TAP quer “destruir aeroporto Francisco Sá Carneiro” e beneficiar Lisboa

Mundo Lusíada
Com Lusa

Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto. Foto Reprodução: RTP
Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto. Foto Arquivo Reprodução: RTP

O presidente da Câmara do Porto acusou nesta quarta-feira a TAP de ter em curso uma estratégia para “destruir o aeroporto Francisco Sá Carneiro”, com vista a construir em Lisboa “um novo aeroporto e uma nova ponte”.

“A estratégia da TAP é um insulto à cidade do Porto e uma tentativa de destruir o aeroporto para construir um novo aeroporto, uma nova ponte e uma nova Expo [em Lisboa]. Isto é um problema de regime. Temos sido uns carneiros e temo-nos iludido com promessas sucessivas. O TGV vai acabar por ser Lisboa-Madrid. A terceira ponte [sobre o Tejo] é um grande objetivo do regime”, afirmou Rui Moreira.

O autarca, que falava durante a reunião camarária pública, prometeu não desistir da “guerra séria” para que a TAP, agora detida em 50% pelo Estado, restabeleça as rotas que anunciou suspender a partir do aeroporto do Porto, nomeadamente para Roma, Milão (Itália), Bruxelas (Bélgica) e Barcelona (Espanha).

“Esta é uma guerra séria. Vamos continuar. Não é ainda o momento de inverter a estratégia. A TAP, neste momento, não presta um serviço estratégico ao país. Não é o interesse da TAP que está a ser privilegiado. É o interesse da White [companhia privada] Iremos fazer uma marcação à zona. Vamos continuar neste processo”, assegurou.

Na terça-feira a Câmara do Porto acusara a TAP de ter decidido “discretamente” descontinuar o voo noturno entre Lisboa e Porto, que servia de ligação para os passageiros que vinham de voos de médio curso, a partir da Europa.

“Este voo, operado pela própria TAP, com aviões Airbus A319 e A320, tinha lugar às 22h35 e viajava sistematicamente lotado”, sublinhou a autarquia, em comunicado enviado à Lusa.

A transportadora aérea portuguesa, que anunciou recentemente uma ‘ponte aérea’ entre Lisboa e Porto a partir de março, data em que descontinuará vários voos de médio curso europeus a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, “não anunciou publicamente a supressão deste estratégico voo TAP”, apontou Moreira.

A Câmara do Porto diz que “já é impossível marcar voos para abril nesse voo”, que terá sido descontinuado, mas um porta-voz da TAP disse desconhecer a supressão do voo das 22h35, afirmando que até 26 de março está a vigorar o horário de inverno sem estar prevista qualquer supressão.

Voos “a toda a hora”
A TAP divulgou hoje os horários da “ponte aérea” entre Lisboa e Porto a arrancar na Páscoa, 27 de março, com voos “a toda a hora”, incluindo a ligação noturna com partida às 22h25 da capital.

Em resposta, a transportadora aérea contrariou as informações da Cãmara e garantiu a manutenção desta ligação, com partida às 22:45 de Lisboa, durante o horário de verão. Em comunicado, este horário foi corrigido e o último voo entre a capital e o Porto sai da Portela às 22:25.

Segundo a TAP, na ligação “a toda a hora” entre as duas cidades será utilizada “uma frota composta por aviões ATR72 da TAP Express (que substitui a PGA), bem como Embraer190 e aviões Airbus da TAP da família A320, sempre que a procura o justificar”.

A frota ATR “será composta por aviões novos ou, no máximo, com cerca de um ano de antiguidade”, acrescenta. A “ponte aérea” terá partidas de Lisboa às 06:00, 07:00, 08:00, 09:00, 10:00, 11:00, 12:00, 13:00, 14:00, 15:00, 16:00, 17:00, 17:45, 18:00, 19:00, 20:00, 21:00 e 22:25.

Os aviões saem do Porto às 05:30, 06:30, 07:30, 08:30, 09:30, 10:30, 11:30, 12:30, 12:50 (às quintas e domingos), 13:30, 14:30, 14:50 (às 2ªs, 3ªs e 4ªs), 15:30, 16:30, 17:30, 18:30, 19:30, 20:15 (exceto quintas e domingos), 20:30 e 21:30.

“Desta forma, a TAP oferece aos seus passageiros um produto de qualidade equivalente ao existente em vários países (exemplos: Madrid/Barcelona, Rio/S. Paulo e Roma/Milão) ligando as duas principais cidades”, salienta.

A empresa assegura que estes horários “já estão integralmente disponíveis no sistema de reservas”.

O primeiro-ministro, António Costa, disse no sábado que o acordo para a reversão da privatização da TAP deixa o Governo com margem para intervir sobre a manutenção de uma base no Porto.

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