Mesquita e Filó: dois destaques lusos!

Quadro com uma das primeiras equipes de futebol da Lusa, datado de 1920, onde se vê de branco o goleiro Mesquita, primeiro convocado da Lusa para a seleção brasileira.
Quadro com uma das primeiras equipes de futebol da Lusa, datado de 1920, onde se vê de branco o goleiro Mesquita, primeiro convocado da Lusa para a seleção brasileira.

A Portuguesa sempre foi reconhecida por ser um dos times que mais forneceram jogadores para atuar na Seleção Brasileira de Futebol. Ao longo de seus quase 94 anos de história a Lusa teve cerca de 33 jogadores que atuaram pela seleção canarinho em jogos oficiais.

Neste momento de Copa do Mundo, onde todas as atenções se voltam para o Brasil na esperança de conquistar o hexacampeonato mundial vale a pena voltar no tempo e lembrar a saga do primeiro campeão brasileiro em um mundial da FIFA e do primeiro atleta luso a ser convocado para a seleção brasileira.

A Lusa ainda engatinhava no futebol, e mesmo assim já tinha um representante na seleção canarinho, Mesquita. Defendendo as redes lusitanas desde a fundação do clube, o goleiro era um dos remanescentes da equipe do Mackenzie que se somou à Lusa nos seus primeiros anos para a disputa do campeonato paulista.

Devido ao destaque de suas boas atuações pelo time luso, Mesquita foi o primeiro atleta da Portuguesa a servir a seleção brasileira em 1922, durante a disputa da Copa Rocca. Na ocasião, o goleiro disputou a taça de campeão enfrentando a Argentina, em jogo disputado no Parque Antarctica. Ainda com a seleção, Mesquita levantaria o caneco da taça Rodrigues Alves, desta vez diante do Paraguai, também no ano de 1922.

Mesquita atuaria ainda pela Lusa até o ano de 1924 disputando ao todo 72 jogos pela equipe.

Após a primeira atuação lusa na seleção brasileira, um fato inigualado estava por vir. A Portuguesa enfrentava muitas dificuldades para se manter no cenário futebolístico brasileiro e ainda não contava com uma grande equipe. Porém, se o brilho era pouco ostentado em seus atletas, a vontade e a garra para levar adiante a ideia de um clube que representasse as duas nações era maior. Foi desse sonho que um ponta-direita, descendente de italianos e portugueses despontou como o primeiro campeão brasileiro em uma copa do mundo. Sim, este era Anfilóquio Guarisi Marques, ou simplesmente Filó.

Filho do segundo presidente da história da Lusa, Manoel Augusto Marques (1921/1923), Filó começou sua carreira na Portuguesa no ano de 1922, mais aproximadamente no jogo de número 27 da história do clube; um amistoso entre Portuguesa e Minas Gerais, time tradicional da cidade de S. Paulo. Na Lusa foi conquistando seu espaço ao longo dos anos até se destacar em 1924, conquistando com o time rubro verde o primeiro caneco da história do clube, a taça Joaquim Morse, e marcando cinco gols em uma única partida, jogo disputado contra o Braz Atlético e fato que foi recorde na história do clube até 1959 quando Servílio anotou 6 gols na vitória de 9 a 3 contra a Portuguesa Santista. Foi ainda no ano de 1924, que Filó disputaria sua última partida pela cruz de avis após partida contra o Sírio em 14 de dezembro.

Depois de sua passagem pela equipe da Portuguesa, Filó aparece no ano seguinte no quadro do Paulistano, uma das equipes mais fortes do futebol brasileiro da época. Por lá Filó participou das famosas excursões que o clube do Jardim América realizou pela Europa, onde se consagrou como os Reis do futebol pela imprensa francesa. Ainda pelo ano de 1925, Filó estrearia com a camisa canarinho em um jogo disputado contra o Paraguai e que acabou com vitória brasileira por 5 a 2. Ao todo, o ponta realizou quatro partidas pela seleção nacional.

Com o Paulistano, Filó conquistou três campeonatos paulistas antes de se transferir para a equipe do Corinthians, onde atuou de 1929 até 1931 quando se transferiu para a equipe da Lazio da Itália. Em terras italianas, o brasileiro que por ser filho de mãe italiana, pode se naturalizar e defendeu a esquadra azurra no segundo campeonato mundial de futebol. Conhecido na Itália como Anfilogino Guarisi, Filó participou apenas do primeiro jogo da equipe italiana em uma vitória massacrante de 7 a 1 contra os Estados Unidos. A Itália, com uma campanha incontestável de 5 jogos, todos vitoriosos, foi consagrada a grande campeã de 1934.

Anos mais tarde, após se tornar um ídolos do time da Lazio, Filó voltaria para o Brasil onde atuaria por mais dois anos no Corinthians, até encerrar sua carreira vitoriosa na equipe do Palestra Itália em 1940.  Ao todo, com a camisa rubro verde, Filó realizou 50 jogos, sendo destes, 16 vitórias e anotado 21 gols.

*Everton Calício, 28 anos é pesquisador, memorialista e estudante de jornalismo. Participa como colaborador do Museu Histórico “Dr. Eduardo de Campos Rosmaninho” da Associação Portuguesa de Desportos.

 

Por Everton Calício
Da LusaNews. Estudante de jornalismo, pesquisador e memorialista Diretor do Museu Histórico da Associação Portuguesa de Desportos.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: