Por Odair Sene
Com cinco jogos de antecedência, a Portuguesa vai, pela primeira vez em sua história, disputar a Série C por rebaixamento. Em jogo realizado na noite de terça feira, 28 de outubro, no Estádio dos Amaros, em Itápolis, interior de São Paulo, a Portuguesa foi mais uma vez derrotada, sem muitas dificuldades pelo Oeste por 3×0. Com este resultado, a Lusa está matematicamente rebaixada, sendo a primeira vez que o time do Canindé disputa a terceira divisão em 94 anos de história. Agora resta cumprir tabela. Seu próximo confronto será contra o Luverdense, em casa.
O final de 2013 foi crucial para a saúde do clube, que começou a definhar após o conhecido e fatídico julgamento no STJD. O ano de 2014 começou tumultuado e com nova diretoria. Os vexames do ano novo começaram logo com a chegada do novo presidente que declarou não ter perspectivas para o ano, principalmente pela falta da recita da TV.
Logo no primeiro jogo, de estréia na Série B, a polêmica foi criada quando a equipe abandonou o campo diante do Joinville, começava ali a sequência de derrotas. A campanha foi tão ruim, que a Lusa teve mais treinadores do que pontos nas primeiras 33 rodadas, somando até ali apenas três pontos mas já com vários treinadores passados pelo clube. Ninguém, nem o salvador Vagner Benazzi teve condições de trabalho.
Já no final do mês de outubro, a temporada é tão desastrosa que a Lusa conseguiu somar nada menos que quatorze rodadas sem vitória, superando a marca negativa de 12 em toda sua história. Este número é tão negativo, que o clube amarga mais um rebaixamento com cinco rodadas de antecedência.
A torcida da Portuguesa, inconformada, posta em redes sociais, centenas de mensagens de protesto contra principalmente a diretoria. Não apenas à atual, mas a anterior do Manuel da Lupa, visto por todos como o principal responsável pela decadência. Outro, um dos pivôs do imbróglio jurídico de 2013, o meia Héverton curiosamente, completou seus 29 anos de vida justamente no dia do rebaixamento da Lusa para a Série C, no ultimo dia 28. Héverton atualmente no Paysandu, subiu para a segundona do Brasileiro no seu novo clube.
Em uma recente entrevista concedida ao site da Gazeta.Net, Héverton fez um comentário curioso sobre a Portuguesa: “Gostaria muito que eles voltassem para onde deveriam, para a Série A. Não deveriam ter saído dali. Mas, no futebol, existe muita coisa que acontece fora de campo que os torcedores nem imaginam. E… Às vezes, os torcedores cobram os jogadores e se esquecem de que o clube hoje em dia é uma empresa, comandada por dirigentes. São eles que tomam as decisões, muitas vezes com cabeças totalmente diferente das nossas.”
Administração
Ilídio Lico surgiu como um opositor que teria descoberto no último ano da gestão de Manuel da Lupa (que administrou o clube por nove anos), irregularidades do presidente, como a transferência de dívidas nominais com o Banif para a Associação Portuguesa de Desportos. A postura foi mantida às vésperas da eleição, até que, surpreendentemente, anunciaram que seria montada uma chapa única, com membros das duas gestões.
O atual presidente chegou ao clube em janeiro de 2014, como uma esperança de renovação e planejamento. No entanto o que se percebe é um grupo de diretores que pouco acrescenta, uma mistura de situação com oposição, já velhos conhecidos e nada de planejamento por falta de capacidade, de criatividade e de recursos. O resultado é a Série C.
Sem atitudes tomadas, o clube desce ladeira a baixo desde o fatídico julgamento de 2013. Lico não teve cota de televisão, o clube se afundou em dívidas, responde por várias irregularidades na Justiça, no futebol só neste ano o clube teve: Guto Ferreira, Argel Fucks, Marcelo Veiga, Silas, Vágner Benazzi, José Augusto, enfim, foram vários treinadores e nenhum deu conta.
O clube tem obrigações trabalhistas com os funcionários que há dias chegaram a anunciar greve, paralisaram até o pagamento dos salários do mês, além deles, os 48 jogadores recebendo salários com os conhecidos atrasos vivem na mesma situação dos funcionários. Fora outros escândalos envolvendo pagamento para diretor mediante escalação de determinado atleta.
Num quadro desses, extremamente grave, a idéia brilhante foi trazer um hipnólogo para ser o salvador, o que acabou sendo motivo de várias matérias em várias mídias com muito mais sentido humorístico do que outra coisa. Segundo várias publicações na imprensa esportiva, o tal hipnólogo se quer recebeu pelo tempo que trabalhou.
Hoje ao que parece, a única e melhor saída vista pelo clube seria a união com algum investidor ou clube. Independentemente do que acontecer, o presidente Ilídio e sua diretoria não tem mais a confiança dos torcedores e provavelmente nem do Conselho. Com ele no comando em 2015, a vida segue sem perspectiva.