PSD acusa PS de ter deixado a recessão e PS acusa governo de ter traído compromissos

Mundo Lusíada
Com agencias

Passos Coelho e Paulo Portas. Foto MIGUEL A. LOPES/LUSA
Passos Coelho e Paulo Portas. Foto MIGUEL A. LOPES/LUSA

O presidente do PSD e primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, associou os socialistas a um regresso do FMI e avisou que está “com muita força”. “Aqueles que pensam que estivemos de faxina para lhes facilitar o regresso, estão enganados. Nós não estivemos de faxina, nós estamos há quatro anos a preparar o futuro de Portugal, não é o regresso ao passado do socialismo em Portugal”, declarou Passos Coelho, num jantar comício da coligação PSD/CDS-PP, no Centro de Congressos de Lisboa.

“E aqueles que pensam também que, por isso, nos esgotámos, que estamos cansados, que não temos uma ideia para futuro, podem pensar isso para sua autossatisfação, mas preparem-se bem, porque aqui mora muita força, muita determinação, muitas ideias e muito futuro para Portugal. Viva Portugal”.

Antes, Passos Coelho pediu “condições para governar” mais quatro anos, sugerindo que o regresso do PS ao poder conduzirá a um novo pedido de resgate ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “O pior que pode acontecer a um país é a chamada política do ioiô, ora vai para baixo, ora vem para cima, ora se chama o FMI, ora se estimula o consumo e a procura interna para voltar a chamar o FMI passados mais uns anos. Essa política não é uma política que respeite os portugueses, que respeite a velha nação que nós somos, não é uma política que garanta aos jovens e a todos os portugueses o futuro digno que eles merecem”, afirmou.

Também o líder do CDS-PP, Paulo Portas, dirigiu-se a António Costa, pedindo-lhe que “não insulte a inteligência” nem “despreze o sofrimento” dos portugueses, argumentando que foi o PS que “deixou a recessão”. “Um resgate daqueles só podia ter trazido uma recessão daquelas. Doutor António Costa, não insulte a inteligência dos portugueses nem despreze o sofrimento de tantas famílias”, afirmou Paulo Portas.

O presidente centrista e vice-primeiro-ministro defendeu que “foi o governo do PS que chamou a ‘troika’, foi o governo do PS que pediu o resgate, foi o governo do PS que assinou o memorando e foi o governo do PS que deixou a recessão”, disse Portas frisando que foi a dívida pública que “desgraçou” o país em 2011.

“Senhor secretário-geral do maior partido da oposição, a causa do resgate chama-se dívida pública. Os socialistas em cinco anos aumentaram a dívida pública de pouco mais de 60% do PIB para 110% do PIB. Agora, voltam a querer pôr a dívida pública 10 pontos acima do que o Governo entende ser prudente”, prosseguiu Portas, dirigindo-se a Costa.

“Sabendo que enquanto há déficit tem de haver dívida para financiar o déficit e tendo-nos deixado um déficit superior a 10%, pode ter a caridade de nos explicar que austeridade teria feito nos salários, nas pensões, na despesa social para reduzir o déficit de 10% que deixou para 0% de um instante para o outro”, questionou.

Autárquicas 2013: António Costa do PS festeja vitória em Lisboa, 29 de Setembro. Foto: ANDRE KOSTERS/LUSA
António Costa Foto: ANDRE KOSTERS/LUSA

PS: Compromissos
Na noite do dia 10, o secretário-geral do PS afirmou que há entre os socialistas uma “onda de mudança” e disse que a coligação PSD/CDS está “na prisão” por se ter enganado e por ter traído o eleitorado.

António Costa falava num jantar comício do PS no pavilhão da Ajuda, em Lisboa, em que os lugares disponíveis foram insuficientes para todos os simpatizantes e militantes socialistas que se encontravam presentes e que criaram um ambiente eufórico, interrompendo com frequentes salvas de palmas o discurso do seu líder.

O secretário-geral do PS iniciou a sua intervenção com alusões ao debate televisivo que quarta-feira à noite travou com Passos Coelho: “É para mim uma enorme alegria ver o entusiasmo e a dinâmica desta onda que se está a levantar e é uma onda que vai fazer no dia 04 de outubro a mudança que Portugal merece”.

Com João Araújo, advogado de José Sócrates, na assistência, o líder socialista passou ao ataque ao estilo de discurso seguido pelo presidente do PSD no debate de quarta-feira à noite, em que se referiu por várias vezes ao ex-primeiro-ministro José Sócrates.

“Ao longo daquele debate ficou claro que há uma conclusão evidente: A coligação de direita está esgotada, é prisioneira do passado, a coligação de direita não tem uma ideia para o futuro”, disse. Mas António Costa foi mais longe ao dizer que a coligação PSD/CDS “está na prisão de se ter enganado e de ter traído os compromissos que assumiu com os portugueses”.

“Prometeu na última campanha eleitoral que não subia os impostos que subiu, não cortava as pensões que cortou e não cortava os salários que cortou. Traiu os seus compromissos, não merece confiança e os portugueses não perdoarão a traição à palavra dada”, declarou o líder socialista.

Num discurso que se seguiu ao do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, António Costa disse ainda que os partidos do atual Governo estão “prisioneiros” por terem ido além da ‘troika’ (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional), “destruindo muitos postos de trabalho e empresas que não precisavam de ser destruídos”.

Sobre o caso BES, o secretário-geral do PS lamentou que muitos lesados do Banco Espírito Santo (BES) tenham confiado nas palavras do Presidente da República, do primeiro-ministro e do governador do Banco de Portugal sobre o futuro do grupo.

O líder socialista deixou então uma advertência para cidadãos da classe média que possam sentir-se atraídos por transferirem para fundos privados parte das suas contribuições: “Temos o dever de dizer para não se meterem em aventuras àqueles que julgam que ganham liberdade ao poderem aplicar as suas poupanças nos fundos privados, valorizando-as na especulação financeira”.

A seguir, o secretário-geral do PS passou ao ataque político, depois de se referir “à aventura” daqueles que confiaram em alguns desses fundos de capitalização.

“Vejam bem a aventura em que se meterem aqueles que confiaram no Lehman Brothers ou no Grupo Espírito Santo (GES), aqueles que vemos hoje a chorarem e a baterem-se por terem perdido as suas poupanças, por terem confiado num governador do Banco de Portugal [Carlos Costa], num primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] e num Presidente da República [Cavaco Silva] que lhes disse que o grupo merecia confiança a poucas semanas de falir”, apontou o líder socialista, recebendo uma prolongada ovação.

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