BdP: Objetivo dos bancos não é fazer lucro mas evitar crises

Da Redação
Com Lusa

O governador do Banco de Portugal disse esta terça-feira que os bancos centrais não têm como objetivo fazer lucro, mas cumprir o serviço público de prestar estabilidade financeira e econômica, evitando crises, e realçou a importância da independência nessa função.

Carlos Costa fez esta terça-feira o encerramento da conferência que o Banco de Portugal (BdP) organizou em Lisboa sobre gestão de risco nos bancos centrais, que contou com a participação de responsáveis de bancos centrais da União Europeia, com destaque para Yves Mersch, membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE).

À semelhança do discurso de abertura, na segunda-feira, o governador voltou a considerar que a gestão de risco feita pelos bancos centrais “é uma tarefa difícil”.

Carlos Costa afirmou que o que estes fazem é “equilibrar a ponte”, servir de força de compensação quando todas as forças do mercado vão para o mesmo lado.

“Ao fazer isso estamos a preservar a estabilidade sistêmica, o sistema econômico (…). No final do dia, entendemos que o papel dos bancos centrais é muito importante em prevenir uma profunda recessão com sacrifícios sociais”, afirmou.

Carlos Costa abordou ainda o tema dos lucros feitos pelos bancos centrais para considerar que esse não é o objetivo destes quando desempenham a sua função.

“Não fazemos gestão de risco para fazer lucro, estamos numa situação em que estamos a prestar um serviço público”, disse.

O governador do Banco de Portugal, que está no seu segundo mandato, disse ainda que “preservar a independência” do banco central é fundamental no cumprimento deste serviço público que presta.

Esta foi a referência desta terça-feira ao tema da independência dos bancos centrais, depois de declarações de Carlos Costa na segunda-feira terem sido mal recebidas no Ministério das Finanças.

Na abertura da conferência, ao apresentar Yves Mersch, membro da comissão executiva do BCE, o governador do Banco de Portugal destacou a importância de ter este luxemburguês à frente do departamento do BCE que tem a missão de assegurar a independência dos bancos centrais nacionais, considerando que Mersch tem sido um importante “aliado” nessa função.

“As tentações de reduzir a independência não são uma característica só dos países do Sul. (…) Onde está o tesouro, há sempre tentações de o tirar”, disse Carlos Costa, na segunda-feira, numa frase que motivou a reação negativa do gabinete liderado por Mário Centeno.

Em declarações ao jornal Eco e depois reafirmadas a outros órgãos de comunicação social, fonte oficial das Finanças disse que “nunca foi essa a postura como o Ministério das Finanças se relacionou com o Banco de Portugal” e afirmou esperar que o governador se “retrate”.

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