados, como ferro, zinco e vitaminas.

Cerca de 200 representantes da sociedade civil estiveram reunidos na Universidade Roma Tre, num pré-encontro que antecede a conferência global.

Durante cinco dias, a capital da Itália transformou-se no centro internacional dos debates sobre as várias faces da nutrição inadequada. Foram mais de 2,2 mil participantes, incluindo ministros da Saúde e da Agricultura.

A Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição ocorreu 22 anos após a primeira reunião, porque para FAO, os números atuais são alarmantes: o mundo tem 2 bilhões de pessoas sem receber vitaminas e minerais essenciais, mas 1,4 bilhão está acima de seu peso ideal.

A fome é um sofrimento diário para mais de 800 milhões de indivíduos e o número de obesos nunca foi tão alto: 500 milhões. E como reduzir esses casos? As propostas vieram de representantes do setor privado, da sociedade civil e de  governos. Os países lançaram um Quadro de Ação, um conjunto de 60 medidas para reverter as três causas da malnutrição: fome, falta de nutrientes e obesidade.

O secretário de Estado da Alimentação de Portugal, Nuno Vieira e Brito, afirmou que seu país quer e está no caminho de alcançar a auto-suficiência alimentar em 2020. Já o Ministro da Saúde do Brasil, Arthur Chioro, disse à Rádio ONU que a conferência reafirma compromissos já estabelecidos pelo país. “Já expressos nas políticas governamentais, que traz o tema da malnutrição, não só o tema da desnutrição e da fome, mas também do sobrepeso e da obesidade, do direito das pessoas a uma alimentação saudável, do direito à produção de alimentos.”

Angola dedica US$ 250 milhões de seu orçamento para projetos de agricultura familiar, segundo afirmou à Rádio ONU o Ministro da Agricultura, Afonso Canga. “Temos que continuar com mais investimento no setor da agricultura. E também outra lição é que nós estamos num mundo em que as mudanças climáticas são uma realidade. Então temos que ter consciência que devemos produzir numa perspectiva de sustentabilidade. Veremos se daqui mais alguns anos, não precisemos de umas outras conferências para começarmos a tratar a questão da nutrição.”

Para a FAO, a fome também é uma questão moral, o que levou a agência da ONU a convidar o líder da Igreja Católica a participar da conferência. Ao discursar para delegações de quase 170 países, sua santidade o Papa Francisco pediu aos líderes mundiais que não se esqueçam dos famintos.

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