Reduzido empréstimo do governo ao BES e presidente do Novo Banco diz que depositantes estão protegidos

Mundo Lusíada
Com Lusa e agencias

MinistraFinancasMariaAlbuquerqueA ministra portuguesa das Finanças confirmou em 07 de agosto que foi aceito a proposta da banca e que o dinheiro da ‘troika’ que vai entrar no Fundo de Resolução para capitalizar o Novo Banco será reduzido para 3,9 bilhões de euros.

Na intervenção no parlamento, onde foi chamada para explicar a solução encontrada para o BES, Maria Luís Albuquerque disse que o empréstimo do Estado “neste momento se limitou a 3.900 milhões de euros”, uma vez que “os bancos se responsabilizaram por um montante superior” àquele que estava previsto.

Na noite de domingo, o Banco de Portugal tomou controle do BES e anunciou a separação da instituição num banco mau (‘bad bank’), que concentra os ativos e passivos tóxicos, e num ‘banco bom’, o chamado Novo Banco, que reúne os ativos e passivos não problemáticos, como o caso dos depósitos, e que receberá uma capitalização de 4,9 bilhões de euros do Fundo de Resolução bancário.

O Fundo de Resolução bancário, que vai capitalizar o Novo Banco, foi criado em 2012 para intervir financeiramente em bancos em dificuldades, aplicando as medidas determinadas pelo Banco de Portugal. Este fundo é financiado pelas contribuições regulares dos mais de 80 bancos com atividade em Portugal e por contribuições extraordinárias em caso de crise num banco em particular.

No entanto, como este fundo é recente, ainda não está suficientemente dotado, dos 4,9 bilhões de euros com que o fundo vai capitalizar o Novo Banco, a parcela mais significativa virá do dinheiro da ‘troika’ para o setor financeiro, através de um empréstimo com um juro que começa em 2,95%.

Inicialmente, estava previsto que do dinheiro da ‘troika’ fossem colocados 4,4 bilhões de euros no Fundo de Resolução, que se juntariam aos 367 milhões de euros que o fundo já tem, a que seria acrescentada uma contribuição extraordinária dos bancos do sistema de 133 milhões de euros. No entanto, os bancos propuseram na terça-feira financiar este fundo com 635 milhões de euros, que se juntam aos 367 milhões de euros de que o fundo já dispõe, totalizando a contribuição da banca os 1.000 milhões de euros.

Segundo a ministra das Finanças, se o Novo Banco for vendido por um valor inferior ao empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução, caberá aos bancos pagar esse montante. “Mesmo que o Fundo de Resolução esteja nas contas públicas por uma questão estatística, a responsabilidade pelas dívidas do Fundo de Resolução cabe ao sistema financeiro” declarou.

Quanto à capacidade de os bancos reembolsarem este empréstimo, a ministra das Finanças disse que “o sistema financeiro português tem seguramente capacidade para resolver no seu seio um problema que aconteceu num banco”. Maria Luís Albuquerque afirmou ainda que o Estado não ficou com ações do Novo Banco porque não quis, defendendo que, desta forma, não poderá ser chamado a pagar eventuais prejuízos da instituição

Novo Presidente
O presidente executivo do Novo Banco, Vítor Bento, afirmou dia 07 que este está “mais forte, mais seguro” do que na sexta-feira e sublinhou que os depositantes “estão protegidos”.

Vítor Bento falava ao jornal da noite da SIC, na sua primeira entrevista depois de ter assumido a liderança da instituição. “Os depositantes estão protegidos, podem continuar a confiar no Novo Banco”, sublinhou o gestor.

Vítor Bento disse que uma das suas missões à frente da instituição é conseguir que os clientes “mantenham a confiança” e destacou que a maioria dos depositantes “continua fiel” à entidade que resultou do antigo BES. Sobre os depositantes que saíram do BES, Vítor Bento acrescentou que “não são suficientemente impactantes” para o Novo Banco.

“Temos de tornar o banco rentável, criar mecanismos de geração de receitas”, afirmou, sublinhando que a capitalização do Fundo de Resolução bancário que a entidade vai receber “é suficiente” para a dimensão do balanço.

Vítor Bento adiantou que vai apresentar um plano de reestruturação, sem avançar com detalhes, e que haverá “redimensionamento do banco”, mas isso terá de “ser visto com os próprios ‘stakeholders'”, além de admitir a possibilidade de reduzir o número de balcões e de trabalhadores.

O gestor do Novo Banco, a parte boa do antigo BES onde ficaram os depósitos, garantiu que a instituição vai continuar a emprestar dinheiro às empresas. “Vou continuar a financiar aquilo que é viável”, disse, escusando-se a responder como será a relação do banco com os clubes de futebol ou se irá vender a participação na Portugal Telecom (PT).

Investidores
O Banco de Portugal também quer que seja desencadeado, nas próximas semanas, o processo para atrair investidores privados para o capital social do Novo Banco.

Carlos Costa foi ouvido no Parlamento dia 07 e, na intervenção inicial, repetiu o que já tinha dito, no domingo, quando, na primeira comunicação em quatro anos de mandato, justificou o resgate ao BES. Segundo ele, será feita uma auditoria pela consultora PwC aos ativos, passivos e elementos extrapatrimoniais transferidos do BES para o Novo Banco.

“O novo banco tem uma quota significativa do mercado financeiro português. Tem condições para continuar a afirmar-se e valorizar-se no mercado. Há condições para reestruturar a sua estrutura acionista”, afirmou Carlos Costa, que considerou que assim poderão ser atraídos investidores que já tinham mostrado interesse em entrar no capital do BES antes de serem conhecidos os prejuízos no primeiro semestre.

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