Visita oficial: Cúpula Brasil-Portugal integra comemorações dos 450 anos do Rio

Governador Luiz Fernando Pezão recebe o Ministro de Relações Exteriores de Portugal, Rui Machete. Foto Marcelo Horn
Governador Luiz Fernando Pezão recebe o Ministro de Relações Exteriores de Portugal, Rui Machete. Foto Marcelo Horn

Da Redação

O governador Luiz Fernando Pezão recebeu, na manhã do dia 05, o ministro de Relações Exteriores de Portugal, Rui Machete, para tratar de projetos que intensifiquem a relação comercial entre o Rio de Janeiro e o país, durante sua visita oficial ao Brasil.

Pezão e Machete discutiram investimentos na construção civil, saneamento básico e no setor de fármacos; oportunidades para Portugal nas Olimpíadas e acertaram a realização de uma cúpula luso-brasileira em comemoração aos 450 anos do Rio de Janeiro.

Integraram a comitiva em visita ao Palácio Guanabara, além do ministro Machete, o Embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles, o Cônsul-geral de Portugal no Rio, Nuno de Mello Bello, e o Diretor-geral de Política Externa do Ministério das Relações Exteriores, Francisco Duarte Lopes.

“A tendência é que a relação com Portugal ganhe ainda mais relevância. É um país muito importante que já mantém investimentos no nosso estado e quer fortalecer essa parceria, além de aproveitar as oportunidades que o Rio de Janeiro tem a oferecer” afirmou Pezão.

O governador apresentou à comitiva portuguesa o programa de parcerias público-privadas (PPPs) que tem foco nas áreas de saneamento, mobilidade e tecnologia. O objetivo é dar celeridade à melhoria dos serviços nas áreas eleitas como prioritárias para este ano.

“Do ponto de vista econômico, falamos da necessidade de ter um observatório das empresas que nos permita viabilizar o ambiente para os empresários, facilitar o diálogo, aproveitar as oportunidades que surjam e ter contatos mais frequentes do ponto de vista político” disse Rui Machete.

Desde 2007, empresas portuguesas anunciaram cerca de US$ 2 bilhões de investimentos para o Rio de Janeiro, principalmente nos setores hoteleiros e de energia. De acordo com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), 112 empresas fluminenses exportaram o equivalente a US$ 500 milhões para Portugal, em 2014.

Brasil e Portugal acordaram a realização da Cimeira bilateral ainda este ano, que terá ainda um grupo de estudos do Observatório de Comércio e Investimentos Brasil-Portugal. A anterior cimeira decorreu em Portugal em 2013 e o novo encontro irá ter lugar no Brasil.

Investimentos
O ministro português destacou, no almoço na sede do Sistema FIRJAN, no Centro do Rio, que as relações político-diplomáticas entre Portugal e o Brasil passam por dinâmica econômica crescente. Segundo ele, na intenção de aumentar o crescimento do comércio e investimento bilateral, os dois governos lançam o “Observatório do Investimento”, mecanismo que permitirá avaliar as oportunidades, acompanhar e superar os entraves entre empresas portuguesas que investem no Brasil e vice-versa.

A autoridade portuguesa e sua comitiva foram recepcionadas pelo vice-presidente da Firjan Carlos Mariani Bittencourt que citou o avanço no intercâmbio comercial entre o país luso e o Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos. “Percebemos a relevância do intercâmbio comercial entre Portugal e o Estado do Rio, que cresceu 171% em 2014 em relação ao ano anterior, evidenciando a robustez de nossa parceria apesar de resultados modestos no passado recente, ocasionados pela recessão global de 2008-2009”, afirmou Carlos Mariani.

O vice-presidente do Sistema FIRJAN lembrou ainda que o prédio da entidade acolhe a Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, uma das mais antigas representações comerciais lusa no mundo, e parceira no evento em homenagem a Rui Machete. O almoço foi organizado pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) que, nos últimos 20 anos, promoveu encontros entre a Firjan e 27 missões portuguesas, além de enviar 12 missões empresariais fluminenses a Portugal.

Para uma plateia de cerca de 60 empresários lusos e brasileiros, Rui Machete destacou que o governo português promoveu recentemente um amplo conjunto de reformas estruturais, preparando o país para melhor responder às exigências de uma economia aberta, voltada para as exportações e para a atração de investimentos. “Portugal tem corrigido os desequilíbrios estruturais na economia, deixando para trás o período de recessão, o que se traduziu num crescimento de investimentos de 5,2% em 2014, a maior taxa nos últimos 15 anos. Conforme os órgãos internacionais, Portugal deve crescer 1,5% em 2015 e 2% no ano seguinte”, acrescentou o ministro.

Rui Machete enumerou uma série de fatores de atratividade para o empresário brasileiro em Portugal: localização geoestratégica com a Europa e forte ligação com a África, acesso ao mercado europeu, moderna rede de infraestrutura, qualificação dos recursos humanos, custos competitivos e qualidade de vida.

Greve: Imagem de Portugal
Durante sua deslocação ao Rio, o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que a greve na TAP afeta o prestígio da companhia e a imagem de Portugal enquanto destino turístico, pedindo “bom senso” aos pilotos para o futuro.

“A greve tem sido um insucesso do ponto de vista daquilo que os sindicatos medem. O número de voos realizados tem sido bastante superior aos não realizados”, mas “o prejuízo do ponto de vista do prestígio da companhia, do pessoal e o risco que faz correr é grande”, afirmou à Lusa Rui Machete no Rio de Janeiro.

“Esperamos que o bom senso venha mais tarde a reganhar o predomínio nas mentes dos pilotos da TAP”, acrescentou o governante, que teme consequências desta greve para o futuro da própria companhia. Rui Machete disse esperar que, “no que diz respeito ao processo de privatização, não haja consequências particularmente graves, mas algumas poderá haver, não vale a pena ter ilusões a esse respeito”, salientando que o tema tem sido objeto de conversas com responsáveis brasileiros.

Os interlocutores “estranharam como é que uma companhia que presta serviços tão relevantes e que tem vindo a ganhar projeção pode ser tão gravemente prejudicada por uma greve que eles não percebem bem as razões porque foi lançada, além do propósito um pouco mesquinho: ‘é mais uns cobres'”, explicou o governante português.

Por outro lado, esta greve cria um problema de imagem, com “a importância que a TAP tem para o Brasil” e “para o bom nome de Portugal como país hospedeiro em que o afluxo turístico brasileiro tem vindo a crescer”, acrescentou Rui Machete.

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