Fifa: Blatter vai recorrer da suspensão por 90 dias imposta pelo Comitê de Ética

Mundo Lusíada
Com Lusa

Fifa_JosephBlatterO presidente demissionário da FIFA, Joseph Blatter, vai recorrer da suspensão por 90 dias que lhe foi imposta pelo Comité de Ética do organismo que rege o futebol mundial, segundo os advogados do dirigente suíço.

“Em resposta aos pedidos de esclarecimento de vários órgãos de comunicação social, podemos confirmar que solicitamos procedimentos adicionais ao Comitê de Ética e apresentamos um recurso no Comitê de Apelo” da FIFA, indica o comunicado divulgado pelos advogados de Blatter.

Além de Blatter, o Comitê de Ética da FIFA suspendeu também por 90 dias o secretário-geral do organismo, Jérôme Valcke, e o presidente da UEFA, Michel Platini, bem como o sul-coreano Chung Mong-Joon, por um período de seis anos.

Blatter e Platini – que é candidato a suceder ao suíço na presidência da FIFA, nas eleições marcadas para 26 de fevereiro de 2016 – foram suspensos em consequência da implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.

O comunicado emitido na quinta-feira pela Comissão de Ética da FIFA indica que as suspensões provisórias impostas aos três dirigentes entram em vigor de imediato e podem ser prolongadas, desde que esse período adicional não exceda 45 dias.

Na base das decisões estão os inquéritos que decorrem no próprio Comitê de Ética da FIFA, ainda que vários outros responsáveis do organismo estejam também a ser investigados pelas autoridades suíças e norte-americanas.

Em 25 de setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, que foi interrogado na qualidade de suspeito, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança.

Platini foi ouvido na qualidade de testemunha e acabou por ser implicado no processo, por, alegadamente, ter recebido de Blatter um pagamento ilegal, feito “em prejuízo da FIFA”, no valor de dois milhões de francos suíços (perto de 1,8 milhões de euros).

As autoridades suíças informaram que existe ainda “a suspeita que Joseph Blatter violou os seus deveres fiduciários” para com a FIFA, ao ter assinado com a CONCACAF um contrato para a cedência dos direitos de transmissão televisiva dos Mundiais de 2010 e 2014 por valores muito abaixo do preço de mercado.

“Sistema podre da FIFA”
A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) exigiu uma renovação profunda daquilo a que designou de “sistema podre da FIFA” e algo que vá além da suspensão temporária dos seus dirigentes.

“Todo o sistema da FIFA, que mantinha as confederações e os seus líderes felizes, com enormes quantidades de dinheiro, está podre. A simples substituição de pessoas não resolve o problema. É hora do apito final”, considerou a presidente da APCE, Anne Brasseur.

A máxima responsável do órgão parlamentar do Conselho da Europa fez uma analogia com o jogo e disse que a FIFA deveria receber o mesmo tratamento que os futebolistas, receber um cartão vermelho, de expulsão, por acumulação de amarelos.

“A FIFA tem recebido muitos cartões amarelos durante muito tempo. É o momento de ver o cartão vermelho”, disse.

A APCE já havia instado a FIFA a adotar uma gestão transparente nas tomadas de decisões, nomeadamente na área de atribuição de contratos comerciais de direitos televisivos, venda de bilhetes ou promoção.

Nesta sexta-feira, o governo suíço aprovou a extradição para os Estados Unidos de Costas Takkas, antigo secretário-geral da Federação de Futebol das Ilhas Caimã, detido em maio passado na sequência do escândalo de corrupção na FIFA.

Costas Takkas, que também desempenhou funções de adjunto do presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF), tem 30 dias para recorrer da extradição para o Tribunal Penal Federal.

Takkas está detido preventivamente desde 27 de maio, dia em que foi detido em Zurique, juntamente com outros seis dirigentes da FIFA

O justiça suspeita que Takkas, em nome da CONCACAF, pediu e aceitou subornos de vários milhões de dólares de uma sociedade norte-americana, tendo em vista a atribuição de direitos televisivos de encontros de qualificação para os Mundiais de 2018 e 2022.

A FIFA foi abalada por um escândalo de corrupção em maio, a dois dias da reeleição de Blatter, num processo aberto pela justiça dos Estados Unidos e que levou a acusações a 14 dirigentes e ex-dirigentes.

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