PT/Oi: Políticos querem ouvir Paulo Portas e Zeinal Bava no parlamento português

Mundo Lusíada
Com agencias

OiPT_PortugalTelecomO Partido Comunista Português defendeu em 13 de outubro que “o país não pode deixar que se liquide definitivamente a Portugal Telecom como grande e estratégica empresa nacional de telecomunicações” e quer explicações do vice-primeiro-ministro, dos ministros das Finanças e da Economia, e de Zeinal Bava.

“Há que travar a estratégia exterminadora do capital privado para a venda da PT. O Governo pode e deve opor-se a tal desfecho e criar as condições para garantir a PT como empresa de capitais nacionais, sob controle público, que coloque o setor das telecomunicações ao serviço do povo e do país”, afirmou Agostinho Lopes, do Comitê Central do PCP.

Em conferência de imprensa em Lisboa, Agostinho Lopes anunciou que os comunistas apresentaram na comissão parlamentar de Economia um requerimento para a realização de audições com o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, o ministro da Economia, Pires de Lima, os presidentes da CMVM e da ANACOM e de Zeinal Bava.

Além dos pedidos de audição, o PCP apresentará um projeto de resolução recomendando ao Governo “a urgente suspensão de qualquer negócio de titularidade da PT, inclusive tendo como referência a posição do Novo Banco”.

Agostinho Lopes anunciou que o projeto de resolução recomendará também “o estabelecimento de negociações com o governo brasileiro relativamente à evolução da composição acionista PT/Oi” e a “criação pelo Ministério da Economia de uma estrutura destinada a acompanhar toda a evolução da situação, e para criar condições à defesa da PT como grande empresa nacional de telecomunicações sob controle público”.

O grupo francês Altice manifestou interesse em comprar a PT Portugal. Na última passada, a Oi anunciou ao mercado que Zeinal Bava, um dos rostos do processo de fusão entre a PT e a Oi, tinha pedido a demissão da presidência da empresa brasileira.

O gestor, que tinha assumido a presidência da Oi em junho de 2013, quatro meses antes do anúncio da fusão das duas operadoras, sai do cargo ainda no rescaldo do efeito dominó provocado pelo investimento de cerca de 900 milhões de euros da operadora portuguesa em papel comercial da Rioforte, do Grupo Espírito Santo (GES), de que a empresa nunca foi reembolsada.

BE exige intervenção do Governo
Também o coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo defendeu que o Governo tem os instrumentos suficientes para travar uma venda que “degrade ainda mais o valor da PT” e que prejudique a economia nacional. “Nós o que achamos é que o Governo deve intervir nesta matéria salvaguardando o futuro do projeto econômico, industrial e tecnológico da PT porque isso é bom para a PT, para a economia nacional e para os seus trabalhadores”, afirmou João Semedo, no final da reunião em Lisboa.

Acompanhado pela deputada Mariana Mortágua, João Semedo sustentou que o Governo não pode “lavar as mãos” sobre o que se passa na PT e que as declarações “inflamadíssimas” do ministro da Economia, Pires de Lima, sobre a administração da empresa ao semanário Expresso “são uma forma de intervir”. Na altura, o ministro fez uma crítica dizendo que “a evolução da PT é o exemplo acabado e chocante de destruição de valor numa grande empresa nacional, que perdeu mais de 85% daquilo que era, como consequência da gestão de ter sido capturada por interesses próprios e interesses particulares de um acionista e ter sido extraordinariamente submissa a interferências políticas completamente irracionais do ponto de vista econômico”.

Considerando que o “descalabro” da empresa começou com a sua privatização, João Semedo destacou que a PT vale hoje 10% do que valia há sete anos, uma perda que tem responsáveis. “Não são apenas os administradores, mas são também os governos. O Governo não pode lavar as mãos porque este Governo é responsável sobretudo pelo momento que hoje vive a PT e a ameaça da sua venda, uma venda às mãos dos interesses especulativos financeiros”, afirmou.

Por seu lado, Francisco Gonçalves, da comissão de trabalhadores da PT, defendeu que “mais do que os nomes, mais importante do que quem compra ou não compra é o projeto industrial para a PT, onde devem estar incluídos os melhores técnicos de telecomunicações em Portugal, os trabalhadores da PT”.

Francisco Gonçalves admitiu não saber “ao certo” quais são os planos do acionista, a brasileira Oi, para a PT Portugal, manifestando no entanto confiança no futuro da empresa. Segundo o representante da comissão de trabalhadores, o presidente da PT Portugal transmitiu aos trabalhadores na semana passada que “continuam a trabalhar no plano para 2015”. “Mas ele não é o acionista, o acionista neste momento é a Oi no Brasil. Não sabemos ao certo o que é que a Oi quer fazer à PT Portugal”, disse.

Ações
As ações da operadora brasileira Oi  seguiam na praça brasileira a perder mais de 5%, penalizadas pelo anúncio da saída de Zeinal Bava. No dia 08, as ações da Oi recuavam 5,42%, liderando as perdas do principal índice da praça brasileira (IBOVESPA), o qual seguia em baixa de 1,39%.

Já a TIM Participações, operadora de telecomunicações do grupo italiano do mesmo nome, dada pelos mídia como interessada em comprar a Oi, seguia a deslizar 0,42%. No entanto, a TIM Participações esclareceu que contratou o banco brasileiro Bradesco para avaliar “alternativas estratégicas”, mas que estas “não constituem um mandato para a avaliação de uma oferta para a compra da Oi”, noticia o jornal italiano Corriere della Sera.

Em agosto, a Oi contratou o banco de investimento brasileiro BTG Pactual para estudar uma eventual compra da TIM Participações, refere o Corriere della Sera, recordando que o Brasil é um mercado bastante competitivo no setor das telecomunicações.

Por sua vez, a operadora de origem mexicana America Movil já se manifestou interessada em fazer uma parceria com a Oi para fazer uma oferta sobre a TIM, participada da Telecom Italia.

A imprensa tem avançado que a TIM está a analisar uma proposta para comprar a Oi, embora até à data o grupo italiano tenha negado tal intenção. A compra da Oi iria fortalecer a posição da TIM no Brasil, num mercado altamente competitivo e em fase de consolidação.

Porém, a operadora brasileira ainda tem de ultrapassar o braço-de-ferro com a empresária angolana Isabel dos Santos sobre a Unitel. De acordo com o jornal brasileiro Folha de São Paulo, Isabel dos Santos “criou mais um problema financeiro” para a Oi, que pretende vender a sua participação na Unitel em África para reduzir o endividamento.

Diante de tanta informação, a Oi divulgou comunicado em 14 de outubro assumindo compromisso com a PT nesta “jornada”. Numa carta enviada aos colaboradores, assinada pelo presidente interino da Oi, Bayard Gontijo, e pelo presidente executivo da PT Portugal, Armando Almeida, a que a Lusa teve acesso, os dois executivos salientam que a missiva visa “reforçar o comprometimento da gestão da Oi e da PT Portugal na superação dos desafios” que estão colocados.

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