Consórcio Gateway disponível para reforçar diálogo da TAP com Porto, primeira reunião já aconteceu

Mundo Lusíada
Com agencias

David Neeleman e Humberto Pedrosa em conferência de imprensa. Foto JOSE SENA GOULAO/LUSA
David Neeleman e Humberto Pedrosa em conferência de imprensa. Foto JOSE SENA GOULAO/LUSA

Depois de classificar a nova estratégia de rotas da TAP como “um insulto” à cidade do Porto e de ter acusado a empresa de “querer destruir” o Aeroporto Sá Carneiro, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, já se reuniu com Humberto Pedrosa, empresário que lidera o consórcio Gateway, dono da TAP.

De acordo com a Câmara do Porto, a reunião decorreu na noite de quinta-feira em Lisboa, a pedido de Pedrosa. Num comunicado, a autarquia refere que o teor das conversas não é conhecido, mas garante que Rui Moreira tem já agendadas mais reuniões para a próxima semana e, como prometeu, “não deixará a defesa dos interesses da cidade e da região”.

Segundo o ministro do Planeamento, o consórcio Atlantic Gateway está disponível para reforçar o diálogo com agentes econômicos e autarcas da região. Pedro Marques transmitiu esta informação aos deputados na Assembleia da República, durante um debate de urgência requerido pelo PSD sobre as alterações ao contrato de privatização da TAP, com as quais o Estado passou a deter 50% da empresa.

“Vejo com muitos bons olhos a disponibilidade que hoje mesmo o consórcio me manifestou de reforçar o diálogo com os agentes econômicos da região, com os autarcas da região a favor da TAP, a favor do serviço às portuguesas e aos portugueses”, declarou.

Antes, o governante disse que “o Porto continuará a ser uma base relevante das operações da TAP a partir de agora”, mas reiterou que o Governo não se irá “imiscuir nas decisões da comissão executiva relativamente às rotas ou às frequências”.

O ministro do Planeamento, Infraestruturas e Transportes remeteu para o Conselho Executivo da TAP a resposta à ameaça de boicote pelo presidente da Câmara do Porto na sequência de alterações de rotas que servem esta cidade.

O autarca do Porto tem sido muito crítico nas últimas semanas em relação à supressão de quatro voos de médio curso (Europa) da TAP de e para o Porto. Rui Moreira já admitiu apelar ao boicote da região à TAP, apelando à população para não voar pela companhia.

Para a próxima segunda-feira está já agendada uma reunião entre a administração da TAP e os autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP), que contará com a presença de Humberto Pedrosa e do presidente da comissão executiva da TAP, Fernando Pinto, para abordar esta questão.

Consumidor
Também a Associação de Defesa do Consumidor – DECO considerou “bastante preocupante” a supressão de voos da TAP a partir do aeroporto Sá Carneiro, no Porto, e pede que seja reponderada a estratégia para não não prejudicar os passageiros.

Em comunicado enviado à agência Lusa, em nome da delegação regional do norte da DECO, a associação sublinha que o aeroporto Sá Carneiro serve “uma região onde a mobilidade aérea tem uma enorme relevância na vida dos seus consumidores”.

“Seja por via do número de emigrantes que utilizam os voos para a Europa como ligação ao nosso país, seja por via das empresas exportadoras sediadas nesta região, seja pelo turismo, setores com forte impacto em termos de emprego na região norte de Portugal”, justifica a DECO.

De acordo com a associação de defesa do consumidor, a prova está nos números, lembrando que as taxas de ocupação de voos da TAP de e para Bruxelas, Milão (aeroporto de Malpensa), Roma e Barcelona rondam os 77% a 95%, com um universo aproximado, em 2015, de 190 mil passageiros.

“Estando os direitos dos consumidores à qualidade dos bens e serviços, à informação, à segurança e à proteção dos seus interesses econômicos constitucionalmente consagrados, a delegação regional do norte da DECO alerta para o impacto económico e social que a supressão destes voos poderá representar para os consumidores de toda a região norte de Portugal”, lê-se no comunicado.

Nesse sentido, a associação apela ao consórcio Atlantic Gateway, ao conselho de administração da TAP e ao Governo para reponderarem a estratégia, de modo a não prejudicar a mobilidade dos passageiros do norte do país, mas também com vista a valorizar a presença desses passageiros no Aeroporto Sá Carneiro no contexto dos voos de médio e longo curso.

A TAP anunciou a suspensão das ligações diretas do Porto para Barcelona (Espanha), Bruxelas (Bélgica) e Roma e Milão (Itália) a partir de 27 de março, alegando que estas rotas são deficitárias.

Rui Moreira ainda desafiou o Governo a dar ordens à TAP para restabelecer as ligações internacionais que a transportadora anunciou querer suspender. O Estado conseguiu reverter o processo de privatização da TAP e passou a deter 50%, em vez dos anunciados 34%, tendo que pagar 1,9 milhões de euros ao consórcio.

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