Centenas de pessoas prestaram homenagem a Eusébio no Estádio da Luz

O cortejo fúnebre que acompanha a urna com os restos mortais da antiga glória do futebol português, Eusébio da Silva Ferreira, passa junto ao estádio da Luz durante a cerimônia de Concessão de Honras de Panteão Nacional em Lisboa, 3 de julho de 2015. STEVEN GOVERNO/LUSA
O cortejo fúnebre que acompanha a urna com os restos mortais da antiga glória do futebol português, Eusébio da Silva Ferreira, passa junto ao estádio da Luz durante a cerimônia de Concessão de Honras de Panteão Nacional em Lisboa, 3 de julho de 2015. STEVEN GOVERNO/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

Cerca de duas centenas de pessoas estiveram em 03 de julho junto ao Estádio da Luz, em Lisboa, para prestar uma última homenagem a Eusébio da Silva Ferreira, cujos restos mortais são trasladados para o Panteão Nacional.

O cortejo fúnebre teve início às 15:15, com a saída da urna do antigo internacional português do cemitério do Lumiar em direção ao Seminário da Luz, onde decorreu uma missa privada, tendo daí seguido para o Estádio da Luz, onde vários adeptos aguardavam.

Eram 16:45, de Lisboa, quando o carro funerário parou junto a uma das portas que dão acesso ao estádio, onde já estavam presentes os membros da direção do Benfica, entre os quais o presidente Luís Filipe Vieira. A paragem durou quatro minutos, durante os quais se ouviu e entoou o hino do clube, mas também muitas saudações por parte dos presentes, que quiseram prestar uma última homenagem ao ‘pantera negra’.

Ao longo do percurso alguns populares iam aplaudindo a passagem do cortejo, que passou também pelo parque Eduardo VII, onde o caixão passou do carro funerário para uma charrete, dirigindo-se posteriormente para a sede da Federação Portuguesa de Futebol e para a Assembleia da República.

Eusebio_RestosMortaisO Panteão Nacional recebe os restos mortais de Eusébio, antigo futebolista do Benfica e da seleção e símbolo do desporto português, que morreu em 05 de janeiro de 2014, de insuficiência cardíaca, com 71 anos. Pouco mais de um ano após a sua morte os deputados de todos os grupos parlamentares aprovaram por unanimidade, em 20 de fevereiro, o projeto de resolução a conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de Eusébio, o primeiro desportista a merecê-las.

O cortejo fúnebre tem chegada prevista ao Panteão Nacional, na Graça, depois de passar pelo Seminário da Luz, Estádio da Luz, Campo Grande, praça Marquês de Pombal, alto do Parque Eduardo VII, sede da Federação Portuguesa de Futebol e Assembleia da República.

Eusébio é a 12ª personalidade portuguesa a ter honras de sepultamento no Panteão Nacional, onde figuram os restos mortais de importantes personalidades do país, entre outros os escritores Almeida Garrett, Aquilino Ribeiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, os políticos Manuel de Arriaga ou Sidónio Pais, ou a fadista Amália Rodrigues.

Cerimônia
O Presidente português destacou que o futebolista “é, verdadeiramente, uma figura nacional”, no discurso da cerimônia junto ao Panteão Nacional, “muito acima das querelas e das controvérsias” que marcam o quotidiano. “Eusébio é, verdadeiramente, uma figura nacional”, vincou Cavaco Silva, depois de se associar, “com profunda emoção”, à decisão unânime da Assembleia da República de conceder honras de Panteão Nacional ao antigo internacional português.

Durante o discurso do Presidente da República, ouviram-se, ao longe, alguns assobios e gritos de protesto. Cavaco Silva reiterou que o atleta que se notabilizou no Benfica “foi das personalidades mais cativantes” que conheceu na vida, pois “encarava com surpreendente humildade a grandeza do seu gênio”.

“Eusébio da Silva Ferreira é um traço de união entre os portugueses, mas também no mundo lusófono. Pude testemunhar o carinho com que foi recebido em Moçambique, na sua terra natal”, recordou ainda Cavaco.

Cavaco Silva, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e o primeiro-ministro, Passos Coelho, assinam entretanto o “termo de sepultura”, antes de se ouvir novamente o “A Portuguesa”, agora executada pela banda da Guarda Nacional Republicana.

Uma referência incontornável
No dia da trasladação de Eusébio para o Panteão Nacional, a FPF – Federação Portuguesa de Futebol evoca a memória do “King” através dos testemunhos de quatro personalidades que também fazem parte da historia do futebol português.

“A forma como Eusébio é recordado por todos não inclui apenas o que o tornou conhecido em todo mundo – os seus gols e as suas jogadas geniais – mas também a forma única que exibia no trato, através de uma simplicidade contagiante” divulga a FPF.

O Presidente da Federação, Fernando Gomes, fez questão de se associar à ocasião e demonstrar o seu apreço por um dos grandes “embaixadores” portugueses no mundo: “A sua forma de ser e de estar era conhecida, sempre representou Portugal de uma forma espetacular”, afirmou.

Humberto Coelho, vice-presidente da FPF, enaltece a universalidade que Eusébio veio trazer ao futebol português: “O Eusébio representou Portugal no Desporto, no futebol, como ninguém. Ele foi, de fato, uma figura incontornável do mundo do futebol. Isso fez dele um dos melhores jogadores do Mundo, um dos maiores embaixadores – especialmente da língua portuguesa, da paixão dos portugueses, dos emigrantes, onde o Benfica ou a Seleção Nacional iam jogar, o Eusébio cativava milhares e milhares de portugueses, deu-lhes alegrias e isso foi fundamental num período muito bom do futebol nacional.”

João Vieira Pinto, diretor da FPF, partilhou muitos momentos com o “King” e não esconde o sentimento de gratidão por aquilo que Eusébio fez no início da sua carreira desportiva: “O Eusébio, para além de grande referência que foi no futebol português, para mim e para muitos como eu foi também um amigo. Privei muitas vezes com ele, deu-me muitos conselhos, foi das primeiras pessoas que me ajudou no Benfica e todos nós sabemos que quando se tem o carinho de uma referência como foi o Eusébio, tudo fica mais confortável. O Eusébio deu-me a mão, ajudou-me, aconselhou-me, e por isso tenho uma grande admiração por ele e jamais o esquecerei”.

O técnico da seleção, Fernando Santos, disse que acompanhou a carreira de Eusébio desde o início. “Em 1973 pude participar com ele nos treinos porque nessa altura eu estava nos quadros do Benfica. Conviver com ele e, portanto, ver mais de perto o que era o Eusébio da Silva Ferreira…não só nessa componente técnica e na sua qualidade ‘per si’ de jogador, mas também na sua aptidão para o treino. Era uma coisa fantástica (…). Tive o privilégio de ser seu amigo durante muitos anos, partilhar a sua mesa e as suas conversas e aí marcou-me muito a sua maneira de estar, a sua humildade. Não tenho só admiração pelo jogador, mas pelo homem também.”

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